_LC_1204_resize.jpg

Luis Coelho

Sofia Areal nasceu em 1960, em Lisboa e frequentou a Foundation Course, Hertsfordshire College of Art and Design em St. Albans, em 1979. A paixão pela arte nasceu desde cedo e o seu currículo conta com dezenas de exposições individuais e coletivas, em diversos países, ao longo dos 30 anos da sua carreira. Além da pintura e do desenho, desenvolve também investigações plásticas nas áreas da ilustração, design gráfico e cenografia.

‘Que grande pouca-vergonha (morde com todos os dentes que tens na língua)’ é o título da nova exposição de Sofia Areal e de um amigo de longa data, Jorge Silva Melo. Estranhou o título? Pois bem, a própria artista explica: ”É uma paródia sobre as relações entre pessoas, pares ou não, nas suas mais diversas variantes”.

A exposição é promovida pelos Artistas Unidos – organização responsável pela produção e realização de espetáculos – e estará em exibição de 23 de setembro a 24 de outubro, no Teatro da Politécnica, em Lisboa. Poderá ver uma pequena série de 27 desenhos, muito intimista.

A ACTIVA falou com a artista, que nos revelou como foi a sua experiência em Londres, qual é a sua imagem de marcas na pintura e o que é para si o conceito de beleza. Leia, porque vale a pena!

O que mudou na sua vida ao ir estudar para Londres? Que aprendizagens lhe deu essa experiência?

Tudo!!!

A principal mudança, foi ao chegar a Londres com 17 anos, ter tido a plena consciência que tinha saído da casa materna para sempre. Viver no fio da navalha seria o meu caminho, uma sensação difícil de explicar; uma profunda insegurança que alterou para sempre a minha vida! O estar no centro do mundo, observar o que sempre tinha ouvido, como experiencia de pessoas próximas (amigos mais velhos já o tinham feito e mesmo, a minha avó e bisavô maternos já tinham estudado em Inglaterra) culturas, gentes, diversidade em tudo. Variety is the spice of life – Uma frase que ouvi desde a minha infância e que me ficou como lema

Qual é a sua maior inspiração para pintar?

Atrai-me profundamente o quotidiano numa mistura poderosa entre imagens e sentimentos. Os pequenos detalhes desse quotidiano como se observasse a realidade através de um microscópio: um pequeno pormenor de uma folha de árvore, transportado para a tela ou para o papel. Pode-se transformar numa floresta labiríntica.

Acha que a arte está a morrer em Portugal?

Penso que a morte só existe na vida biológica. Existem sim na vida, mudanças que poderão ser ligeiras ou gigantes.

Estamos numa fase de transição enorme, a globalização, as novas técnicas ligadas em especial á comunicação, trazem abordagens ao comportamento social e económico com uma rapidez, que claro, criou um sentimento de inquietação e instabilidade em relação ao futuro que deixou de ser relativamente previsível. O mundo da arte está completamente envolvido nesta mudança: Galerias, artistas, atitude comportamental e económica. Mas com tudo o que isso acarreta penso; A estagnação é a vida ?!

Nota diferença no feedback dos portugueses e dos estrangeiros perante o seu trabalho? Acha que é uma questão cultural?

Existem notórias diferenças que com a continuação da minha vida enquanto artista foram-se atenuando,

Nós, portugueses somos por natureza mais retraídos e até receosos, temos medo de errar, felizmente esta atitude está em franca alteração. Estamos mais confiantes e ainda bem, temos grandes qualidades das quais não estávamos conscientes.

Fora de Portugal sempre foi uma aceitação mais imediata, na verdade pelas suas características, gostasse ou não gostasse do meu trabalho (não há meias tintas !). Esta aceitação no estrangeiro tem-se vindo a intensificar, penso que a principal razão é a divulgação do mesmo. Só se ama aquilo que se vê.

Como é que transmite emoções num quadro? O segredo é a alma, como na música?

Começando pela segunda parte da sua pergunta e acabando na primeira:

O “Segredo” será com certeza a intensidade de viver – Viver intensamente. Este estado emocional transforma o meu trabalho num vocabulário: O traço, o gesto, as formas circulares cheias ou vazias, zonas planas, opacas ou transparentes, a sobreposição da tinta ou do lápis.

Já dei a receita!

Acha que escolheu o caminho artístico por influência dos seus pais?

O meio aonde se nasce deixa sempre marcas profundas. Tanto pelo lado materno como paterno a importância dada ás “Artes e Letras” foram determinantes na minha formação cultural. O meu pai António Areal, foi um homem a quem ninguém negará a enorme influência que teve no tempo que lhe foi dado viver, morreu em 1978 com 44 anos. Foi um artista inovador e um pensador brilhante, no entanto, foi o tempo que determinou as minhas opções profissionais.

