Antes de mais, um aviso à navegação: ir a uma consulta de Reiki e pensar ‘à ocidental’ é inútil. Os pressupostos do Reiki associam-se à sabedoria do Oriente. Reiki significa ‘Energia da Força da Vida’, a mesma que existe em todo o Universo e que recebe o nome de Chi ou Prana segundo a tradição do budismo, hinduísmo ou taoismo. O que o Reiki permite é, através da imposição de mãos do terapeuta, canalizar a força curativa dessa energia, agindo sobre bloqueios mentais e energéticos, bem como problemas de ordem física.
“Do que se queixa?”
Marquei uma sessão de Reiki e, às 11 horas da manhã, entrei numa sala agradavelmente aquecida, onde fui recebida por uma terapeuta vestida de branco que me sorriu e pediu que, antes de mais, me descalçasse e despojasse do cinto, do relógio, das pulseiras e dos anéis, pois o metal interferia com o tratamento. Enquanto me libertava da parafernália de ‘metais’, perguntou-me se havia qualquer problema ou dor que quisesse referir antes de iniciar o tratamento. Fiz a queixa habitual: “as minhas costas dão cabo de mim”. A terapeuta explicou que a massagem Reiki iria ser feita em todo o corpo, mas que daria especial atenção a essa queixa. “E agora pode-se deitar, fechar os olhos e relaxar”, disse. “Relaxar?”, pensei, “bem, isso é difícil, assim, do pé para a mão, sem saber muito bem o que me espera!” Mas a música era suave, o cheiro do incenso delicioso e a sala estava mergulhada numa semi-obscuridade aconchegante, trespassada pela luz de velas, o que deu um valente empurrão ao meu espírito ligeiramente stressado. Deitei-me de barriga para cima, com um friozinho no estômago. Afinal, o que era suposto sentir? Como é que agia essa energia? Seria quente ou fria? Ou não iria sentir absolutamente nada?
“Você é receptiva à energia”
Indiferente ao meu rodopio mental, a terapeuta, depois de inquirir sobre o meu conforto, principiou em silêncio e concentração o seu trabalho. Senti as suas mãos, nem muito quentes, nem muito frias, pousarem tranquilamente no meu rosto, tapando-me os olhos, e assim permanecendo alguns segundos, até se moverem-se para a zona lateral da minha cabeça, apoiando-se sobre os meus ouvidos e maxilares, e para a região da nuca e dos ombros. Seguiu-se a garganta e foi aí que senti um suave calor invadir-me o corpo. “Você é receptiva à energia”, comenta, para logo de seguida me explicar que a garganta está relacionada com a comunicação e com o medo de mudança. Já com as suas mãos cruzadas sobre o meu coração, explica-me que está a agir não só sobre o sistema imunológico, o coração, os pulmões e os brônquios, mas também sobre eventuais problemas de expressão de alegria, amor e dor.
Ainda deitada de barriga para baixo, as mãos da terapeuta demoraram-se acima da minha cintura, agindo sobre o fígado e o pâncreas, na minha cintura, actuando sobre o estômago, o pâncreas, o baço, os rins e o intestino, descendo depois pela zona pélvica, barriga das pernas, tornozelos e planta dos pés, tudo em movimentos pausados.
“Leve o seu tempo a levantar-se”
A duração do contacto nas diferenças zonas do corpo não é sempre igual. Em algumas áreas é manifesto que as mãos da terapeuta se demoram mais um pouco. Quero saber porquê. É onde detecta bloqueios energéticos. E como é que sabe isso? “Com a prática, sente-se essa energia naturalmente e sabe-se onde intensificar o tratamento”.
Viro-me então de costas para a segunda parte da massagem e as palmas das suas mãos descem ao longo das minhas costas e do cóccix, tocam nas nádegas e na parte posterior das pernas, até terminar nas plantas dos pés.
Com gestos seguros das mãos, como se varresse as minhas costas (e que repete três vezes) a terapeuta dá por terminada a massagem. Sinto-me flutuar num mar de tranquilidade. Não me consigo decidir a sair dali. “Leve o seu tempo”, diz-me, saindo da sala e deixando-me sozinha por uns momentos. Aos poucos, mexo os dedos dos pés e das mãos, respiro fundo, abro os olhos e levanto-me, com as pernas ligeiramente trémulas.
Como surgiu
O Reiki foi criado no final do século XIX pelo médico Mikao Usui, que dedicou parte da sua vida ao estudo dos ensinamentos cristãos e budistas, com o objectivo de descobrir como é que Buda e Cristo realizavam curas físicas. O caminho conduziu-o à prática de meditação e terá sido durante um retiro de 21 dias que foi atingido por um feixe de luz intensa que lhe revelou os símbolos contidos nos ensinamentos de Buda em sânscrito. Eram eles as chaves das curas de Buda e Cristo. Na base deste conhecimento, Mikao Usui dedicou-se a sistematizar um novo modo de tratamento a que deu o nome de Reiki.
Preços: entre os 30 e os 50 euros (valor médio)
Para saber mais: www.reiki.org