Ver mal ao longe (miopia), ao perto (hipermetropia) ou ter a visão desfocada (astigmatismo) são as queixas que levam mais portugueses ao oftalmologista e já começam a motivar muita gente a submeter-se à cirurgia laser para dispensar de vez o uso de óculos e lentes de contacto.

Infelizmente, outras complicações bem mais graves podem afectar a nossa visão. Algumas, como a retinopatia diabética, são muito preocupantes, sobretudo se nos lembrarmos que existem 500 mil diabéticos em Portugal e que estes doentes têm 25 vezes mais possibilidades de cegarem do que um não diabético. ‘A grande maioria dos diabéticos não tem assistência oftalmológica regular’, garante Ferreira Pinto, cirurgião oftalmologista, do Instituto Médico e Oftalmológico de Miraflores, em Oeiras. Este especialista explicou-nos quais as doenças oftalmológicas mais comuns e as operações mais frequentes e avançadas para as tratar.

MIOPIA, HIPERMETROPIA E ASTIGMATISMO


Cirurgia laser (ou LASIK)

Contra-indicações: Não é indica-da a quem tenha mais de oito dioptrias de miopia e quatro de astigmatismo e hipermetropia. ‘A partir desses valores pode significar perda da qualidade de visão’, explica o cirurgião Ferreira Pinto. ‘O que está em jogo é que as pessoas fiquem a ver tão bem como viam com óculos, mas sem eles.’


Tratamento: Esta cirurgia não ne-cessita de internamento e usa-se ape-nas anestesia local. O paciente deita-se numa marquesa e o médico aplica-lhe um aparelho que o impede de fechar os olhos. Primeiro corta-se uma lamela na córnea, que é levantada e expõe a sua parte mais profunda. Então, o laser ‘esculpe’ a córnea de maneira que o erro refractivo, que provocava a miopia ou a hipermetropia, seja corrigido. No fim, o paciente descansa 30 minutos.

Pós-operatório: A recuperação é rápida, as dores e o desconforto são mínimos. Quando o paciente sai da ope-ração, fá-lo pelo seu próprio pé e a ver. Ao fim de três dias pode ir trabalhar e ao cabo de uma semana a visão melhora significativamente. Nunca se deve esfre-gar os olhos. Nas duas ou três horas que se seguem sente-se algum desconforto, que desaparece pouco depois. Durante a primeira semana devem usar-se óculos de sol quando se sai à rua e não se pode aplicar maquilhagem. Não se deve conduzir nas primeiras 24 horas.


Efeitos secundários: Vêem-se imagens duplas, há maior dificuldade na visão nocturna e um aumento dos refle-xos das luzes. ‘Em cerca de seis meses desaparecem’, confirma Ferreira Pinto, para acrescentar que há riscos em todas as operações mas esta é bastante segura.


Sinais de alerta: É normal sentir uma dor ligeira, sensação de ardor ou picadas durante as primeiras 24 horas, mas, se esses sintomas se intensificarem, é aconselhável procurar o oftalmologista com urgência.


Operar os dois olhos ao mesmo tempo ou um de cada vez? Devem ser operados ao mesmo tempo. ‘É desnecessário submeter o doente ao mesmo stresse operatório duas vezes’, explica o médico Ferreira Pinto. ‘Por outro lado, a diferença de visão dos dois olhos (do operado e do não operado) vai ser grande e incomodar a visão geral. Quem usa lentes de contacto tem de interromper o seu uso quatro semanas antes da operação e também não pode usar lentes depois, se operar um olho de cada vez.’

CATARATAS

Está associada à idade avançada. A catarata é uma falta de transpa-rência no cristalino, a parte do olho que funciona como uma lente natural que ajuda a focar as imagens. As ca-taratas não podem ser curadas com medicamentos, dietas ou aparelhos de correcção óptica, por isso a ope-ração é a única solução.


Tratamento: A operação mais avançada é a faco-emulsificação. Não demora mais de 20 minutos e não necessita de internamento. A anestesia é local. A catarata é dividida em pedaços microscópicos, que são depois aspirados por meio de ultrassons. Em seguida, coloca-se uma lente artificial no lugar do cris-talino removido. A pequena incisão sara por si própria. ‘É uma cirurgia muito gratificante e com uma taxa de sucesso próxima dos 100%’, assegura Ferreira Pinto.

Operar os dois olhos ao mesmo tempo ou um de cada vez? Um olho de cada vez, por questões de segurança.


Efeitos secundários: Os mais comuns e normais são dor ligeira, comichão, sensibilidade à luz, visão desfocada e lacrimejante.


Pós-operatório: Pouco com-plicado. Nas horas que se seguem à intervenção é necessário repouso total e é normal a sensação de desconforto ligeiro. Durante as três semanas seguintes os esforços devem ser evita-dos: a pressão ocular pode aumentar e reabrir a incisão. Ao fim de uma semana pode voltar a trabalhar.

