Filha de pais diplomatas, Maria Luísa Nemésio habituou-se a percorrer o mundo, e quando regressou a Portugal definitivamente sentiu a tristeza de não poder voltar a contactar com outras culturas e realidades. Queria continuar a conhecer o mundo, mas não como turista.
A sua vontade era poder ajudar o próximo, e um dos sonhos que viu interrompido com a morte do pai, que aconteceu pouco depois de regressar a Portugal, foi o de poder fazer alguma coisa ligada à biologia ou à medicina.
A vida mudou muito para Luísa, que teve de começar a trabalhar. Um dos países em que esteve foi a França, onde já existiam os Médicos sem Fronteiras, uma organização que sempre a fascinou. Estava a trabalhar num laboratório farmacêutico, "também por estar ligado à medicina", quando um dia viu um anúncio no jornal ‘Notícias Médicas’ a pedir voluntários para a Assistência Médica Internacional (AMI).
Apesar de não ser médica nem enfermeira, pensou que a AMI precisaria de outras pessoas que ajudassem nos bastidores. Desde então, e ao longo de 20 anos, percorreu diversos países e todos os territórios de língua portuguesa em missões exploratórias e de avaliação de cenários de emergência.
É a certeza de poder ajudar humanitariamente que lhe move a vida, e, apesar de hoje estar casada e com filhos, continua a querer estar no centro dos problemas e no terreno onde o auxílio é necessário. Hoje é secretária-geral da AMI, coordena todas as actividades e faz a ponte entre os diversos profissionais e voluntários envolvidos nas missões humanitárias e de emergência internacionais, bem como nas intervenções sociais no território nacional, e organiza tudo o que tem a ver com o funcionamento da AMI ao nível de marketing e de actuação internacional.