Uma consola. Roupa. Dinheiro. De preferência, tudo isto junto e mais alguma coisa.
Mas afinal, o Natal não é suposto ser uma época, enfim, espiritual? Já toda a gente descobriu a importância de não se deixar sufocar pelo materialismo, mas por outro lado, um Natal sem presentes não é Natal…
Se para tantos adultos é difícil conjugar estes dois opostos, é possível fazê-lo com os jovens? "É perfeitamente possível," afirma a psicóloga e especialista em adolescentes, Teresa Paula Marques. "Consegue-se se os presentes não forem excessivos e se, a par disso, os pais dispuserem um montante que possa reverter para pessoas que necessitem. É também um bom método estimular as crianças e adolescentes a darem brinquedos ou roupa que já não usem (mas em bom estado). Também aconselho os pais a participarem com eles activamente em actos de solidariedade." Muitos pais pensam que isto não é fácil, porque nos habituámos a ver os adolescentes como egoístas. Mas será que não estarão a imitar-nos? A verdade é que os adolescentes, quando são cativados para uma causa, são os primeiros a oferecer-se.
E quando as notas foram más? Devemos presentear na mesma, ou o Natal é independente de lições de moral? "Não se trata de ‘lições de moral’, mas acho importante não premiar o desinteresse e o consequente insucesso," lembra Teresa Paula. "O trabalho dos jovens é o estudo, portanto, há que mostrar-lhes que se devem aplicar para que lhes possa vir daí alguma recompensa. Obviamente, temos que os fazer compreender que ter boas notas é excelente sobretudo para eles. Quando se percebe que ele simplesmente não se aplicou e passou o primeiro período a passear os livros, há que reduzir substancialmente as prendas."
Saiba escolher a melhor prenda
Partindo do princípio que alguma coisa vamos ter que lhes dar, o que é que podemos oferecer-lhes? O ideal é pedir-lhes que façam uma lista e depois cingir-nos a algo que nos pareça razoável. Mas não se esqueça de estabelecer um ‘plafond’."
E se tiver em casa um filho mais prático, que deseje acima de tudo dinheiro, para gastar no que bem entender? "Não acho mal, embora voltemos ao meio-termo: com conta, peso e medida", lembra a psicóloga. "Os adolescentes gostam de ter o seu pé-de-meia e isso é importante para aprenderem a gerir o seu dinheiro."
Em resumo, não compre ao calhas: pense no que vai oferecer e dê com gosto. Porque não são só as crianças que têm boa memória: todos os adolescentes se lembram de um ‘grande’ presente que tiveram. "O meu melhor presente?" ri Teresa Paula. "Acho que foi uma caixa completa de maquilhagem. Coisa de meninas!"
Jogos sim, mas em família
Se ele lhe pediu uma consola e um jogo de computador, experimente oferecer-lhe um exemplo da nova geração de jogos que inclui toda a família (mesmo quem nunca pôs os olhos num computador) e que faz mexer todo o corpo. Como é que funciona? Imagine que se prepara para jogar box virtual: pois em vez de mexer um botãozinho no comando, tem de mexer o próprio comando, aliás dois, e dar aos braços exactamente como no box! Os outros quatro desportos incluídos no Wii Sports (baseball, ténis, golfe, e bowling), a grande novidade da Nintendo para este Natal, lançada em conjunto com a consola, são todos assim ‘virtuais’, e feitos de maneira a que várias pessoas possam participar. Divertidíssimo e uma boa alternativa aos violentos jogos do costume.
Colaboração: Teresa Paula Marques, psicóloga,
falecom@teresapaulamatos.com