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Cortar nas calorias, beber um copo de vinho por dia, cultivar uma boa rede de amizades e encontrar o amor da sua vida podem fazê-la chegar aos 100 anos a vender saúde. Descobrimos o elixir da juventude.

Ana Pereira, 30 anos, recorda a bisavó, que viveu até aos 94 sem se lhe conhecer uma doença e na plenitude das faculdades mentais. “Viveu sempre na aldeia, sem poluição, rodeada pela família. Comia como um passarinho, quase tudo à base de vegetais da horta dela, nunca fumou ou bebeu. Mas, quando era nova, passou fome e trabalhava no campo de sol a sol. Penso que o seu estilo de vida fez a diferença.” Pelos vistos, é herança de família, já que hoje, aos 82 anos, a avó de Ana ainda tem muitos cabelos pretos, uma saúde e vitalidade invejáveis.


De facto, as portuguesas vão bem colocadas em matéria de longevidade, como prova Maria de Jesus, 114 anos, a mulher mais velha da Europa e a segunda mais velha do mundo (uma americana de 117 anos). Ela consta da lista dos supercentenários mundiais, 75 pessoas que ultrapassaram a barreira dos 110 anos. E, por cada 10 pessoas que chegam aos 100, nove são mulheres. Chegar lá lúcida e saudável será apenas uma questão de lotaria genética?

Lições de Okinawa
Os japoneses da ilha de Okinawa sabem que nem tudo depende dos genes. “Aos 70 anos é apenas uma criança, aos 80 ainda um adolescente e, aos 90, se os seus ancestrais o convidarem a juntar-se a eles no paraíso, diga-lhes que esperem até aos 100, idade em que reconsiderará a questão.” A frase está inscrita na rocha de uma praia deste lugar especial, onde reside a maior população de centenários do mundo: 33 em cada 100 mil habitantes, os mais saudáveis e activos do mundo, como demonstram as jornalistas francesas Anne Dufour e Laurence Wittner. As autoras de ‘O Segredo de Okinawa’ [Sinais de Fogo] concluíram que esta população tinha 80% menos doenças cardíacas do que nos países ocidentais; a incidência de cancros dos ovários, útero, mama e próstata é 50% mais baixa do que nos EUA e têm 40% menos fracturas do fémur que no Ocidente.
Afinal, qual o seu segredo? Comem pouco, mas muito bem (veja o quê nas páginas 64 e 65), e vivem com menos stresse do que os ocidentais. O excesso de peso é uma raridade – o seu índice de massa corporal está entre os 18 e os 22 (25 é o limite máximo considerado normal). “Pratica-se de forma muito natural aquilo que os especialistas designam como ‘restrição calórica'”, explicam as autoras. “Mas, atenção: nada tem que ver com a subnutrição! Trata-se de consumir precisamente aquilo que o corpo necessita e nem uma caloria a mais.”


Comer menos para viver mais
Já há várias décadas que a Ciência se tem vindo a interessar pela possibilidade da restrição calórica significar maior longevidade… e porquê. Considera-se normal que um homem ingira, diariamente, entre 2000 a 2500 calorias, e uma mulher, entre 1500 e 1800. Mas um estudo do Centro Nacional de Pesquisa em Primatas do Wisconsin (EUA), feito com macacos, em 2006, provou que o sistema imunitário daqueles que tinham sofrido cortes de 30% na ração tinha saído reforçado. Ou seja: mais protecção contra doenças. Extrapolaram os resultados para humanos e, em teoria, a esperança média de vida poderia aumentar para 112 anos. Outro estudo, feito no mesmo ano na Universidade de Washington de St. Louis, EUA, concluiu que o coração de uma pessoa que faça restrição calórica há seis anos é mais saudável e jovem, mostrando mais elasticidade. Nada disto é novidade: há 72 anos, Clive McKay, investigador da Universidade de Cornell, nos EUA, reparou que os seus ratos de laboratório viviam mais desde que lhes fizera cortes drásticos no menu.
Mas por que é que comer demais nos tira anos de vida? Para além dos conhecidos efeitos perigosos do mau colesterol, hipertensão e outros, durante a digestão o nosso corpo produz radicais livres, subprodutos do metabolismo que desencadeiam doenças como o cancro e nos envelhecem prematuramente.
Mas, atenção: ninguém deve lançar-se num plano de restrição sem o acompanhamento de um médico e nutricionista, já que é difícil obter as quantidades correctas de nutrientes com menos alimentos.

Negros hábitos
A boa notícia é que, se os seus pais e avós chegaram aos 80 ou 90 anos, tem mais probabilidades de lá chegar também. Mas de nada nos serve um bom património genético se nos entupirmos de gorduras trans e açúcares, vivermos sedentariamente e fumarmos um maço de tabaco por dia. A má notícia é que isso já está a acontecer hoje com a geração de jovens adultos.
Os veteranos que hoje têm 60 ou 70 anos poderão ver os seus filhos morrer primeiro ou sobreviver com pouca saúde e qualidade de vida. Os cuidados médicos e sanitários evoluíram muito desde os tempos do Portugal subdesenvolvido em que uma sardinha tinha de dar para três irmãos, mas, em matéria de alimentação, os portugueses regrediram, rejeitando a saudável cozinha mediterrânica praticada pelos avós. Já estamos a pagar a factura desses erros, com o aumento galopante de doenças cardiovasculares, diabetes, obesidade e cancro.

“Traz outro amigo também”
Mas ser saudável e viver mais não é só uma questão de bons hábitos de saúde. Uma equipa de cientistas australianos descobriu, em 2005, que os idosos que continuam a ter uma forte rede de amigos vivem mais tempo. A pesquisa, intitulada ‘Estudo Longitudinal Australiano sobre Envelhecimento’, começou em 1992 e observou mais de 1500 pessoas com mais de 70 anos. Quem afirmava ter um bom grupo de amigos, demonstrava 22% menos hipóteses de morrer no espaço de uma década. Explicação: os amigos ajudam a baixar os níveis de ansiedade e influenciam-se mutuamente a cuidarem da saúde.
Um outro estudo, da Escola de Saúde Pública de Harvard, que durou 10 anos e investigou mais de 28 mil homens, dava conta de que aqueles que contavam com uma boa rede de amigos e familiares viviam mais anos e com mais saúde. Os mais isolados apresentavam 82% mais de probabilidades de vir a morrer de doença cardíaca e um risco duas vezes maior de suicídio e acidentes mortais.

Mais e mais amor!
O sexo é bom para a pele, faz bem ao coração e combate a depressão. Mas nos últimos anos a Ciência concluiu que o amor pode fazer ainda mais pela longevidade do que uma vida sexual bem recheada. O Estudo Nacional sobre Mortalidade, feito anualmente nos EUA desde 1979, mostra que as pessoas casadas vivem mais anos, têm menos cancros, doenças cardíacas e até menos pneumonias do que os solteiros ou divorciados. Outra pesquisa publicada em 2006 pela Universidade do Iowa, nos EUA, feita com pacientes de cancro do colo do útero, demonstrou que aquelas que mantinham relacionamentos amorosos felizes tinham sistemas imunitários mais eficazes no combate localizado às células malignas. Mas há mais: um longo abraço apaixonado por dia diminui a tensão arterial, como descobriram médicos da Universidade da Carolina do Norte (EUA). O curioso é que isto acontece apenas com mulheres. Já no caso dos homens, duas sessões de sexo por semana reduzem para metade o risco de ataque cardíaco fatal.

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