Uma pele perfeita, elástica e sem rugas é o sonho da maioria, se não de todas, das mulheres que persistem na esperança de que os avanços científicos fabriquem o derradeiro elixir da juventude. Quem não gostaria de poder avançar nos anos mantendo o viço e o brilho característicos dos 20?
A idade até pode ser sinónimo de sabedoria, concedemos, mas uma pele enrugada continua a ser encarada como algo imperfeito. Se bem que o Homem já tenha ido à Lua, continua sem criar uma poção mágica que evite o aparecimento das rugas. O envelhecimento é inevitável, mas é possível tentar retardá-lo. E nesta batalha a principal arma é a alimentação.
O GENE DA QUESTÃO
Uma compleição mais ou menos jovem e com mais ou menos rugas é, à partida, sobretudo uma questão genética. O tipo de pele e a estrutura óssea são características herdadas e dificilmente modificáveis. Apesar disso, uma alimentação deficiente pode provocar carências que se irão reflectir na epiderme, assim como uma exposição excessiva e descuidada ao sol ou ao vento são factores que aceleram o envelhecimento. Adoptar uma dieta rica em determinados nutrientes irá fornecer à pele os elementos de que esta necessita para se regenerar de forma mais eficaz e se proteger das ameaças exteriores. No fundo, é uma questão de maximizar o seu capital genético.
MISSÃO: PELE SAUDÁVEL
Encha o frigorífico com os alimentos certos e prepare-se para começar a rejuvenescer a partir de dentro. A influência da alimentação na aparência está longe de ser novidade nos dias que correm. “Os radicais livres e o stresse oxidativo são factores determinantes no processo de envelhecimento e no desenvolvimento de muitas doenças degenerativas associadas à idade”, explica a nutricionista Rita Fonseca e Silva, da Clínica Harmonia. O que se tenta fazer com a alimentação é atrasar o processo de oxidação celular. O segredo está em ingerir alimentos antioxidantes “através de uma dieta equilibrada, rica em frutas, legumes e cereais integrais, fornecendo ao nosso organismo nutrientes importantíssimos, como minerais, vitaminas e fitoquímicos (compostos das plantas), que actuam combatendo os radicais livres responsáveis pelo envelhecimento precoce”. É que se estes influenciam o funcionamento dos nossos órgãos, é natural que afectem desde logo o maior e o mais vulnerável de todos: a epiderme. As pessoas que se alimentam melhor, além de terem mais saúde, tenderão assim a ter peles mais bonitas.
Vários estudos têm confirmado estas teorias. Investigadores da Uni-versidade de Monash, na Austrália, por exemplo, analisaram o tipo de ali-mentação de 400 pessoas com mais de 70 anos, residentes na Austrália, Grécia e Suécia, e concluíram que as que faziam uma alimentação saudável (com vegetais, frutas, legumes, gorduras monoinsaturadas, grãos, chá e água) tinham não só um peso mais equilibrado como uma pele mais firme e lisa do que as adeptas de gorduras, lacticínios, carnes vermelhas, manteiga, batatas e açúcar refinado.
O QUE PODE FAZER
Com base em estudos deste tipo, foram formuladas inúmeras dietas por diversos especialistas. Uma das mais populares foi a divulgada pelo dermatologista americano Nicholas Perricone no livro ‘The Wrinkle Cure’ (‘Fim das Rugas’, na edição brasileira), em 2000, e que as estrelas de Hollywood ajudaram a popularizar. Na primeira versão, a dieta consistia na ingestão, durante três dias, de grandes quantidades de salmão, uma vez que este peixe (como a anchova e a sardinha) é rico em DMAE, o nome pelo qual a substância dimetilaminoetanol é conhecida e que tem, segundo aquele médico, efeitos espectaculares sobre as rugas. Mais recentemente, no livro ‘The Perricone Prescription’ (‘Rejuvenescimento Total’, na edição brasileira), o especialista diversificou a receita, incluindo exercícios, cremes anti-envelhecimento e suplementos alimentares, numa dieta que em 28 dias (o tempo do ciclo de renovação da pele) promete resultados visíveis.
A teoria deste dermatologista é que o processo de envelhecimento resulta de sucessivas inflamações nas células, provocadas por diversas substâncias tóxicas, sendo a principal o açúcar, e que uma alimentação rica em proteínas magras, verduras cruas, legumes, grãos e fruta atrasa este processo. Mais adiante poderá ver um exemplo de uma dieta baseada neste programa. Mas, independentemente de a seguir ou não, há coisas simples que pode fazer desde já. Siga os nossos conselhos.
Aposte nas proteínas magras. Diga adeus às carnes vermelhas e prefira carnes magras, como frango e peru (sem pele), e peixes como salmão, cavalinha, atum, sardinha, truta, tainha, bacalhau, cação, linguado e pescada branca. Além de terem poucas calorias, são ricos em ómega3. Consuma-os cozidos, grelhados ou assados em pouca gordura.
