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Foto: Carlos Ramos Produção: Gabriela Pinheiro

Diz que é “bastante tímido”, mas ninguém diria ao vê-lo chegar ao estúdio, bem-disposto e confiante, para a sessão fotográfica e entrevista. À frente da câmara, o cantor, 39 anos, vai conversando com quem está do outro lado, faz piadas. Chet Baker – um dos “clássicos de emergência” que tem sempre à mão – ouve-se ao fundo. É a música, aliás, que lhe faz brilhar os olhos quando fala dela e dos autores que admira e se tornaram amigos do peito. Falou connosco não muito longe da Rua da Emenda, que também é o título do seu mais recente álbum.

Já disse que este disco, ‘Rua da Emenda’, é o fim de um ciclo. Porquê? 
Porque acho que já fizemos tudo o que tínhamos a fazer com esta sonoridade. A minha grande influência na música, nesta fase, que começou em 2004 com o ‘Por Meu Cante’, é o João Gilberto. Começámos [a compor] como ele começou, com uma base de voz e guitarra. A partir dessa base fomos construindo alguma coisa. Nos discos que se seguiram, quer no registo em estúdio quer ao vivo, conseguimos atingir uma ‘estabilidade’ que me incomoda já. É preciso um bocadinho de caos.

Precisa de sair da zona de conforto?
Sinto necessidade de me desafiar permanentemente, fazer coisas novas, diferentes. O que poderá acontecer é voltar à base, construir outra coisa de início. Isso também depende dos discos que ouço, dos concertos a que assisto, dos livros que leio. Outros artistas acabam por influenciar muito aquilo que faço. Uma vez estive com o escritor Mário de Carvalho num programa de televisão e ele dizia que um escritor tem que ler tudo, mesmo o que é mau, para saber o que é mau. Eu tenho que ouvir de tudo também, o que é bom e o que é mau.

O público ainda consegue espantá-lo, pelas reações nos concertos?
Às vezes sim. Como em Viana do Castelo, onde toquei há pouco tempo: estavam 1900 pessoas no pavilhão Multiusos. Há dois ou três anos, dei lá um concerto num teatro muito bonito onde não estavam mais do que 20. Em Évora, no Teatro Garcia de Resende, aconteceu o mesmo: num ano estavam 10 ou 12 pessoas e no seguinte já tinha a sala esgotada. Isso espanta-me, mas deixa-me feliz.

Como é ouvir o Caetano Veloso a elogiá-lo e a dizer que a sua música “é de arrepiar e fazer chorar”?
Quando temos um tipo que idolatramos a falar assim de nós, sem nunca nos termos visto ou falado… deixou-me muito feliz. Mais tarde, ele foi assistir a um concerto meu no Rio de Janeiro, trocámos contactos, encontrámo-nos muitas vezes depois. Fiquei amigo do filho dele, o Moreno Veloso, que também tem um projeto musical muito interessante. 

E não se fica nervoso quando o Caetano está na plateia a assistir?
Nada do que tenha a ver com música me faz ficar nervoso. Se fosse assim com aquilo que gosto mais de fazer na vida, o que seria com as outras coisas? Tenho que desfrutar, estar sentado em palco com a máxima confiança porque é o que eu mais gosto. Até porque é o que de melhor posso dar às pessoas. 

Mas apesar de gostar tanto do Brasil, não se identifica muito com a expressão ‘país irmão’, não é?
Não, porque não faz sentido nenhum. Temos a mesma língua, mas em tudo o resto somos muito diferentes. Já houve alturas em que as culturas estiveram muito próximas. É difícil explicar, por exemplo, como é que o fado, o ‘choro’ e a morna, três géneros musicais distintos, têm tanto em comum, pertencendo a países tão distantes geograficamente. Mas gosto muito de tocar no Brasil, o público é muito caloroso. 

Para o ‘Rua da Emenda’ foi buscar grandes letristas: José Eduardo Agualusa, Pedro da Silva Martins, Samuel Úria, José Fialho Gouveia…
O Úria e o Fialho entraram agora pela primeira vez, os outros já vêm dos discos anteriores – o João Monge, a Maria do Rosário Pedreira, o Pedro da Silva Martins, o Miguel Araújo (com quem já faço música há 14 anos). São geniais. Tenho uma admiração muito grande pelo trabalho deles. Canto as coisas deles sem olhar, aceito as letras assim que chegam porque lhes reconheço um valor incalculável e porque sei que eles sabem daquilo que gosto. 

