*artigo publicado originalmente em setembro de 2016
“Eu levo o avanço de nunca ter achado que era ou seria uma mãe perfeita… À uma logo porque odiei amamentar desde o primeiro minuto, às duas porque, apesar de gostar profundamente das minhas filhas, nunca fui muito preocupada com elas… a ponto de me esquecer da Sofia debaixo da mesa de um restaurante, no final de um jantar… querem que continue?”
Maria Santos | 45 anos
“As minhas amigas mães fazem todos os dias questão de me lembrar que não sou a mãe exemplar: o quê, vais dar o boião de fruta ao menino? Ele não come sempre sopa? Há dias em que deixas passar o banho? Que canseira!”
Vitória Armando | 35 anos
“Descobri que estava muito longe da perfeição logo no primeiro mês do meu primeiro filho, quando decidi ir passear e me esqueci do leite, dos biberons, das fraldas… e estava a 100km de casa. O que vale é que havia uma farmácia por perto.”
Catarina Silva | 42 anos
“Um dia, depois de ter repetido 45 vezes ‘Pedro vai tomar banho’, perguntei num tom suave ‘Pedro, queres tomar banho aqui na sala, ou na casa de banho?’ Como ele continuava mudo, fui à cozinha, trouxe um copo de água e despejei-lhe pela cabeça. Ele voou para a banheira! Sei que não foi um momento muito democrático e de certeza que não seria aconselhado pelos psicólogos, mas na verdade nunca mais tive esse problema…”
Cristina Figueiredo | 41 anos
“Esforço-me muito por ser a melhor mãe que posso, mas sou defensora de todas as mães se ‘passarem’ pelo menos uma vez por ano. Comigo tem resultado. Um dia, eram os meus dois primeiros filhos muito pequenos e estávamos todos na Zara. A Maria e o Miguel pegavam-se por tudo e por nada. Já os tinha separado, já tínhamos brincado, estavam comidos, dormidos e eu até estava a comprar-lhes uma coisa que lhes fazia falta e tinham que experimentar. Mas a implicação não parava e corriam um atrás do outro para se baterem. Saltou-me a tampa, peguei num sapato que estava exposto e atirei-o na direção deles. Claro que não era para lhes acertar, não fiz pontaria. Mas consegui o que queria. Pararam logo, olharam na minha direção, estilo ‘Ui a mãe passou-se e agora porta-se pior que nós!’”
Maria João Rios | 45 anos
“Até me considero uma pessoa calma, mas a primeira vez que perdi mesmo a paciência em grande (ou pelo menos de uma maneira original) foi por uma razão bastante parva. A Mariana tinha 6 anos, o Manuel 3, e cada vez que nos sentávamos à mesa, mesmo em casa, o Manel não terminava a refeição sem se levantar ou ficar de pé com os pés na cadeira onde devia estar sentado. De repente virei-me para o pai, para a Mariana, e pedi-lhes que subissem para cima das cadeiras comigo. Aí virei-me para o Manel e perguntei-lhe se alguma vez já nos tinha visto comer assim à mesa (todos de pé em cima das cadeiras). O miúdo olhou para nós, realmente mais altos do que ele e aos pulos na cadeira, e depressa se sentou. Remédio santo: nunca mais se pôs de pé numa cadeira à hora das refeições.”
Isabel Saraiva | 39 anos
“Tenho cinco filhos, e um dia só quando cheguei à escola é que percebi que tinha deixado o mais novo na garagem. Quando voltei, ele estava sentadinho à minha espera. O que vale é que ele percebeu, logo à nascença, a que família é que tinha vindo parar.”
Leonor Santos | 51 anos
“Tinha que ir ao supermercado e estava com os dois: João, 5 anos, Rafael, 2. Até suava só de pensar, tenho mesmo isto e aquilo para comprar, bora lá, os miúdos vão pedir uma ou outra coisa, mas não faz mal; até estava preparada para ceder a uma guloseima ou assim. Mas não foi isso que aconteceu, desde o momento que passámos a porta do supermercado, os miúdos não pararam de pedir coisas e ‘à vez’. Pensei ‘ok, ponho no carrinho depois tiro’. Quando chegámos à caixa, o Rafael apanhou-me a tirar algo que queria mesmo e resolveu atirar-se para o chão e fazer uma birra. Pois eu resolvi imitá-lo e fazer a mesma birra: bater os pés no chão, espernear e refilar. O miúdo olhou para mim, parou e foi para o carrinho sem mais nenhum choro. Felizmente consegui tirar do cesto das compras tudo o que não precisava e os miúdos sem dizerem nada (desta ou doutras vezes que precisámos de ir ao supermercado).”
Joana Almeida | 38 anos
“Queremos que os nossos filhos sejam perfeitos, obedientes e bem-comportados, e eu esforcei-me muito para que a Leonor fosse assim. E é: obediente, respeitadora e muito cumpridora das regras. Esforcei-me tanto que acabei por criar uma filha incapaz de dizer à educadora que não gosta de arroz-doce ou mousse de chocolate porque lhe disseram que é para comer tudo, ou que entra em pânico se acha que não fez o que era suposto. Agora esforço-me para que saiba que não faz mal errar.”
Ângela Fragoeiro | 39 anos
“Não se deve mentir às crianças, eu sei, mas já vamos no terceiro peixe e os meus filhos ainda pensam que é o primeiro. Da última vez, cheguei à loja, pisquei o olho à senhora que me atendeu e disse: ‘Vinha buscar o meu peixe, que já teve alta’. A senhora riu-se e foi buscar um peixe cor de laranja. Os meus filhos acharam-no logo mais pequeno, ao que eu respondi que quando se está doente perde-se peso… Para a próxima prometo que digo a verdade.”
Carla Antunes | 42 anos