EGgavwaIXLo8s_nbzVftHZuMQ9qXjLkMtgTPcSQGW_8.jpg

Martin Pistorius tem consigo para partilhar uma história de coragem e força, que não deixa ninguém indiferente. Descobriu cedo que tinha uma doença rara – a síndrome do encarceramento – e esteve 12 anos em estado vegetativo. Os médicos achavam que ele não conseguia ouvir ou ver mas, na verdade, Martin tinha todas essas capacidades, mas não conseguia comunicar com o exterior.

Com o passar do tempo, e de forma inexplicável, o seu corpo começou a ter ligações com o cérebro e começou a curar-se.

Agora, explica toda a sua história no livro “Quando Eu Era Invisível”, da editora Nascente. Aprendeu a comunicar através de um computador e mostrou ao mundo que as limitações não são impossíveis de ultrapassar.

Em 2008, encontrou o amor da sua vida, Joanna, com quem casou. Em 2010, fundou a sua própria empresa e hoje, com 39 anos, é um homem feliz, realizado e garante que a comunicação é a capacidade mais importante que o ser humano tem.

Conversámos com ele a propósito do seu livro e Martin contou-nos tudo. Uma entrevista que nos põe a pensar na nossa vida e nas coisas que realmente importam.

Hoje, o que diria ao Martin com 16 anos?

Que isto vai passar, que tudo é temporário e que nunca devemos desistir.

Theodore Roosevelt disse que “Todos os recursos de que precisamos estão na mente.” Acredita que com pensamento positivo conseguimos ultrapassar tudo, mesmo as situações mais difíceis?

Não, eu acho que ter uma atitude positiva ajuda e pode tornar as coisas mais fáceis. No entanto, o trabalho, a determinação e a ajuda e apoio dos outros, é fundamental.

Como lidou com a solidão? Descobriu que estava doente numa altura da vida em que é muito importante ter amigos, desenvolver a personalidade…

Foi incrivelmente difícil. Eu estava cercado de pessoas e ainda assim sentia-me completamente sozinho. É por isso que o título do meu livro é ‘Quando eu era Invisível’. Eu gostava de ter conversas com pessoas na minha cabeça. Para ser honesto, eu ainda dou por mim a fazer isso. Às vezes falo com a Joanna quando ela não está comigo.

A minha mente e a minha imaginação eram os meus maiores trunfos nessa altura. Adorava perder-me na minha imaginação. Como descrevo no meu livro, imaginava todos os tipos de coisas, como ser muito pequeno, entrar numa nave espacial e voar para longe. Ou que minha cadeira de rodas magicamente se transformava num veículo voador como o do James Bond, com foguetes e mísseis.

Ir para a faculdade e conseguir concluir o curso foi algo que nunca pensou ser possível. Foi a grande conquista da sua vida?

Essa é uma pergunta difícil, porque tem havido uma série de grandes realizações, por exemplo conseguir a minha carta de condução, escrever um best-seller internacional… No entanto, eu teria de dizer que a maior conquista foi ter sobrevivido e ter ficado tudo bem. Estar onde estou hoje, é a maior conquista da minha vida.

Encara esta doença como uma coisa má, que lhe tirou muitas coisas boas da vida, ou como uma algo positivo que lhe permitiu ver o mundo de outra forma?

Acho que é simplesmente a minha vida, e como todas as pessoas, enfrento muitos desafios. Às vezes é muito difícil, mas ao mesmo tempo eu tenho sido abençoado de muitas maneiras e sinto que tudo me faz uma pessoa melhor. Aprecio e saboreio as coisas de maneira diferente porque sei como elas são especiais.

Se pudesse escolher só um momento feliz da sua vida, qual seria?

Houve tantas que é difícil escolher, mas eu teria que dizer que foi o dia do meu casamento.

Qual é a sensação de partilhar a sua história de vida com os outros?

É incrível pensar que era uma pessoa que vivia presa no silêncio e que agora o mundo me está a ouvir. É uma experiência muito comovente para mim. Eu nunca esperei que meu livro seria recebido de forma tão positiva. A minha maior esperança ao escrevê-lo era que poderia fazer a diferença de alguma forma. Agora que o livro está a fazer isso, estou muito feliz e grato.

Que conselhos daria a pessoas que estão a passar pela mesma situação?

Para se aguentarem. Nunca desistam. Sei que pode soar como um clichê, e às vezes é mais fácil dizer do que fazer… No entanto, há sempre esperança, não importa quão pequena ela seja. Também acho que não significa que estejamos sempre positivos e otimistas. Acho que é natural perder a esperança e desanimar às vezes. No entanto, é importante para não ficar preso naquele lugar escuro – permitam-se a ter tempo para sentir o que estão a sentir, mas, depois, sigam em frente, mais cedo ou mais tarde as coisas vão melhorar.

