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Parece irónico que o oxigénio, aquilo que nos é mais essencial à vida, acabe por ser responsável pelo nosso envelhecimento. Como? Por causa de um fenómeno chamado stresse oxidativo provocado, na sua maioria, por uns vilões chamados radicais-livres.


Radicais perigosos

Um radical-livre é uma espécie de hooligan que chega às nossas células para fazer estragos e provocar lesões. É um subproduto natural do nosso metabolismo celular, como explica Roni Lara Moya, especialista em medicina ortomolecular e antienvelhecimento da Associação Indeveri Colucci. “Noventa e cinco por cento das moléculas de oxigénio formam água necessária à vida, mas, nesse processo, os outros 5% formam radicais-livres, substâncias cujo objectivo é ligarem-se a qualquer coisa e que vão oxidar as nossas células, envelhecendo-as.” Felizmente, o sistema antioxidante está lá para os neutralizar.

“Temos uma predisposição genética para envelhecer mais ou menos rapidamente”, continua Roni Moya. “Através de uma análise aos marcadores genéticos conseguimos dizer qual a propensão para esse envelhecimento. Mas hoje sabemos que essas características que passam de pais para filhos são activadas, muitas vezes, pelo meio ambiente e estilo de vida. O gene pode estar adormecido, mas pode ser activado por uma influência exterior.” Esses agentes externos que agem como ‘despertador’ são os suspeitos do costume: tabagismo, stresse, exposição solar excessiva, má alimentação, poluição. Aliados aos radicais-livres, promovem ainda mais stresse oxidativo.

Associado ao envelhecimento, doenças cardiovasculares e neurológicas, cancro, aterosclerose, infertilidade, diabetes e outras, o stresse oxidativo instala-se silenciosamente durante anos, sem sintomas.


Stresse e açúcar: dois inimigos São dois dos factores que mais contribuem para este fenómeno. “O stresse psicológico prolongado promove uma desregulação hormonal que poderá aumentar os níveis de stresse oxidativo”, continua Roni Moya. “Aumenta os níveis da hormona histamina, que aumenta as alergias e também o colesterol; estimula a hipófise e hipotálamo a aumentar a produção do cortisol – a hormona do stresse – bem como os de adrenalina e de outra hormona, a dehidroepiandrosterona (DHEA), que baixa os níveis de cortisol. Mas se o stresse é prolongado, o DHEA já não é suficiente; começamos a produzir mais adrenalina para ficarmos mais rápidos e alerta. E isso desgasta o organismo.”

Mas o nosso maior erro talvez seja o excesso de açúcar na alimentação, que desencadeia um lento, mas implacável, processo de inflamação em todo o organismo. “É uma inflamação silenciosa – não vemos que ela lá está e só a sentimos quando já é muito aguda. Quando pomos açúcar ao lume, ele carameliza. Se o açúcar sofrer oxidação dentro do nosso organismo, também se ‘carameliza’ num processo chamado glicação. Com o aumento de stresse oxidativo, este açúcar modifica algumas moléculas das nossas células, que se vão deformar. Algumas das consequências deste processo são a destruição do tecido das cartilagens, problemas nas articulações ou nos olhos, doenças renais, a pele perde colagénio e envelhece. Se conseguirmos conter a glicação, diminuímos a inflamação e o stresse oxidativo e, logo, vivemos mais tempo.”


Começar a prevenir

Para já, o primeiro passo é medir o seu nível de stresse oxidativo, aconselha Roni Moya. O teste, feito em farmácias (ver caixa), dá-lhe dois valores: o seu nível de radicais-livres – cujo valor recomendado é abaixo dos 310 – e o nível das suas defesas imunitárias contra eles – que, idealmente, deve estar entre os 1,07 e 1,53 mmol/L. A partir daqui, o seu médico pode começar a delinear consigo um plano de prevenção.

“O passo seguinte é regular a alimentação para equilibrar a balança entre o stresse oxidativo e a capacidade antioxidante”, explica Roni Moya. Os especialistas recomendam uma alimentação equilibrada, que deve ser rica em minerais e vitaminas com propriedades antioxidantes. Estas, para além de terem um papel importante na prevenção de doenças cardiovasculares e do cancro, são também a resposta para atrasar o processo de envelhecimento da pele. “As vitaminas mais importantes para combater o stresse oxidativo são a A, C, D e E. A vitamina D evita que tenhamos problemas articulares; para a metabolizarmos, precisamos de apanhar sol. Além disso, previne o cancro, melhora a capacidade cardíaca e a memória. A vitamina A estimula as células T regulatórias, que diminuem os processos de inflamação. A vitamina C e E impedem que se dê a oxidação de outros nutrientes – por sua vez precisam da A para não oxidarem. As vitaminas dependem umas das outras na sua interacção e dos minerais, para se manterem activas.”
 


Protecção de atleta

Roni Moya defende que uma dieta equilibrada não chega para atingir um nível ideal de combate ao stresse oxidativo. “Por isso, adicionamos à terapia suplementos nutricionais inteligentes, à base de complexos vitamínicos e minerais, ideais para cada pessoa aumentar a sua capacidade antioxidante.” Mas nem todos os suplementos multivitamínicos são 100% eficazes, alerta. “O grande problema é que, muitas vezes, não são feitos com os melhores transportadores – substâncias adicionadas às vitaminas e minerais para que entrem nas células na sua melhor forma. Por mais altas que sejam as quantidades destes nutrientes, não é essa quantidade exacta que a pessoa recebe, se os transportadores forem maus. Por exemplo: quem toma um citrato de magnésio, recebe 30% desse mineral; se tomar quelato de magnésio, recebe quase 100%. As pessoas não sabem disto, por isso deve ser um especialista médico a aconselhar o suplemento mais indicado.” Paralelamente, Roni receita probióticos, feitos à base de organismos vivos, bactérias benéficas ao organismo que, nas doses ideais, melhoram a flora intestinal e a saúde. “Os probióticos têm um papel muito importante, uma vez que 80% das nossas defesas imunitárias estão nos intestinos.”



Este tipo de regime suplementar é seguido por bailarinos e atletas de alta-competição. Devido ao extraordinário esforço físico a que submetem o seu corpo, os atletas costumam ter níveis altos de radicais-livres, mas as suas defesas também costumam ser bastante elevadas, equilibrando a balança do stresse oxidativo. “Os atletas treinam o seu corpo para o stresse físico permanente, mas são nutridos e suplementados de um modo excepcional. Penso que, hoje, toda a gente devia ser vista como um atleta. Precisamos de nos super-nutrir de forma mais inteligente, trazer todos para o patamar da nutrição optimal, tal como um atleta de alta-competição, que recebe as quantidades certas de vitaminas, minerais e aminoácidos. Eles precisam de uma enorme disciplina, fazem uma alimentação muito regulada. Se toda a gente encarasse a sua vida como a de um atleta, o mundo seria mais saudável.”



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