Revê-se nas palavras do José Fialho Gouveia, quando canta “só sei viver de ouvido” – ou segue mais a pauta?
Digo isso muitas vezes. Acho muito importante estudar música; estudei no Conservatório, fiz o curso de clarinete. Mas para aquilo que faço hoje, o que aprendi lá vale-me de muito pouco porque as coisas surgem mais por intuição. O tipo de música que fazemos é mais de improviso. Temos uma base, mas ela serve para que possamos desenvolver aquilo que achamos que devemos acrescentar. De outra maneira seria extremamente castrador tocar com os músicos com que toco. Na vida, acho que também sou assim. 

O quê e quem o inspira?
Gosto muito dos livros do José Eduardo Agualusa e do Gabriel García Marquez – quando leio os livros dele remete-me sempre ao universo da América Latina, da latinidade que me faz apaixonar cada vez mais por essa região, de ir para lá conhecer tudo. É como ouvir a Chavela Vargas cantar – é uma sensação que me dá vontade de conhecer aquilo tudo como conheço a minha terra, Beja. E com o Agualusa o mesmo em relação a África. É uma sensação muito agradável.

Tem saudades de quando cantava na casa de fados ‘Senhor Vinho’, da boémia fadista?
Tenho. Lá, a noite não acabava muito tarde – mais tardar, uma da manhã. Não fazia muitas noites de copos. Quando isso acontecia, normalmente bebia com o dono, o José Luís Gordo, quando ele estava de maré. É uma pessoa com quem sabe muito bem conversar até às tantas – com ele e com o poeta Mário Rainho. Foi com eles os dois que aprendi muito da história do fado, dos autores e poetas populares, dos fadistas que se mantiveram sempre na casa de fados e nunca saltaram para o ‘mainstream’, mas que são cantores inacreditáveis, que muito pouca gente conhece. Eram conversas muito giras porque me sentia a absorver tudo como uma esponja. Sinto saudades do que fazíamos lá, onde tocava com dois músicos fantásticos, o Paulo Parreira na guitarra portuguesa e o Rogério Ferreira na viola. Nunca tocávamos por obrigação, para ‘encher chouriços’, uma coisa que me afligia um bocadinho. Sentia que íamos fazer sempre experiências, coisas novas. Mas agora faço isso em palco. 

Em miúdo, em Beja, cantava entre amigos e família mas a sua revelação aconteceu num concurso. Ainda se lembra do que sentiu na primeira vez em frente ao público?
Foram os meus amigos que me inscreveram e, quando eu soube, pensei naquilo como mais uma noite de tertúlia. Nunca tinha cantado com guitarra nem em frente ao público. Não me lembro do que senti, já foi há mais de 20 anos. Provavelmente estava com os copos…

Com os copos, tão novo?
No Alentejo começa-se cedo (risos). Estou a brincar. Mas já devia ter bebido qualquer coisa.

Chegou a participar em algum grupo de cante alentejano?
Sim, em criança: tinha para aí uns 6 ou 7 anos. Num grupo que acho que ainda existe e se chamava Trigo Limpo. Chegámos a vir gravar um disco aos míticos estúdios da Valentim de Carvalho, em Paço de Arcos. 

Gostava de pegar mais no cante alentejano, nos próximos álbuns?
Inevitavelmente, ele vai estar sempre comigo porque, juntamente com o fado, faz parte das minhas primeiras memórias musicais. Foi a ouvir os fados e os cantes que eu comecei a ter vontade de aprender música, de ser cantor, de andar o dia inteiro a chatear a minha avó para me ensinar as letras para depois ir cantar com os velhotes. Haverá certamente um dia em que vou gravar um disco só de fados tradicionais ou de modas tradicionais alentejanas. Tenho alguma pena que o cante alentejano tenha ficado, nos últimos anos, à margem de outros coros polifónicos, porque há imensos festivais de canto polifónico em todo o mundo. Espero que isso mude com este reconhecimento da UNESCO e com o trabalho de campo que tem sido feito no Alentejo por muita gente, da criação de novos grupos a novo repertório – que acho muito importante para não se estar sempre a cantar aquilo que foi feito há 500 anos. 

