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Sharam Diniz

Bruno Lisita

Na infância, Sharam Diniz sonhava ser atriz, mas quis o destino que, primeiro, se tornasse numa das manequins que mais longe leva as bandeiras de Portugal e de Angola lá fora. Não desistiu da representação – aliás, sempre acreditou que a moda podia “servir de ponte” entre os dois mundos (já lá vamos). A ACTIVA foi conhecer um pouco melhor o percurso da primeira luso-angolana a participar no Victoria’s Secret Fashion Show.

Sharam-Sharam Engrácia da Conceição Diniz nasceu a 2 de março de 1991, em Luanda. O primeiro nome próprio (pronuncia-se Saram), tão exótico quanto a sua beleza, é de origem persa/árabe e significa ‘modéstia, timidez’. O segundo, carrega em homenagem à avó, Engrácia Morais de Andrade, a mulher que a ensinou “a rezar e a ter fé em Deus”, cuja morte chorou em outubro de 2015.

A relação com Portugal vai além da dupla nacionalidade (um dos avôs é português). Começou a ser construída quando era bebé, através de viagens frequentes ao nosso país, onde a mãe e o padrasto – que é natural de Tavira, no Algarve – têm uma casa.

Dos tempos da escola, lembra-se de ser “das mais magras, pouco avantajada em relação às colegas e bastante rejeitada pelos rapazes”. Valeu-lhe o amparo da família, que teve um papel fundamental para que se tornasse confiante. “O meu pai de criação foi o meu apoio durante esse período. Ensinou-me que para ser uma mulher atraente não basta ser bonita, também conta a inteligência e ser bem-sucedida”, recorda.

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Sharam com a avó (esquerda), com a mãe (centro) e com o pai (direita)

Reprodução/Instagram

As mesmas características físicas que lhe causavam inseguranças na infância chamaram a atenção do mundo da moda. Os primeiros convites para ser manequim surgiram aos 14 anos, mas, por imposição dos pais, Sharam só se estreou nas passarelas três anos depois. “Eles sempre colocaram um ‘travão’ por ser muito nova na altura e, verdade seja dita, é uma profissão que exige maturidade. Hoje agradeço por terem tomado a decisão certa por mim”, afirma.

Aos 17 anos participou no primeiro desfile e desde então nunca mais parou. Venceu um concurso promovido pela agência que atualmente a representa em Angola, a Step Models, que, por sua vez, lhe arranjou um contrato com uma agência em Portugal. Estava assim lançada a rampa para o início de uma carreira internacional.

Em vez de escolher entre a nova profissão e o ensino superior, Sharam procurou conciliar ambos. Em 2009, com 18 anos, mudou-se para Inglaterra, onde estudou Gestão e Produção de Eventos na Universidade de Leeds. Nesse mesmo ano, venceu o ‘The Office & Look Magazine Model Search’ e a edição portuguesa do ‘Super Model of the World’, que a levou até ao Brasil para participar na final do concurso. Não venceu, mas tomou a importante decisão de se inscrever numa agência em Nova Iorque, cidade onde residiu até muito recentemente, para explorar o mercado norte-americano.

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Sharam a caminho de um casting em Nova Iorque

Timur Emek

Rumo ao Estrelato

O risco compensou. No verão de 2012, Sharam trabalhou para a linha Pink! da Victoria’s Secret, dirigida a um público mais jovem, e no mês de outubro fez o casting para o desfile anual da famosa marca de lingerie. A modelo recorda o processo como intenso. “Há uma primeira seleção e depois o callback. Acontece tudo muito rápido, em exactamente uma semana. Na segunda chamada, somos surpreendidas pelo John Pfeiffer [diretor de casting], acompanhado por Ed Razek [produtor executivo], pela Monica Mitro [produtora], e a Sophia Neophitou [diretora criativa]. Há ainda a presença das câmaras, o que torna o ambiente mais tenso para algumas de nós”, revela.

Ultrapassada a ‘prova de fogo’, aos 21 anos, Sharam Diniz juntou-se a Alessandra Ambrósio, Adriana Lima e Miranda Kerr, entre outras, no desfile mais visto do mundo. “Foi o realizar de um sonho. Aliás, quando entrei para o mundo da moda, era o meu principal objetivo e tive a sorte de passar logo no meu primeiro casting”.

A participação no espetáculo abriu-lhe todas as portas e seguiram-se inúmeras distinções, que considera “marcantes”, e o reconhecimento do trabalho. Foi eleita a ‘Melhor Modelo do Ano’ no Moda Luanda (2012), ganhou o Globo de Ouro, em Portugal, na categoria de ‘Melhor Modelo Feminino’ (2013) e foi considerada a ‘Mulher do Ano’ de 2014 pela revista ‘GQ’ portuguesa. Tem ainda no portfólio desfiles para ícones da indústria como, por exemplo, Jason Wu, Derek Lam e Balmain, e campanhas para marcas conceituadas como, por exemplo, Chanel e Ralph Lauren.

