Que tipo de loira é você?


– A loira Barbie

São loiras com a artilharia pesada toda: calças de ganga à pirata com bordados no rabo de preferência a dizerem qualquer coisa tipo ‘I’m a princess’, botas até ao dito rabo (no inverno) e sandálias de verniz (no verão), e qualquer coisa cor de rosa, de preferência que brilhe. Geralmente existem mais nas telenovelas que na vida real, mas que as há, há. Geralmente são falsas: só as falsas conseguem dedicar-se com tanto afinco a serem loiras, as loiras verdadeiras habituaram-se desde pequeninas e lá pelos 20 anos já não ligam nenhuma ou entraram mesmo em negação.

– A loira falsa

Pode dar em vários tipos de loira, embora geralmente dê na loira Barbie ou na loira tia, porque já que se vai passar três horas no cabeleireiro e gastar balúrdios em nuances, ao mesmo que se fique uma loira a sério. Cresceu com a mãe a lavar-lhe furiosamente o cabelo negro-azeviche com champô de camomila para ver se aclarava, e ele lá ia fazendo o favor de mais ou menos aclarar até que lá pelos 18 anos, o pior aconteceu: o cabelo não ficou nem loiro nem moreno, empancou num tonzinho deslavado de cor-de-burro-quando-foge, que é ainda pior que ser morena. Foi nesse dia que a loira falsa desaguou em lágrimas no cabeleireiro a conseguir pela tinta as promessas que a camomila não cumpriu.

– A loira semi-verdadeira

Não é loira verdadeira, mas já é pintada de loiro há tanto tempo que nem se lembra da verdadeira cor do cabelo. Encontrou o seu verdadeiro ‘eu’ quando um dia resolveu pintar-se de loira e o mundo tomou de repente, como dizer, uma nova nuance. Até então, os rapazes não lhe ligavam nenhuma, tropeçavam nela quando iam ao bar pedir mais um ‘drinque’, e quando lhe falavam era sempre para lhe pedirem o telefone da amiga dela (loira). Depois de ela própria se tornar loira, a vida dela mudou. Ela própria mudou.Toda a gente que a conhece há menos de 10 anos (toda a gente, quer dizer, todos os homens, que têm todos uma incompatibilicade genética que os impede de distinguir as loiras verdadeiras das falsas, até porque isos não lhes interessa nada, para eles vai tudo dar ao mesmo) acha que ela é genuinamente loira. Ela própria já acha que é genuinamente loira. Quando passa mais tempo sem ir ao cabeleireiro e o espelho começa a gritar-lhe que ela não só não é genuinamente loira como já nem é genuinamente morena e se arrisca a tornar-se branca em alguns sítios, fica um bocado deprimida, mas não é coisa que não se resolva.

– A loira ressabiada

É loira sim, e então? An? É aquela loira que nunca nos dá os bons dias no elevador, que só dirige a palavra a outras loiras, que olha para as morenas com um ponto de interrogação nos olhos como se dissesse: "Oiça lá, a menina por que é que não vai pôr-se loira?" Anda sempre de trombas para não acharem que ela é loira burra e que dá confiança a qualquer um.

– A loira em negação

É loira mas não assume, o que prova que Deus não existe: foi desperdiçar lourice em alguém que não só não aproveita, como tenta com todas forças fazer com que toda a gente diga que o cabelo dela é ‘castanho claro’ ou ‘cor de mel’. É loira mas tem alma de morena, e só não se pinta porque apesar de estar em negação percebe os benefícios de ser loira: é-se sempre a primeira para quem os rapazes olham, e toda a gente acha que ser loira equivale a ser aristocrata, ter passado todas as férias na Praia das Maçãs, ter um irmão chamado Salvador ou Sebastião, e pelo menos um primo que descende de D. Miguel.

– A loira beta

É a loira dos anúncios de perfume, a loira dos catálogos de roupa de praia, a loira que quando crescer quer ser a Gwyneth Paltrow. Tem sempre aquele ar de quem não lhe custa nada ser mais gira que todo o resto da Humanidade. Anda sempre vestida com calças de ganga, t-shirt branca e rabo de cavalo, mas nós quando andamos vestidas de calças de ganga e t-shirt branca não ficamos assim. Ela tem ar de quem está chique-minimal, nós ficamos com ar de quem vai fazer arrumações em casa. Geralmente, a família é loira até à quinta geração, com umas ramificações a estenderem-se pela Finlândia e pela Suécia, tem mais três irmãs ainda mais loiras do que ela, tirou o curso de marketing & publicidade, e aos 23 anos casa com o primo Lourenço que veio de fazer um mestrado em Economia do Desenvolvimento em Boston. E é louro, claro, para as crianças herdarem os devidos genes.

– A loira envergonhada

Só é loira do pescoço para cima, do pescoço para baixo dedica-se activamente a tentar desprovar o que se passa do pescoço para cima. Veste-se com as calças de ganga que compraram na feira na última vez que o Belenenses ganhou o campeonato e que ela nem nota que já passaram de moda há mais ou menos 10 anos, arrasta os pés quando anda, e quando olham para o espelho ele não lhe grita que ela é uma loira giraça, como às outras loiras, ressona na cara dela…

– A loira tia

Percebeu desde cedo que ser loira era meio caminho andado para singrar nos meios sociais, porque ser loira continua a ser sinónimo de aristocracia. Nem é que todas as loiras sejam aristocratas, mas pelo menos percebem que deviam querer sê-lo. Ser loira em certos meios é um sinal de subserviência, de aceitação da farda. Geralmente acumula com uma carteira Louis Vuitton, e aí fica com o passe completo.