Se não tivesse tido oportunidade de seguir este caminho, o que acha que estaria a fazer agora, profissionalmente?

Não foi propriamente uma oportunidade, foram portas que se foram fechando e outras abrindo, foi uma ora natural e outras vezes, abrupta necessidade de mudança e de sobrevivência física e mental, mas claro as “letras” são um ponto de referencia e a minha opção primeira.Portanto foi ao contrário.

Segue a estética do excesso nas suas pinturas. Ao contrário da moda, acha que «mais é mais»?

Não considero excesso, penso antes que sigo a estética do “muito”, esse “muito” representa intensidade. O “pouco” não representa necessariamente depuração, muitas vezes demonstra medo, receio de se expor.

Existe em tudo na vida um equilíbrio instável. O “muito” adapta-se bem ao que eu quero na vida e estou consciente do que isso acarreta: Faz-se muito, erra-se muito, aprende-se muito

O conceito de beleza varia de pessoa para pessoa. Como definiria essa palavra?

O belo é uma figura estética e a meu ver também ética.

O belo está profundamente associado ao meu trabalho no meu dia a dia , ao que me prende ao mundo.

Num sentido mais lato, o conceito de beleza é muito subjectivo, tem a haver com a educação de infância, com os nossos genes, com a nossa aprendizagem enquanto seres sociais. Impossível de definir numa só palavra!

Acha que o mundo da pintura é um mundo fácil de se ser bem-sucedida?

Não mais nem menos do que qualquer outro. Tudo depende do empenho que se coloca no que se faz e dos nossos padrões de exigência e rigor. Não existem mundo fáceis, se se leva a sério aquilo que se faz a maioria das vezes é difícil. Dificuldade não significa necessariamente sofrimento, no entanto falando por mim, esta atitude de rigor, intensidade, exigência e independência tem dado bons resultados.

Se só pudesse identificar uma imagem de marca sua, qual seria?

A forma circular com toda a certeza! A forma aonde tudo é possível, aonde nada acaba e tudo começa e continua sempre.

Qual foi a sensação de ter ganho o prémio fémina para as artes visuais, em 2012? Sente que é uma forma de reconhecimento e que a missão foi cumprida ou ainda há um grande caminho a percorrer?

Um prémio aceite, é sempre uma responsabilidade, uma constatação da nossa ligação ao mundo social que nos rodeia. Será um reconhecimento por um determinado sector da mesma sociedade das nossas acções, neste caso especifico do meu trabalho enquanto artista.

O meu trabalho está completamente envolvido, intrincado com a minha pessoa. O caminho não acabou, segui-lo-ei enquanto me for possível viver e fazê-lo.​

Mais no portal

Mais Notícias

Empregos rotineiros aumentam risco de demência. O que diz um novo estudo

Empregos rotineiros aumentam risco de demência. O que diz um novo estudo

Inspirados na Revolução: 30 sugestões para celebrar o 25 de Abril

Inspirados na Revolução: 30 sugestões para celebrar o 25 de Abril

Em “Cacau”: Regina espanca Filó e deixa-a desfigurada

Em “Cacau”: Regina espanca Filó e deixa-a desfigurada

As Revoluções Francesas na VISÃO História

As Revoluções Francesas na VISÃO História

Os lugares desta História, com Isabel Stilwell: Elvas, capital do Império onde o sol nunca se põe

Os lugares desta História, com Isabel Stilwell: Elvas, capital do Império onde o sol nunca se põe

Passatempo: ganha convites para 'A Grande Viagem 2: Entrega Especial'

Passatempo: ganha convites para 'A Grande Viagem 2: Entrega Especial'

Os nomes estranhos das fobias ainda mais estranhas

Os nomes estranhos das fobias ainda mais estranhas

Teste em vídeo ao Volkswagen ID.7 Pro

Teste em vídeo ao Volkswagen ID.7 Pro

Ministério convoca sindicatos médicos para primeira reunião negocial na sexta-feira

Ministério convoca sindicatos médicos para primeira reunião negocial na sexta-feira

Vencedores do passatempo ‘A Grande Viagem 2: Entrega Especial’

Vencedores do passatempo ‘A Grande Viagem 2: Entrega Especial’

Tesla despede mais de 14 mil trabalhadores

Tesla despede mais de 14 mil trabalhadores

Celebridades vestem-se a rigor para o desfile pré-outono 2024 da Dior, em Nova Iorque

