Foi a conclusão de um estudo sobre o sono em casal: durmam em camas separadas, pela vossa saúde.
Um ressona, o outro tem o sono leve. Um gosta de luz acesa outro de luz apagada, um cai que nem uma pedra e o outro dorme às voltas, um levanta-se quatro vezes para beber água e o outro nem se mexe, um tem calor o outro tem frio, um gosta de dormir abraçado o outro gosta de dormir à larga, um é sossegado o outro dá pontapés (ou os dois dão pontapés!), um quer o lençol todo para ele o outro acorda com os pés gelados, e por aí fora.
Podíamos continuar eternamente esta lengalenga, tão conhecida de todos os que partilham a cama com outra pessoa. Até agora, tudo isto era considerado uma espécie de ossos do ofício do matrimónio. Casávamos para o melhor e para o pior, e se o pior queria dizer que ele (ou ela…) ressonava como o quartel de bombeiros de Alcabideche, aguentava-se de cara alegre ou tampões. Mas agora, o especialista em sono Neil Stanley defendeu no British Science Festival que eram escusados tais sacrifícios em nome do amor: separem-se, disse ele. Estava a falar de camas, evidentemente.
Segundo o Dr. Stanley (que afirmou dormir separado da mulher) 50% dos casais têm distúrbios de sono por dormirem um com o outro. "Os casais acreditam que dormem melhor por dormirem um com o outro, mas na verdade é exactamente o contrário que acontece: dormimos melhor sozinhos." Historicamente, apontou ainda, a tradição nunca foi essa. A tradição moderna da cama de casal só começou na revolução industrial, quando as casas diminuiram de tamanho e deixou de haver espaço para dois quartos. Antes disso, os casais partilhavam a cama durante o sexo, mas não para dormir.
É verdade que nesses tempos o conceito de intimidade tal como o entendemos hoje também era praticamente inexistente. Mas segundo o Dr. Stanley, muitos casais hoje em dia viveriam muito mais felizes se seguissem esse exemplo. Parece conselho difícil de seguir: apenas 8% dos casais dormem em quartos separados.
A fraca prestação deve-se à dificuldade de conseguir casas suficientemente grandes e também ao tabu social que determina a ‘dormida conjunta’. Mas se pensarmos bem, ressonos e pontapés à parte, até podia ser romântico. Imagine-se a cena: "A menina autoriza-me a visitar o seu quarto hoje à noite?"