Em dezembro de 2015, voltou a marcar presença no Victoria’s Secret Fashion Show. Apesar de não ter sido a primeira vez, admite que sentiu um “friozinho na barriga” quando pisou a passarela. “Já não desfilava [no espetáculo] há dois anos consecutivos, logo havia uma tensão e expectativa muito grandes á minha volta”, lembra Sharam, que descreve o ambiente nos bastidores como “agitado”. “Cabem as 47 modelos, maquilhadores, cabeleireiros e ainda os jornalistas. Há muita euforia no ar”.

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Sharam Diniz no Victoria’s Secret Fashion Show de 2012 (esquerda) e de 2015 (direita)

Getty Images

Salto para o pequeno ecrã

As ambições profissionais de Sharam sempre passaram por realizar um sonho de infância: ser atriz. Nesse sentido, frequentou um curso de representação na New York Film Academy em 2015. Agora, três anos depois, a grande oportunidade por que esperava bate-lhe à porta sob de um papel na nova novela da SIC, ‘Alma e Coração’, que estreia em setembro. Depois de trocar a ‘cidade que nunca dorme’ por Lisboa para participar no projeto, confessa-nos que não podia estar mais entusiasmada com esta nova fase.

Como recebeste o convite para entrar na novela?

“O convite foi feito pela SP [produtora] à Glam [agência], que, por sua vez entrou em contacto comigo. Eu ainda estava a residir em Nova Iorque e e contratei uma coach para me ajudar com a melhor forma de abordar o papel – ela até arranjou alguém para contracenar comigo. Enviaram-me um guião, eu gravei um vídeo a representar e, passadas três semanas, recebi uma resposta positiva.”

Quem é a tua personagem?

A Naomi Andrade é uma jovem de 21 anos, descendente de cabo-verdianos e residente na Cova da Moura. Ela é corajosa, apaixonada por cenografia e por tudo o que envolva dança e teatro. Trata-se de uma boa personagem a nível de impacto social porque mora num bairro, zonas que por vezes são zonas associadas a criminalidade, e vai mostrar que, independentemente da proveniência, existe sempre a esperança de um futuro melhor; que as pessoas têm valores e são batalhadoras.

O que te apaixonou neste papel?

O facto de ela ser africana, porque conheço bem a cultura. Não sou cabo-verdiana, mas identifico-me com tudo o que diga respeito a África porque é algo que faz parte de mim.

Não tiveste medo de estar a dar vida a um lugar-comum?

“Sinceramente não porque este vai ser o meu primeiro papel a sério e forte. É uma porta que se abre e, se eu fizer um bom trabalho, vai dar frutos, portanto só pensei em agarrar esta oportunidade e tirar o máximo de partido desta experiência.
Ao longo dos anos, com a moda, aprendi a ser grata. Eu confesso que já fui muito ingrata. Num determinado momento és a número um, estás no auge e não pensas que podia estar outra pessoa no teu lugar. Hoje em dia, já olho para as coisas de uma maneira diferente e valorizo mais tudo o que me chega às mãos”.

O que é que a moda te ensinou sobre representação?

“Em moda, há um julgamento diário com base na imagem. Mesmo antes de saberem quem sou, qual é o meu caráter e personalidade, o que conta é a aparência física. Na representação, é diferente. O que conta é o talento. Contudo, posso dizer que a moda me deu bases para estar bem preparada para lidar com as críticas”.

Sentes que tens algo a provar?

“Sim. Tenho consciência de que pode existir a ideia de que fui manequim durante 10 anos e, de repente, quis ser atriz. Contudo, é um sonho que tenho desde sempre e nunca tive a oportunidade de concretizá-lo. Espero sair-me bem porque sou perfeccionista e muito exigente comigo mesma.”

Como está a ser a experiência de viver pela primeira vez em Lisboa?

“Eu estive um tempo em Portugal, mas foi dos meus dois aos quatro anos de idade, portanto não tinha grandes memórias. Isto para não dizer que é diferente passar férias e morar num sítio. Mas estou a adorar. Aliás, nunca pensei que fosse gostar tanto de viver aqui! Além disso, tenho a oportunidade de falar mais português (risos).”

Que expectativas tens para esta nova fase?

“O plano, por agora, é equilibrar os meus dois amores, a moda e a representação. Mas, futuramente, pretendo dedicar-me inteiramente à representação.”

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