Para muitos alunos universitários, fundar uma empresa seria a última coisa a passar-lhes pela cabeça num dia de ressaca. Contudo, foi exatamente assim que Sophie Trelles-Tvede reinventou os elásticos de cabelo.

Como a maioria dos adolescentes, aos 18 anos, a jovem dinamarquesa procurava o seu lugar no mundo. Em 2011, acreditava estar bem encaminhada nesse sentido: frequentava a universidade dos seus sonhos – a de Warwick, no Reino Unido -, convivia com pessoas interessantes e começava a trilhar um percurso que lhe abriria as portas de um futuro sorridente. Contudo, ao contrário do que imaginava, os primeiros tempos na Warwick Business School não tinham todas as respostas.

“Não estava tão feliz quanto tinha imaginado, porque não gostava assim tanto das minhas cadeiras”, começa por dizer-nos. “As cadeiras do primeiro ano de qualquer curso são sempre de nível introdutório e digamos que não foi tão inspirador quanto eu pensava que seria”

A estudante de Gestão chegou ao fim do primeiro semestre, em dezembro desse ano, a sentir-se frustrada com a sua falta de entusiasmo e, também, pouco merecedora das férias de Natal que se avizinhavam.

Uma festa de mau gosto

Para combater este estado de ‘dormência’, Sophie aceitou um convite para ir a uma “Bad Taste Party” no campus da universidade. Um evento organizado pelos discentes, no qual os convidados tinham de expressar a sua criatividade através de visuais ousados, peculiares e extravagantes.

Com um sorriso no rosto, recorda que vestiu “um outfit horrível” e aplicou demasiada maquilhagem, com direito a muito blush cor-de-rosa e pestanas falsas. Antes de sair para se juntar aos colegas, pensou que “era uma pena não ter feito nada ao cabelo” e decidiu improvisar.

“O meu quarto ficava num edifício dos anos 1970, que nunca tinha sofrido reformas. Entre outras coisas, havia um telefone de emergência em cada piso, sendo que o do meu andar estava no meu quarto e tinha um daqueles cabos antigos. Eu removi-o e usei-o para prender o cabelo. Achava que o visual era ótimo para uma ‘Bad Taste Party'”.

Na manhã seguinte, fez-se luz. Depois de uma noite “fantástica”, a jovem acordou com uma ressaca e algumas dores de cabeça. Contudo, não eram as dores que esperava, especialmente depois de ter passado tantas horas com um cordão de telefone no cabelo. 

Muitas mulheres sofrem de enxaquecas resultantes da tensão gerada na cabeça pelos apanhados, em particular quando estão demasiado apertados. E Sophie não era exceção. Contudo, percebeu que o formato único do cabo do telefone (em espiral) tinha ajudado a dispersar essa tensão ao redor do rabo-de-cavalo, resolvendo o problema. Nascia assim a ideia de um negócio que viria a revolucionar o mercado.

“Go big or go home”

Entusiasmada, a adolescente telefonou ao namorado. Depois de uma breve introdução ao lado doloroso de passar o dia com o cabelo apanhado, o alemão Felix Haffa não precisou de muito mais para ser convencido a embarcar nesta aventura e subiu a parada: “Se vamos fazer isto, vamos fazê-lo como deve ser. Vamos vender os elásticos a mulheres em todo o mundo e transformar isto numa marca global. Go big or go home”.

Passados três meses, os empresários já tinham elásticos prontos para vender e aproveitaram grande parte do ano de 2012 para aprender com os melhores, trabalhando de perto com cabeleireiros ingleses e alemães. O feedback que recebiam era usado para fazerem melhorias no produto.

As vendas cresceram rapidamente e a Invisibobble chegou ao mercado internacional em 2013, sendo que Portugal foi um dos primeiros 12 países a receber a novidade. De acordo com a BBC, quando Sophie se licenciou, no ano seguinte, os lucros anuais da empresa ultrapassavam os seis milhões de euros. Cinco anos depois, as receitas chegaram aos 20 milhões.

Atualmente, a marca conta também com bandoletes e ganchos no portefólio, e está presente em mais de 100 mil pontos de venda espalhados por 70 países. Para celebrar oito anos de existência e muitos sucessos, chega o livro “100 Million Hair Ties and a Vodca Tonic”, que reúne as aventuras fascinantes de Sophie Trelles-Tvede e muitas lições de empreendedorismo. 

“Viajo muito e acontecem-me coisas inacreditáveis. Comecei a sentir medo de, um dia, envelhecer e esquecer-me dessas histórias, então decidi começar a anotá-las”, explica. “Este livro conta a história da Invisibobble e tem diferentes aprendizagens. Cada capítulo começa sempre com três coisas que aprendi e quantos produtos tínhamos vendido na altura, portanto dá para perceber quão grande ou pequena era a empresa num determinado momento”.

Segundo a empresária, que já foi distinguida pela revista “Forbes 30 Under 30”, a principal lição a tirar do seu percurso é simples: ao depararmo-nos com boas oportunidades, devemos agir rápido e evitar pensar demasiado. Até porque se não as aproveitarmos, certamente, alguém irá fazê-lo por nós.

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