Quem é observador e faz uso dos seus neurónios tira os retratos robot às pessoas com quem se relaciona, e usa essa informação a seu favor. Os especialistas em recursos humanos são peritos nisso, e muitos grandes homens de negócios se vangloriam de reconhecer as pessoas pelos primeiros sinais.
O Papa Pio XII, que dirigiu um interessante discurso ao Congresso Latino de Alta Costura, abordando os “Problemas Morais no Design de Moda” (1957), afirmava que “o homem pensa com a roupa que veste”.
Se há coisa que me aborrece é ouvir “não julgues as pessoas pela forma como se vestem!”. Mais uma vez arrisco dizer, com base no que tenho visto, que só quem simpatiza com os desvios dos outros (e é capaz de fazer outro tanto) é que se sente incomodado com esse julgamento. É preciso um malandro para defender outro.
Claro que não é sensato formar toda uma opinião, inflexível e escrita na pedra, com base apenas no visual alheio (ou pelo menos, com uma única observação) mas todos, sem excepção, transmitimos alguma coisa através da forma como nos apresentamos.
Nos dias que correm, dificilmente alguém usa algo com que não se identifique de todo.
E se essa imagem não é transmitida intencionalmente, a pessoa que o faz é muito ingénua ou carece de orientação. É feio julgar as pessoas por coisas que não são culpa sua, escolha sua – ou por erros a que qualquer um está sujeito. Tudo o resto…o que é consciente, voluntário e repetido, é passível de ser avaliado pelos demais.
Em marketing diz-se muito “construa a imagem que quer mostrar ao mundo, ou os outros hão-de encarregar-se disso”. A roupa, o penteado, a escolha do automóvel mais ou menos discreto, a linguagem, a pronúncia, os lugares que se frequentam, os hábitos…as coisas que – dentro das posses de cada um – escolhemos, aprovamos ou toleramos dizem muito de nós. Um punk é punk porque quer, e não pode ofender-se se o classificarem como tal. Se formos para a rua vestidos de polícia, é natural que nos chamem para acudir a um assalto, e pouco adianta explicar “eu não sou polícia, só estou vestida assim” – quem vê, julga e confunde.
Logo, aplica-se o velho ditado “quem não quer ser lobo, não lhe veste a pele”. Quem não quer passar por desleixado, por ter uma moral questionável ou por marginal, não pode vestir-se como tal e esperar ser tratado de forma diferente. O que usamos provoca reacções nos outros, logo convém que inspire respeito, admiração e. a atrair atenção, que seja pela positiva.
Crónica: As aparências contam, sim senhor
Podem enganar, mas contam. Disse Oscar Wilde e muito bem "só pessoas muito superficiais não julgam pelas aparências".
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