Opte por vegetais ricos em vitaminas. Brócolos, couve-de-bruxelas, couve-flor, cenoura, abóbora, espinafres, tomate, alho, cebola, aipo, alface, pimentão vermelho, feijão, espargos, abacates, cogumelos, abóboras, beringelas, couve, gengibre fresco e pepino são apenas alguns exemplos de vegetais cheios de vitaminas. Devem ser consumidos preferencialmente crus, ou então cozidos em pouca água ou no vapor.
Escolha frutas com poucas calorias. O consumo de fruta deve ser variado. “Apesar de toda a fruta conter açúcar sob a forma de frutose, cada tipo possui vitaminas específicas, sendo todas elas fundamentais na prática de uma alimentação equilibrada”, aconselha a nutricionista Rita Fonseca e Silva.
“Maçãs, pêras, laranjas limões, quivis, ameixas, melões e pêssegos têm, no entanto, um índice glicémico mais baixo, ou seja, o açúcar nelas contido é metabolizado de forma mais lenta, não provocando subidas súbitas de açúcar no sangue.” Prefira-as cruas e com casca e evite os sumos de fruta, que, pelo contrário, têm um índice glicémico alto e provocam uma subida repentina da glicose no sangue.
Prefira os grãos integrais. Aveia, cevada, feijões, lentilhas e soja são fonte de fibras. Consuma-os cozidos ou levemente tostados na frigideira.
Ingira muitos, muitos líquidos. A água deve ser ingerida em grandes quantidades, num mínimo de dois litros por dia, assim como o chá verde e as infusões, sempre sem açúcar. Quanto mais água ingerir mais hidratação assegura a partir de dentro e mais facilmente desintoxica o organismo de impurezas.
Tempere com ervas e especiarias aromáticas. Manjericão, erva-doce, hortelã, tomilho, açafrão, canela, colorau, louro… Sempre que possível, use ervas frescas, e só em último caso as versões desidratadas.
Cozinhe com gorduras mais saudáveis. Elimine os óleos alimentares da cozinha e passe a usar apenas azeite virgem nos cozinhados e temperos.
Renda-se aos fitoquímicos. Estas substâncias são produzidas naturalmente pelas plantas, para as proteger contra o meio ambiente. “Não sendo vitaminas nem minerais, não são essenciais à sobrevivência, mas contribuem para a nossa saúde, nomeadamente na prevenção de doenças graves, como as cardiovasculares ou o cancro”, esclarece Rita Fonseca e Silva.
Procure-os nas frutas cítricas, uvas escuras ou vermelhas, amoras, morangos, framboesas, legumes coloridos, sementes de soja, vinho tinto, cacau e chá verde.
Há substâncias que são especialmente importantes para a pele. Dizemos-lhe quais.
VITAMINA A. Essencial na formação e protecção dos tecidos e com efeito antioxidante. Está presente na gema de ovo, fígado e batata-doce.
VITAMINAS B. Importantes na manutenção da saúde da pele, unhas e cabelos, mucosas e sistema nervoso em geral. Estão presentes nos cereais integrais, gérmen de trigo, nozes e levedura de cerveja.
VITAMINA C. Previne a destruição das células por acção dos raios ultravioletas e ajuda a preservar a estrutura dos fibroblastos (fibras entrelaçadas da musculatura facial). Está presente nas frutas cítricas, morangos, cerejas e tomate.
VITAMINA E. Antioxidante, previne a destruição celular por via dos radicais livres. A sua acção é potenciada se ingerida com selénio. Está presente no gérmen de trigo, espargos e castanhas.
SELÉNIO. Ajuda a pele a proteger-se e a manter-se firme. Está presente na carne, no fígado e nos grãos integrais.
MAGNÉSIO. Actua na formação das proteínas e ajuda a evitar o relaxamento dos músculos.
BETACAROTENO. É uma substância precursora da vitamina A, essencial na formação e recuperação dos tecidos, encontrada nas cenouras, abóbora e vegetais de folha verde-escura.
ZINCO. Ajuda a combater os radicais livres. Está presente nas algas, ostras, leite e farelo de trigo.
LICOPENO. Fitoquímico com propriedades antioxidantes que actua na cicatrização. Está presente no tomate, morangos e melancia.
POLIFENÓIS. Fitoquímicos que evitam a formação de radicais livres e protegem os vasos sanguíneos, presentes nas uvas, vinho tinto, chá verde e ameixas.
ÓMEGA 3. Previne doenças cardiovasculares, protege a epiderme dos raios solares e tem influência na manutenção de um pH equilibrado. Está presente nos peixes gordos, no azeite e nos frutos secos.