É dos sintomas mais vulgares em todo o mundo: estima-se que 98% das pessoas tenham tido uma crise de dor de cabeça ou cefaleias pelo menos uma vez na vida, mas geralmente não se associa esta patologia às crianças. Na verdade, estas podem sofrer deste mal logo desde pequenas, e se os pais tiverem cefaleias a probabilidade de os filhos virem a desenvolvê-las aumenta exponencialmente devido ao carácter hereditário da doença. Nos rapazes costuma surgir na fase inicial da infância, a partir dos cinco anos, enquanto nas raparigas a tendência é maior na adolescência, devido à produção de estrogénios e à oscilação hormonal ao longo do mês.
A maior preocupação dos pais prende-se com a possível existência de problemas do foro neuro-lógico, mas estes não são tão frequentes como se possa pensar. As causas das dores de cabeça podem ser tão variadas como infecções, viroses ou mesmo perturbações oftalmológicas.
AS MAIS COMUNS
Existem numerosos tipos de cefaleias diagnosticados, mas os principais são a cefaleia tensional e a enxaqueca. E se pensa que esta última é exclusiva dos adultos, desengane-se, pois muitas crianças também costumam têlas.
Cefaleia tensional
Pode ser aguda ou crónica. A primeira ocorre excepcionalmente e tanto pode ser uma vulgar dor de cabeça com causas passageiras como um problema neurológico, pelo que deve ser investi-gada imediatamente.
A forma crónica está geralmente associada a situações de stresse e an-siedade, menos comuns na infância, mas que também podem ocorrer devido a problemas es-colares ou familiares.
Enxaqueca
É uma dor de cabeça mais intensa, normal-mente unilateral, e está associada a outros sin-tomas, como tonturas, mal-estar e vómitos, e maior sensibilidade à luz e aos sons. Geralmente, as crises nas crianças são menos agressivas, duram menos tempo do que nos adultos e costumam ter um historial familiar associado. A alimentação também pode ser uma causa da enxaqueca nas crian-ças. A fast food é especialmente atreita a causar este tipo de sintomas, assim como o chocolate, queijos fortes, enchi-dos, amendoins e nozes. Se reparar que as crises do seu filho coincidem com a ingestão de algum destes alimentos é melhor suprimi-lo da dieta.
Outros factores desencadeantes podem ser o stresse, a ansiedade e a privação de sono. Se nota que ele tem enxaquecas com regularidade, leve-o ao médico e, entretanto, vá apontando as actividades que podem estar relacio-nadas nos dias em que se dão as crises (quantas horas viu televisão ou esteve ao computador e o que comeu).
Deste modo terá mais dados para fornecer ao especialista.
ATENÇÃO AOS SINTOMAS
Os sintomas das cefaleias nas crianças têm algumas especificidades a que con-vém estar atenta. Enquanto nos adultos a dor é sentida como um latejar na fronte e têmporas, os mais pequenos sentem-na sobretudo como uma pressão na fronte.
Além disso, e por norma, a dor é mais moderada, dura menos tempo e não costuma estar associada a outros sintomas, podendo, no entanto, haver enjoos e intolerância à luz. Deve dar sempre atenção às cefaleias que acordam a criança durante o sono. Os mais pequenos têm muitas vezes dificuldade em localizar e em explicar o tipo de dor que sentem, o que pode dificultar o diagnóstico. Neste caso, é conveniente tentar usar um vocabulário que eles entendam, como perguntar se a dor parece o bater de um coração, um tambor ou um sino.
CUIDADO COM OS MEDICAMENTOS
O tratamento das cefaleias nos mais pequenos é sempre um dilema, devido aos efeitos secundários dos medicamen-tos. Daí que se tente primeiro recorrer a outras terapias. Nos casos menos graves, água fria na face e repouso num quarto escuro costumam ajudar. Havendo causas de ordem psicológica na origem dos sintomas, pode ser ne-cessário consultar um neuropediatra infantil. Os medicamentos devem ser prescritos com cautela, sobretudo a medicação preventiva, que deve ficar reservada aos casos de cefaleias cróni-cas de grande intensidade. O fármaco mais usado ainda é o paracetamol, mas as crianças parecem responder muito bem a terapias alternativas e técnicas de relaxamento.
QUANDO ELES FINGEM
Por vezes pode ser difícil perceber se a criança está a fazer ‘fita’ para chamar a atenção e esquivar-se a tarefas desagradáveis ou com sintomas verdadeiros. O teste passa por ver se ela recusa também fazer coisas de que gosta. Nesse caso, há boas probabilidades de não estar a fingir.