Afinal, o que aconteceu na noite de 18 de julho de 1969, quando o carro conduzido por Ted Kennedy caiu da Dike Bridge, em Massachusetts, provocando a morte de Mary Jo Kopechne, de 28 anos, que tinha trabalhado um ano antes com Robert F. Kennedy, e que viajava com o senador?
Ora, após uma festa com colegas que tinham participado na campanha, algo misterioso sucedeu, nunca se chegando a perceber o que motivou a queda do veículo, nem a razão pela qual Ted demorou 10 horas a reportar o acidente ou o porquê de não se ter chegado a realizar uma autópsia ao corpo de Mary.
Na sua memória de 2009, True Compass, Ted chegou a escrever “Essa noite, na ilha Chappaquiddick, terminou com uma tragédia horrível que me assombra todos os dias da minha vida. Sofri súbitas e violentas perdas demasiadas vezes, mas esta noite foi diferente. Foi responsável. Sim, foi um acidente. Mas isso não apaga o facto de eu ter causado a morte de uma mulher inocente“.
Em mais de 60 entrevistas, a revista People descobriu algo que veio abalar o testemunho de Kennedy – o qual o próprio dizia ser inquestionável e que nunca nada o poderia vir a provar falso. Num episódio do podcast Cover-Up, foi revelado que a família da vítima tinha recebido uma carta, em 2018, chamada A História Nunca Revelada de Chappaquiddick.
O autor não quis ser entrevistado, mas o conteúdo da carta foi revelado. Este dizia ter participado num almoço, há anos, com a mulher e uma amiga de Kopechne – referida como Betty, para proteger a respetiva identidade – que tinha estado com a jovem na noite da sua morte.
O texto tevelava que Mary Jo tinha bebido demais na festa e que não se sentia bem, pelo que Betty a deixou no banco de trás do carro de Ted, onde a jovem viria a adormecer. Alegadamente, horas depois, o senador pegou no carro, acompanhado de uma mulher, e não repararam que Mary lá se encontrava. O carro viria a cair da ponte e Ted e a amiga conseguiram escapar, deixando Kopechne para trás, já que não sabiam da sua presença.
Na manhã seguinte, quando Betty – que também tinha adormecido, mas na casa – soube da notícia, perguntou pela amiga. E foi aí que se apercebeu que ninguém sabia que ela estava no carro. Depois de se explicar, o senador foi também informado da presença de Mary Jo no veículo – daí o atraso de várias horas para reportar o acidente.
Mas ainda hoje a prima da jovem que morreu, Georgetta Potoski, se questiona se aquela será a história completa. “Eu sei que há coisas que não sabemos acerca do que aconteceu naquela noite. A verdade, mesmo que não seja a que queremos ouvir, traz, pelo menos, alguma dignidade.
“Quanto mais pessoas ouvimos, mais pessoas nos ajudam a encontrar peças para o puzzle. E esperamos que isso incentive outros a tentar perceber o que aconteceu. Ainda temos questões mas já fizemos um londo caminho“, conclui Nelson, filho de Potoski.