Associamos as artroses à idade avançada mas elas podem surgir bastante mais cedo. Por volta dos 30-40 anos já há quem sofra com a perda gradual de cartilagem, que resulta em inflamação e progressiva limitação dos movimentos. A crer na Sociedade Portuguesa de Reumatologia, a artrose, ou mais precisamente a osteoartrose, é a doença crónica mais frequente do ser humano. Afeta acerca de 20% da população adulta. Em Portugal, cerca de meio milhão. Além da idade, o excesso de peso é um dos principais fatores de risco.
Tudo começa com o desgaste da cartilagem, que funciona como amortecedor e lubrificante das articulações. As mais afetadas são as dos joelhos, ancas, zona cervical e lombar, mãos e pés. Sem o apoio da cartilagem, o osso cresce e fica mais denso, formando osteófitos, conhecidos como bicos de papagaio. Dor, inflamação e progressiva dificuldade de movimentos aparecem logo a seguir.
Sabe-se pouco sobre a forte carga genética associada à doença. Mas é certo que para além dela existem os fatores de risco que podem fazer a osteoartrose desenvolver-se mais rapidamente, como a obesidade ou o desporto de alto impacto. “A atividade física intensa ou atividades profissionais específicas, como a agricultura, podem influenciar o aparecimento de artroses prematuras devido à sobrecarga das articulações, assim como traumatismos antigos resultantes de acidentes”, explica o ortopedista Pedro Barradas.
Ter malformações nas articulações, como os joelhos tortos (genu varo e valgo), também aumenta a probabilidade de artrose, uma vez que se altera o eixo de carga, o que causa desgaste na articulação. “E quem sofre de artrite, um processo inflamatório das articulações, também, já que é comum uma doença degenerar na outra.”
É possível atrasar a doença
O principal sintoma da osteoartrose é a dor, que se agrava com o esforço físico e melhora com o repouso (ao contrário da artrite, em que a dor é permanente). A rigidez matinal das articulações é outro sintoma comum.
Apesar de não ter cura, é possível evitar a progressão da doença, nomeadamente com a toma regular de comprimidos de sulfato de glucosamina e condroitina, duas substâncias lubrificantes naturais que existem nas cartilagens. “Há estudos que sugerem que estas substâncias podem ter efeitos positivos, ajudando a evitar o agravar da doença”, confirma Pedro Barradas.
Além da prevenção, é importante combater a dor e a inflamação. Geralmente prescrevem-se analgésicos e anti-inflamatórios. “A injeção de ácido hialurónico intra-articularmente também proporciona alívio porque lubrifica, ao mesmo tempo que estimula os condrócitos, o que promove alguma regeneração da cartilagem.”
Por fim, convém não esquecer que a atividade física continua a ser essencial para fortalecer os músculos que suportam as articulações (e combater o excesso de peso), desde que se opte por desportos de baixo impacto, como natação, hidroginástica ou bicicleta.
Vale a pena lembrar que a Organização Mundial de Saúde considera a artrose uma das doenças prioritárias na área da prevenção e tratamento. Com o envelhecimento da população, é de esperar que os casos aumentem.