Gostaria também de dizer que devem aproveitar a vida o máximo possível. Eu sei que é difícil, especialmente quando é algo extremamente grave. Podem aprender a apreciar as coisas mais simples e importantes na vida: estar perto das pessoas que vocês amam, a sensação do sol quente na pele, o sabor de um alimento que gostam, o som da música. A maioria das pessoas hoje só olha para a frente. Acho que a doença e adversidade são duras experiências que também pode lhe ensinar sobre a beleza da vida – a beleza do momento.

Sente que a sociedade está preparada para lidar com pessoas com deficiências? Julga que o preconceito ainda existe?

Acho que as coisas estão a mudar e, em muitos aspetos, as coisas estão muito melhores para as pessoas com deficiência. No entanto, infelizmente, a minha experiência tem-me mostrado que o preconceito ainda existe. Acho também que hoje em dia muitas pessoas nos tratam de maneira diferente em vez de nos aceitarem como qualquer outra pessoa.

Qual foi a memória mais difícil de partilhar no livro? Porquê?

Embora houvesse muitas coisas difíceis para escrever, acho que o mais difícil foi o abuso, porque ser abusado muda muitas coisas dentro de nós. Ficamos com a sensação de que nunca mais vamos ser os mesmos.

Foi muito difícil, doloroso, mas também terapêutico para voltar a refletir sobre o que aconteceu comigo. Em seguida, decidir como escrever sobre isso e em quanto detalhe.
Eu senti que era importante para mim falar sobre o abuso para que as pessoas possa estar conscientes de que, infelizmente, essas coisas acontecem. A minha esperança era que, ao falar sobre isso, poderia ajudar a impedir que isso aconteça aos outros.

Quem é a pessoa que mais o inspira e porquê?

Há muitas pessoas que eu admiro e me inspiram, que viveram vidas extraordinárias desde pessoas internacionalmente famosas ao meu avô. No entanto, a minha verdadeira inspiração, são as pessoas que me rodeiam e apoiam. Que me incentivam. Acima de tudo, a minha esposa, que me faz querer ser o melhor homem que eu posso ser.

Depois dos problemas de saúde que teve, continua a lutar. Onde vai buscar essa força?

A verdade é que eu não sei. É apenas algo que vem de dentro de mim. Eu sou por natureza uma pessoa muito determinada e não desisto facilmente. No entanto, eu não poderia fazê-lo sozinho, creio que Deus me dá força também.

Mais no portal

Mais Notícias

Azores Eco Rallye: elétricos ‘invadem’ as estradas de São Miguel este fim de semana

Azores Eco Rallye: elétricos ‘invadem’ as estradas de São Miguel este fim de semana

Casas sim, barracas não. Quando o pai de Marcelo Rebelo de Sousa ajudou os ocupantes do Bairro do Bom Sucesso

Casas sim, barracas não. Quando o pai de Marcelo Rebelo de Sousa ajudou os ocupantes do Bairro do Bom Sucesso

Baga Friends lançam-se no espumante

Baga Friends lançam-se no espumante

Vencedores do passatempo ‘A Grande Viagem 2: Entrega Especial’

Vencedores do passatempo ‘A Grande Viagem 2: Entrega Especial’

Acidente na Namíbia que matou duas portuguesas feriu outros 16 cidadãos nacionais

Acidente na Namíbia que matou duas portuguesas feriu outros 16 cidadãos nacionais

Em “Cacau”: Tiago beija Cacau após o nascimento de Marquinho

Em “Cacau”: Tiago beija Cacau após o nascimento de Marquinho

Os nomes estranhos das fobias ainda mais estranhas

Os nomes estranhos das fobias ainda mais estranhas

Em “Cacau”: Cacau descobre que Marco é um bandido e afasta-o do filho

Em “Cacau”: Cacau descobre que Marco é um bandido e afasta-o do filho

RootedCON: Congresso de cibersegurança chega a Portugal em maio e promete trazer novidades

RootedCON: Congresso de cibersegurança chega a Portugal em maio e promete trazer novidades

Lloyd Cole em digressão acústica: As canções como elas são

Lloyd Cole em digressão acústica: As canções como elas são

Tesla introduz novo Model 3 Performance

Tesla introduz novo Model 3 Performance

Exportações de vinho do Dão com ligeira redução em 2023

Exportações de vinho do Dão com ligeira redução em 2023

Conheça os ténis preferidos da Família Real espanhola produzidos por artesãs portuguesas

Conheça os ténis preferidos da Família Real espanhola produzidos por artesãs portuguesas

