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*artigo publicado originalmente em julho de 2014

Imagine que conhece o homem com que sempre sonhou: tem tudo o que sempre quis, é alto, espadaúdo, inteligente, tem sentido de humor, é responsável, mas… não há ‘clic’. Não acontece nada. Ok, as almas gémeas não existem, mas porque é que há umas mais gémeas do que outras? O que faz a lei da atração? Ou acontece tudo por acaso? “Não, não nos apaixonamos nada por acaso”, contraria Margarida Vieitez, terapeuta familiar e autora de vários livros sobre relacionamentos. “Diversos estudos provam que existe uma componente química no enamoramento, mas há muito mais que a dopamina que nos faz cair por aquela pessoa.”
Depois de as feromonas terem feito o seu trabalho, vem a ‘química emocional’: e é ela que faz com que as pessoas fiquem juntas. O que é: no fundo, aquilo que nós somos, as nossas vivências e as experiências que nos moldaram ao longo da vida.
Para começar, tendemos a escolher pessoas semelhantes a nós, tanto a nível físico como psicológico ou de princípios. E os opostos que se atraem? “Também acontece, quando aquela pessoa nos dá algo de que precisamos ou que gostávamos de ter”, explica Margarida. “É comum encontrar mulheres baixinhas com homens altos, ou tímidos com extrovertidos. São características que gostaríamos de ter e encontramos noutra pessoa, que nos completa. Mas geralmente o que nos atrai, mesmo no nosso oposto, é aquilo que temos de semelhante.”

‘Desperto o melhor que há em ti’

Além de pessoas com interesses semelhantes aos nossos, também escolhemos pessoas com tipos genéticos parecidos. “Curiosamente, a química sexual tende a acontecer com sistemas imunológicos compatíveis com o nosso”, nota Margarida Vieitez.
E além do sistema imunológico também tendemos a partilhar… a infância. “Quando estudei vários casais, apercebi-me de que a grande maioria deles partilhava infâncias ou experiências de vida muito semelhantes. É como se as pessoas procurassem um companheiro capaz de as entender e com quem possam falar daquilo que ficou por resolver.” Ou seja, através do nosso companheiro, conseguimos perspetivar a nossa situação noutra pessoa. ‘Eu também vivi isso, eu sou capaz de te perceber’.”
Claro que também procuramos pessoas que sejam emocionalmente estáveis. Algumas de nós, pelo menos. “Nós atraímos os outros muito pela forma como nos vemos a nós próprios. Se nos sentimos com baixa autoestima, inseguras e tristes, tendemos a atrair pessoas nas mesmas condições. Se estamos numa fase boa, vamos atrair boas pessoas.”
Então se eu estiver na mó de baixo, atraio uma pessoa igualmente em baixo ou alguém que possa animar–me? “As duas coisas são possíveis. Conheço pessoas que estavam numa fase complicada e atraíram pessoas na mesma sintonia, porque são pessoas que estão a viver o mesmo e que as compreendem. Por exemplo, é muito comum pessoas em pós-divórcio juntarem-se. Mas também há pessoas que racionalmente pensam que não precisam de outra pessoa igual a eles.”
Ou seja, geralmente somos atraídos por pessoas que conseguem ‘ver-nos’ e valorizar aquilo que somos. Outras vezes… não. “Há mulheres que se sentem atraídas por homens altamente tóxicos. Geralmente vêm de infâncias complicadas, e tentam repetir esse tipo de relação para a resolver e para obter o que não tiveram.”

O pai é importante: mas não é decisivo

Também há fatores práticos como a proximidade ou a ocasião certa: as pessoas têm de estar disponíveis para se apaixonarem. Os homens continuam a gostar de mulheres misteriosas, que alimentam o instinto de caça, mas escolhem segundo o princípio da familiaridade: mulheres que venham do mesmo meio e que tenham os mesmos princípios.
E sim, tendemos a escolher o mesmo tipo de pessoa, porque temos uma imagem ideal desde a adolescência e tentamos sobrepô-la às pessoas que encontramos.
O pai tem alguma coisa a ver com isso? “Tem. É o primeiro modelo que absorvemos, e as mulheres com pais equilibrados têm geralmente relações equilibradas. Mas isto não quer dizer que se escolha um homem igual ao pai, nem que se fique presa àquele modelo. Tudo depende das experiências que temos ao longo da vida.”
Com todas estas possibilidades, porque é que há tanta gente sozinha? “Porque há quem tenha muito medo de se apaixonar, de voltar a sofrer. Apaixonar-se pressupõe sair da zona de conforto, baixar as defesas, expor-
-se”, nota Margarida. “Muitas pessoas têm medo do olhar e do juízo do outro, têm medo de rupturas, e numa relação a dois as pessoas não são exatamente o mesmo que num fim de semana romântico. Alguns dizem-me: “Eu nem a empregada consigo lá ter em casa.” Dá trabalho conhecer uma pessoa e estamos a ficar mais egocêntricos, daí que tenhamos tanta gente sozinha.”


Confie na intuição

Imagine que encontra alguém. É possível num minuto perceber se uma pessoa é boa para si ou não? “A maioria das pessoas não consegue, mas a primeira impressão é poderosa. Num minuto, temos o contacto físico, o olhar, a expressão, o tom de voz, um conjunto de sinais em que a intuição nos diz se é para avançar ou não. Mas claro que tudo pode mudar. Num minuto, não se conhece ninguém.”
E não, não podemos forçar-nos a amar alguém. Não posso dizer: este homem é atraente, logo vou apaixonar-me por ele. “Porque muitas vezes ele tem tudo o que nós queremos mas por alguma razão não há ‘clic’. Há qualquer coisa que falta. Muitas vezes há características que nos atraem mas outras que nos repelem tanto que matam tudo o resto. Basta uma expressão, um olhar, um telemóvel… (risos) O ato de se apaixonar é emocional e inconsciente. Pode ser explicado, mas o ‘clic’ existe ou não…” Porque é que isto acontece? Muitas vezes, nunca chegamos a saber… E finalmente, acredita no amor à primeira vista? “Acredito na atração à primeira vista. O amor é outra coisa e dá mais trabalho do que isso.”

É possível amar qualquer pessoa?

“No sentido de que não existem metades nem almas gémeas, sim”, diz a terapeuta familiar Margarida Vieitez. “Mas esta ‘qualquer pessoa’ não é qualquer pessoa.” Podemos apaixonar-nos pelo primeiro homem que nos aparece? “Não. Ele tem de ter determinadas características. E muitas vezes confundimos o estar apaixonada por uma pessoa com o próprio estado de estar apaixonada.” Mas há boas notícias: existem muitas pessoas com quem podemos ser felizes.

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