– A loira morena

De repente passa-se e pinta-se de morena. Claro que isto acontece muito pouco na vida real, acontece mais no cinema quando as actrizes precisam de amorenar para qualquer papel e aparecem na cerimónia dos ‘Oscares’ a acenar e a dizer ‘olhem como eu fico bem com este tom de acaju, vejam lá como até tenho coragem de me tornar morena, observem os sacrifícios que faço pela minha arte’. Mas nenhuma destas morenices costuma aquecer o lugar.

– A loira executiva

Utiliza a parte de frieza que há em todas as loiras para reforçar a aura de poder e competência. Ninguém pensa nela como loira burra, aliás ninguém pensa nela como uma verdadeira loira, aliás ninguém pensa nela como mulher, patrão é sempre do sexo masculino mesmo que tenha caracóis a cair pelas costas. Um dia, um grupo de subordinados encontra-a fora de expediente num bar qualquer com um decote até aos calcanhares e acham que estão a ter um delírio colectivo como os chineses que vêm ETs em pontões.

– A loira xoninhas

É a prima que nos toma conta do gato quando vamos de férias e que anda pela casa de pantufas e xaile, sempre cheia de frio. É loira, mas é como se não fosse. A maioria das pessoas nem sequer nota que ela é loira, só quando se vê uma fotografia em que ela aparece com o cabelito ao sol. Anda pela vida quase a pedir desculpa de ser loira, o que a torna quase uma morena em potência.

– A loira anjinha

É a loira infantil que todos os homens querem proteger, e que todas as mulheres querem odiar e não conseguem porque ela é genuinamente simpática. Ao fim de algum tempo, até lhe perdoamos o facto de ela ser loira. Ao fim de algum tempo, até já nem reparamos. Afinal, toda a gente tem as suas fraquezas.

– A loira sueca

É a verdadeira loira, a loira estrangeira, a loira que as câmaras de televisão apanham em primeiro plano na assistência de todos os jogos de ténis, a loira que todas as agências de modelos mandam vir para fazer da portuguesa loira que não há porque as loiras portuguesas não são assim, a loira que aparece em todas as revistas de noivas a fazer de noiva, ao lado de um noivo que é sempre moreno retinto. A concorrência é desleal porque ela não faz absolutamente nada para ser aquilo. Quando nasce, parece que não vem da maternidade, vem directamente dos catálogos já com a moda Primavera-Verão incluída. Na volta há um molde para elas, tal como para a Barbie, são todas perfeitas.

– A loura espiritual

De loira só tem a alma. E chega. Contam-lhe aquela anedota da loira com os fones que dizem ‘inspira, expira’ e ela pergunta: "O que é que tem?" Geralmente, acaba por se render à evidência e lá pelos 40 começa a fazer nuances.

– A loira invisível

É a que está nas festas de copo na mão ao lado de outra pessoa qualquer, só para enfeitar. Faz um trabalho tão bom a ser perfeita que as pessoas não olham para ela, olham através dela. Acham todos que ela é uma deusa e ela acaba por casar com o único homem que a trata como uma pessoa normal.

– A loira gótica

Passou directamente de uma educação em folhos cor de rosa com o retrato da Lady Di na parede e numa travessa que a tia Emília trouxe de Londres para uma fase urbano-depressiva em que se veste como a Mortícia Adams, toda de preto e com um pin no umbigo. Aos 20 anos já pagou o karma da loirice e quer ser a Pamela Anderson, porque se fartou do preto e descobriu que o rosa e o azul vão bem com o seu tom de pele.

– A loira verdadeira

Está tão habituada a ser loira desde que nasceu que já nem liga. Passou a vida a fazer de Virgem Maria nas festas de natal, ou então de anjo. Não sabe que há mais de metade das mulheres que em pequeninas faziam sempre de pastora ou de aguadeira ou da parte da frente do camelo, mulheres a quem os homens não apitam pelas costas ainda antes de lhe verem a cara. Não sabe o que é apanhar um empregado de bar que não lhe sorria. O sonho dela não é pintar o cabelo de castanho porque uma loira verdadeira não sonha ser igual às outras mulheres, sonha ser diferente, portanto o sonho dela é pintar o cabelo de cor de rosa. Mas quase nunca tem coragem para tanto. Portanto deixa-se andar loura. O que é triste é que as loiras mais famosas do mundo – Marylin Monroe, Jean Harlow, Lana Turner – eram falsas.

– A loira normal

É loira mas ela própria parece nem sequer saber que o é. Não pede desculpa, nem anda de trombas, nem tem uma mala Louis Vuitton, nem se veste à beta, nem quer ser a Marylin quando crescer. É uma pessoa como nós, mas em loiro. É uma loira que conseguiu esse extraordinário feito de ser uma pessoa como as outras: não se sabe se a havemos de admirar ou de ter pena dela.

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