"Faz cada vez mais sentido falar de medidas de preservação da fertilidade", observa Daniela Sobral, especialista em Medicina da Reprodução "Os tratamentos de infertilidade são muito pesados a nível psicológico, financeiro e físico. Chegam a ter a dimensão de tratamentos oncológicos. Não compreendo que uma mulher se submeta a eles sem primeiro deixar de fumar e manter um IMC (Índice de Massa Corporal) saudável." Eis, então, os conselhos essenciais:
Mantenha-se longe do tabaco: Os cigarros envelhecem os tecidos e comprometem a vascularização dos ovários. O estrago é tanto que, uma mulher que fume 20 cigarros por dia, vê a sua fertilidade 10 anos envelhecida: aos 25 anos, terão as mesmas hipóteses de engravidar de uma mulher de 35.
Até querer engravidar, use dupla protecção: Pode até parecer um contra-senso dizer que o preservativo e a pílula ajudam a preservar a fertilidade. Mas não o é, nem em relações estáveis, como esclarece a especialista. "As infecções sexualmente transmissíveis (IST) podem provocar infertilidade. A clamídea, por exemplo, causa infecções que podem ser assintomáticas mas que podem bloquear as trompas e, aí sim, causar infertilidade. Isso não tem tratamento e a mulher só se apercebe quando tenta engravidar e não consegue. Se o homem tiver muitas infecções testiculares, isso compromete a qualidade do esperma." O uso do preservativo defende-nos das IST mas a pílula também ajuda na preservação da fertilidade. "Faz com que o ovário fique parado entre ovulações, previne a endometriose, quistos e cancro do ovário. Por si só, o contraceptivo não faz com que a mulher tenha problemas de fertilidade: uma mulher que tome a pílula vai engravidar mais tarde por causa da sua idade, e não por causa da toma. Mas tem de ser conjugada com o preservativo para ser eficaz."
Mantenha um bom IMC: Segundo Daniela Sobral, "o ideal é mantê-lo em níveis saudáveis. Acima dos 27 e abaixo dos 19, a Natureza impede ou dificulta a ovulação. Tanto um IMC baixo ou alto comportam riscos enormes durante a gravidez: há taxas maiores de aborto espontâneo, morte in utero, prematuridade e complicações durante a gravidez. Mas as mulheres aceitam mal ser chamadas à atenção por causa do peso." Investigadores do St. Mary’s Hospital de Londres descobriram que as mulheres obesas têm 60% mais de hipóteses de repetir um aborto espontâneo do que as de peso normal.
Um copo de vinho não lhe faz mal: Para as mulheres considera-se um consumo moderado de álcool a ingestão de uma ou duas unidades por dia (uma unidade é um copo de vinho ou meia caneca de cerveja). Para os homens, ultrapassar as três a quatro unidades por dia pode afectar a qualidade do esperma.
Experimente a acupunctura: Esta terapia centra-se na activação de pontos ligados com o útero e ovários, bem como daqueles que induzem ao relaxamento. Há alguns anos, vários estudos científicos comprovavam que a acupunctura aumentava ligeiramente as hipóteses de conceber, quanto mais não seja por que é eficaz a baixar os níveis de stresse e ansiedade atingem as mulheres que tenta engravidar.
Fique longe de poluentes ambientais: A exposição a pesticidas, mercúrio e químicos como os ftalatos, presentes nos plásticos, pode estar a atingir negativamente a fertilidade humana. Todos os recipientes de plástico para armazenar comida devem ter um triângulo, em baixo, com um número: os especialistas dizem para evitarmos os 3, 6 e 7 e aconselham não aquecermos comida no microondas em recipientes feitos plásticos.