Celebridades vestem-se a rigor para o desfile pré-outono 2024 da Dior, em Nova Iorque

João Abel Manta, artista em revolução

João Abel Manta, artista em revolução

Operação Montana: PJ ajuda a prender 20 pessoas de uma rede criminosa internacional que se dedicava ao tráfico de droga e tinha membros portugueses

Operação Montana: PJ ajuda a prender 20 pessoas de uma rede criminosa internacional que se dedicava ao tráfico de droga e tinha membros portugueses

Tarifário da água no Algarve abaixo da média nacional é erro crasso -- ex-presidente da APA

Tarifário da água no Algarve abaixo da média nacional é erro crasso -- ex-presidente da APA

Rir é com ela!

Rir é com ela!

"O Rapto": O Papa, rei e raptor, numa interpretação fabulosa de Paolo Pierobon

JL 1396

JL 1396

Na CARAS desta semana, o casamento de sonho de Dânia Neto e Luís Matos Cunha

Na CARAS desta semana, o casamento de sonho de Dânia Neto e Luís Matos Cunha

David e Daniela trocaram o primeiro beijo na boca no “Big Brother”

David e Daniela trocaram o primeiro beijo na boca no “Big Brother”

Catarina Gouveia junta amigas na Comporta para evento especial

Catarina Gouveia junta amigas na Comporta para evento especial

11 ideias para fazer neste fim de semana, em Lisboa e Almada

11 ideias para fazer neste fim de semana, em Lisboa e Almada

Dânia Neto abre o álbum de casamento:

Dânia Neto abre o álbum de casamento: "Bolha de amor"

VOLT Live: reparação, atualização e segunda vida das baterias

VOLT Live: reparação, atualização e segunda vida das baterias

A gestão aos gestores

A gestão aos gestores

Bougain: Um ano a reavivar a História em Cascais

Bougain: Um ano a reavivar a História em Cascais

Caras conhecidas atentas a tendências de moda

Caras conhecidas atentas a tendências de moda

Descubra 6 pistas para ter no seu jardim os tecidos certos

Descubra 6 pistas para ter no seu jardim os tecidos certos

VOLT Live: Atlante, o operador que quer ter a maior rede de carregamento rápido e ultrarrápido

VOLT Live: Atlante, o operador que quer ter a maior rede de carregamento rápido e ultrarrápido

Startup portuguesa desenvolve tecnologia que combate o desperdício agroalimentar

Startup portuguesa desenvolve tecnologia que combate o desperdício agroalimentar

Recorde alguns dos melhores 'looks' de Anya Taylor-Joy

Recorde alguns dos melhores 'looks' de Anya Taylor-Joy

Princesa Amalia elege sofisticado

Princesa Amalia elege sofisticado "look" no adeus aos reis de Espanha

Bioblitz: A festa que celebra a biodiversidade do Parque de Serralves

Bioblitz: A festa que celebra a biodiversidade do Parque de Serralves

PCP apresenta medidas para

PCP apresenta medidas para "inverter a degradação" do SNS

Os lugares desta História, com Isabel Stilwell: Filipe I de Portugal, por fim

Os lugares desta História, com Isabel Stilwell: Filipe I de Portugal, por fim

Caras Decoração: escolhas conscientes para uma casa mais sustentável

Caras Decoração: escolhas conscientes para uma casa mais sustentável

25 peças para receber a primavera em casa

25 peças para receber a primavera em casa

No Porto, interiores com identidade clássica e conforto intemporal

No Porto, interiores com identidade clássica e conforto intemporal

Capitão Salgueiro Maia

Capitão Salgueiro Maia

GNR apreende 42 quilos de meixão em ação de fiscalização rodoviária em Leiria

GNR apreende 42 quilos de meixão em ação de fiscalização rodoviária em Leiria

A meio caminho entre o brioche e o folhado, assim são os protagonistas da Chez Croissant

A meio caminho entre o brioche e o folhado, assim são os protagonistas da Chez Croissant

Montenegro diz que

Montenegro diz que "foi claríssimo" sobre descida do IRS

Fed e BCE em direções opostas?

Fed e BCE em direções opostas?

Semana em destaque: Musk volta a gritar

Semana em destaque: Musk volta a gritar "Carro autónomo", mas poucos acreditam

Casa da Companhia: um hotel de charme com raízes históricas

Casa da Companhia: um hotel de charme com raízes históricas

Parceria TIN/Público

A Trust in News e o Público estabeleceram uma parceria para partilha de conteúdos informativos nos respetivos sites