O que há em si da alma alentejana?
Talvez a tranquilidade, que é uma coisa muito associada aos alentejanos. O Fernando Pessoa dizia isso num poema: “vejo menos mas vejo melhor”. Não tenho aquela ânsia de andar a correr e ver coisas só para dizer que vi. Prefiro ver menos mas ver melhor, ser tranquilo, respirar fundo. É uma das características dos alentejanos.

E o que é que adotou de Lisboa?
Principalmente esta zona do Chiado, Bairro Alto, onde morei sempre. Quando vim para Lisboa, encontrei uma água-furtada e caí aqui de paraquedas. Sempre vivi apaixonado por esta zona. Desço o rio, vou passear de bicicleta até Algés, faço caminhadas. É uma cidade apaixonante, talvez a mais bonita do mundo. É fácil ficar preso a ela. Vim para cá há 15 anos. No início, qualquer tempo livre que tinha, pegava no carro e ia para Beja. Hoje, já não. Estou a tentar inverter um pouco isso agora, mas houve uma fase em que só ia a Beja visitar as pessoas importantes para mim, e não para matar saudades da cidade e dos hábitos que tinha lá. Saio à noite em Beja e já não conheço ninguém. Os meus amigos já estão todos casados e com filhos.

Quais as coisas de que sente mais saudades em Beja?
Da comida da minha mãe, que é uma cozinheira fantástica, dos petiscos de alguns amigos. Agora gosto mais de estar nas aldeolas lá à volta, num ambiente mais rural. A cidade em si agora entristece-me. Aqui, em Lisboa, não temos tanta noção da crise como as pessoas no interior. Cada vez que lá vou noto mais uma loja fechada, mais um prédio que foi construído há pouco tempo mas que ninguém comprou. Vejo coisas que me envergonham enquanto português – uma autoestrada que começou a ser construída e foi abandonada. Vejo um aeroporto novo sem utilidade; uma estação sem comboios, coisas estúpidas para as quais não encontro explicação. Viajo pela Europa e vejo tudo cada vez mais próximo. O meu técnico de som mora a 400km de Paris e em 2 horas de TGV está lá. Aqui é ao contrário; está tudo mal pensado.

Nunca lhe apetece cantar sobre isso?
Não sei se cantar ajuda. Apetece-me pensar sobre isso e tentar explicar às pessoas que têm que se preocupar com o que se passa, informarem-se para depois votarem com consciência, que não se é de um partido como se é do Benfica ou do Sporting ou do Porto.

É pai de um rapaz de 16 e de outro de 4. Eles já o acompanham nestas coisas da música?
Já cantam ‘O Pica do 7’ juntos, o mais velho à viola e o mais novo a cantar. O João, o mais novo, é muito engraçado, está numa idade muito extrovertida; o Diogo, numa idade muito introvertida, mas agora começa a abrir-se. Está a passar de menino a homem. Tem um talento incrível, canta bem, toca muito bem guitarra mas é muito tímido. Gosta de mostrar a mim e já vai começando a tocar à frente dos amigos.

É fácil conciliar a agenda de músico com o ‘ofício’ de pai?
Não. Vou tentando o melhor que posso. Quando passo grandes temporadas fora, é complicado. Do início do ano até meio de fevereiro só estive com eles uma vez, depois de tanto tempo em tournée. 

O que gostava de lhes ensinar na vida?
Gostava que eles nunca fossem preconceituosos, que fossem sempre descontraídos, leais aos amigos e fiéis às suas paixões, que fizessem aquilo que realmente gostam. É assim que eu tento ser, pelo menos.

Canta muito sobre amor e paixão. Se tivesse que escolher uma letra que lhe assenta como uma luva, nesse aspeto, qual seria?
Não sei… Ainda está por fazer. (risos) Há umas letras que assentam numa determinada altura e que depois deixam de assentar. Neste momento, apesar de me identificar com todas, não acho que exista uma que me assente assim tão bem.

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