GLAUCOMA

Geralmente, tudo começa com a acumulação excessiva de um líquido que circula nos olhos, chamado humor aquoso. Se não for drenado, aumenta a pressão sanguínea ocular e danifica o nervo óptico. O glaucoma elimina lentamente a visão periférica sem que as pessoas se apercebam. ‘Não tem sintomas. Tem de se fazer um rastreio para saber se o temos ou não. Tem tratamento, mas, se não for diagnosticado a tempo, pode levar à cegueira’, confirma Ferreira Pinto. Há vários tipos, mas os mais importantes são o crónico simples o mais comum e que afecta sobretudo pessoas com mais de 40 anos e o congénito, que também atinge jovens. Grande parte dos casos pode ser tratada com me-dicamentos e sem cirurgia.


Tratamento: Quando a medicação não resulta, usa-se uma técnica laser chamada trabeculoplastia. Nela, pro-vocam-se pequenas queimaduras na zona, para escoar o líquido e baixar a tensão ocular.

Operar um olho de cada vez ou os dois ao mesmo tempo? Tal como nas cataratas, deve operar-se um olho de cada vez.


Pós-operatório: Pouco complica-do e pouco doloroso. A cicatrização é feita de forma natural e sem pontos. Ao fim de 7 ou 10 dias já pode voltar a trabalhar. Calcula-se que mais de 75% dos pacientes passam a ter uma pressão ocular normal.


Efeitos secundários: No caso da trabeculectomia, existe risco de desenvolvimento de cataratas, por isso esta intervenção só é feita em último recurso.


Sinais de alerta: Segundo o es-pecialista, ‘o doente operado ao olho tem de ver todos os dias um pouco melhor. Se tem dores, se não recupera ou diminui a visão em relação ao que via, há razão para alarme.’

RETINOPATIA DIABÉTICA

A diabetes provoca lesões nos vasos san-guíneos da retina, hemorragias e a morte de células da retina. Nas fases avançadas da doença formam-se vasos anormais, que provocam mais hemorragias no vítreo (o gel que ocupa a parte posterior do globo ocular) e que afectam a visão. Se começar a ver pior ou a ter a impressão de manchas no campo de visão parecidas com ‘mos-cas’, cabelos ou teias de aranha procure o seu oftalmologista.


Tratamentos: Existe um não cirúrgico e outro cirúrgico. A fotocoagulação é um tratamento a laser, em que um feixe lumi-noso quente incide sobre os vasos da retina, coagulando-os. Nas fases iniciais, pode travar o avanço da doença. A cirurgia está reservada para complicações mais sérias, e chama-se vitrectomia. O cirurgião faz três incisões microscópicas e através delas retira o vítreo danificado, que substitui por ar ou gás. Não requer internamento, só precisa de anestesia local e dura entre meia hora a duas horas.


Pós-operatório: A vitrectomia não é dolorosa mas podem surgir dores ligei-ras. Recomenda-se repouso. As melhoras podem não ser imediatas, sobretudo nas fases avançadas da doença.


Efeitos secundários: Podem surgir cataratas, úlceras na córnea, hemorragias, infecção ou o aumento da tensão ocular. Mas a cirurgia é a única hipótese que alguns doentes têm de não cegar.


Sinais de alerta: Olhos e pálpebras muito inchadas, aumento excessivo da dor ou a impressão de ver grandes sombras negras são motivo para ir com urgência ao oftalmologista. Tomar aspirina pode aumentar ou provocar hemorragias.

DEGENERESCÊNCIA MACULAR

relacionada com a idade

É a principal causa de diminuição acentuada de visão depois dos 75 anos. ‘Esta é uma doença muito limitativa e para a qual há pouco a fazer’, conclui Ferreira Pinto. Caracteriza-se pela perda da visão central, ficando apenas a periférica. Esta doença degenerativa afecta uma zona da retina chamada mácula. Apesar de nos últimos cinco ou seis anos terem aparecido algumas técnicas, nenhuma é ainda totalmente eficaz.


Tratamento: A terapêutica fotodinâmica é um dos tratamentos possíveis. Ainda não cura, mas pode ajudar a travar a doença. Não exige internamento e não é doloroso. Injecta-se um medicamento por via intravenosa, que se acumula nos vasos sanguíneos anormais da retina. Em seguida, aplica-se um feixe de luz de baixa intensidade, que activa o medicamento e destrói os vasos anormais. É preciso tomar precauções nos dias que se seguem ao tratamento: não expor os olhos, mãos, braços e cabeça ao sol, pois a pele e os olhos ficam hipersensíveis à luz. Em casa, as luzes artificiais também não podem ser muito fortes.

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