Ratos velhos, sistema imunológico novinho em folha. Investigadores descobrem como usar anticorpos para rejuvenescer resposta imunitária

Ratos velhos, sistema imunológico novinho em folha. Investigadores descobrem como usar anticorpos para rejuvenescer resposta imunitária

Regantes de Campilhas querem reforçar abastecimento de água e modernizar bloco de rega

Regantes de Campilhas querem reforçar abastecimento de água e modernizar bloco de rega

Reembolso do IRS: Só se recebe a partir de um valor e também só se paga a partir de outro

Reembolso do IRS: Só se recebe a partir de um valor e também só se paga a partir de outro

Sofia Alves Joana Ribeiro e Victoria Guerra brilham na nova novela da SIC

Sofia Alves Joana Ribeiro e Victoria Guerra brilham na nova novela da SIC

A reinvenção das imagens

A reinvenção das imagens

Equipe a casa no tom certo com aparelhos eficientes e sustentáveis

Equipe a casa no tom certo com aparelhos eficientes e sustentáveis

Conheça os ténis preferidos da Família Real espanhola produzidos por artesãs portuguesas

Conheça os ténis preferidos da Família Real espanhola produzidos por artesãs portuguesas

Rir é com ela!

Rir é com ela!

25 de Abril, 50 anos

25 de Abril, 50 anos

Chief Innovation Officer? E por que não Chief Future Officer?

Chief Innovation Officer? E por que não Chief Future Officer?

Casas sim, barracas não. Quando o pai de Marcelo Rebelo de Sousa ajudou os ocupantes do Bairro do Bom Sucesso

Casas sim, barracas não. Quando o pai de Marcelo Rebelo de Sousa ajudou os ocupantes do Bairro do Bom Sucesso

As tiaras da rainha Sílvia e das princesas Sofia e Victoria da Suécia

As tiaras da rainha Sílvia e das princesas Sofia e Victoria da Suécia

"Oureno". Este novo material pode ser uma alternativa ao superversátil grafeno

Salgueiro Maia, o herói a contragosto

Salgueiro Maia, o herói a contragosto

Um novo estúdio em Lisboa para jantares, showcookings, apresentações de marcas, todo decorado em português

Um novo estúdio em Lisboa para jantares, showcookings, apresentações de marcas, todo decorado em português

Nos caminhos de Moura guiados pela água fresca

Nos caminhos de Moura guiados pela água fresca

Os livros da VISÃO Júnior: Para comemorar a liberdade (sem censuras!)

Os livros da VISÃO Júnior: Para comemorar a liberdade (sem censuras!)

Zendaya surpreende com visual ousado

Zendaya surpreende com visual ousado

25 peças para receber a primavera em casa

25 peças para receber a primavera em casa

Caras Decoração: escolhas conscientes para uma casa mais sustentável

Caras Decoração: escolhas conscientes para uma casa mais sustentável

Luísa Beirão: “Há dez anos que faço programas de ‘detox’”

Luísa Beirão: “Há dez anos que faço programas de ‘detox’”

GNR apreende 42 quilos de meixão em ação de fiscalização rodoviária em Leiria

GNR apreende 42 quilos de meixão em ação de fiscalização rodoviária em Leiria

Ao volante do novo Volvo EX30 numa pista de gelo

Ao volante do novo Volvo EX30 numa pista de gelo

Colunas para todos os gostos: Fomos conhecer a nova loja da Bang & Olufsen

Colunas para todos os gostos: Fomos conhecer a nova loja da Bang & Olufsen

Montenegro diz que

Montenegro diz que "foi claríssimo" sobre descida do IRS

Teranóstica: O que é e como pode ser útil no combate ao cancro?

Teranóstica: O que é e como pode ser útil no combate ao cancro?

Sofia Manuel, a cuidadora de plantas

Sofia Manuel, a cuidadora de plantas

De Zeca Afonso a Adriano Correia de Oliveira. O papel da música de intervenção na revolução de 1974

De Zeca Afonso a Adriano Correia de Oliveira. O papel da música de intervenção na revolução de 1974

Pestana aumentou remunerações médias em 12%. Lucros caíram 4%

Pestana aumentou remunerações médias em 12%. Lucros caíram 4%

Relógio Slow Retail: Moda portuguesa e cheirinho a café, para descobrir em Cascais

Relógio Slow Retail: Moda portuguesa e cheirinho a café, para descobrir em Cascais

Os melhores momentos do casamento de Dânia Neto e Luís Matos Cunha

Os melhores momentos do casamento de Dânia Neto e Luís Matos Cunha

25 de Abril contado em livros

25 de Abril contado em livros

Parceria TIN/Público

A Trust in News e o Público estabeleceram uma parceria para partilha de conteúdos informativos nos respetivos sites