O lar é o derradeiro refúgio para todos aqueles que o usam para habitação própria e permanente. Esse fator leva-nos a entender o motivo para ser um dos últimos bens de que as pessoas se desfazem em situações de, por exemplo, problemas financeiros ou de morte de um ente querido. Isto acontece, muitas vezes, por ter um valor sentimental que não tem preço.
A casa é um refúgio onde todos nós nos sentimos seguros e protegidos, como se de uma fortaleza se tratasse. Para quem vive sozinho, é o espaço sagrado; para quem vive com um companheiro, é o ‘ninho’; para quem vive com a família e filhos, é o lugar da azafama, mas também da proteção. A partir da geração Y (millennials), vivemos de experiências e, cada vez mais, é disso que se trata: de experiências.
As gerações anteriores procuravam apenas um lugar para criar os filhos e é verdade que, em situações económicas desfavoráveis, o que interessa é o espaço para poder viver e oferecer segurança ao núcleo familiar. No entanto, num enquadramento mais amplo, hoje valorizamos outras coisas como, por exemplo, a luz, a amplitude, os tons, a paisagem e os locais de acessibilidade.
As novas gerações valorizam questões como ter acesso rápido à internet e, com a pandemia, a existência de um espaço exterior para conseguirem respirar após longos períodos de confinamento. Fala-se cada vez mais em Feng Shui, ou seja, naquilo que a casa transmite a nível energético. Cada pessoa que visita um imóvel utiliza mais os sentidos do que propriamente a racionalidade. É muito frequente que o olfato e a audição constituam aspetos decisivos na hora de avançar com a compra. Hoje, mais do que o T2 ou o T3, há a valorização da experiência que se quer ter naquele determinado momento de vida.
Para quem trabalha no setor imobiliário, será que faz sentido continuar a apostar no T2 ou T3? Ou será que quem procura um imóvel prefere outro tipo de fatores para lá viver? Queremos que o mediador que nos acompanha utilize diga “Aqui é a cozinha” ou “Nesta cozinha consegue tomar o seu pequeno-almoço em paz”? E para si, que procura um determinado imóvel, será que quer mesmo um T3, ou valoriza outros fatores?
Hoje não basta viver num imóvel; há a necessidade de “sentir” o imóvel, o que transmite, e as possibilidades que lhe dá.