O verão é uma estação propícia ao relaxamento, aos excessos e ao descanso absoluto… por outro lado, parece que o tempo “estica” e permite que olhemos para nós e que ouçamos os apelos mais íntimos à mudança: dieta, exercício, desacelerar o ritmo, fazer melhor dali em diante. Assim sendo, quando o verão termina, fica a consciência do que seria bom corrigir ou melhorar para, no próximo tudo poder ser ainda melhor, mais consistente com o que queremos que nos defina.
As imagens que ficam na memória do corpo de verão levam ambos os sexos a procurar cirurgias de contorno corporal. A lipoaspiração assume um papel de destaque.
LIPOASPIRAÇÃO
Eliminar a gordura localizada do dorso e da parede anterior do abdómen é um objetivo quase universal. A lipoaspiração permite esculpir o corpo, resgatar a forma de outros tempos ou criar os contornos idealizados. Diminuir a percentagem de massa gorda é sempre benéfico e, frequentemente, funciona como um estímulo poderoso para uma efetiva mudança de hábitos que nos tornarão mais saudáveis.
A recuperação, durante o pós-operatório desta intervenção, que praticamente não tem cicatrizes (mas não deixa por isso de ser uma cirurgia) deve ser levada a sério. O uso de cinta compressiva, drenagem linfática, alívio da dor e do desconforto, assim como a limitação da atividade laboral são tópicos a ter em conta na preparação da cirurgia. Os resultados são gratificantes e impressionam.
ABDOMINOPLASTIA
A abdominoplastia faz parte de um léxico que entusiasma e assusta, mas desperta muita curiosidade. Eliminando a gordura em excesso, o que acontece à pele que fica vazia, sem conteúdo? A abdominoplastia remove esta pele que sobeja e não só! Permite também reparar a parede muscular do abdómen, corrigir eventuais hérnias que estejam presentes e melhorar a aparência do umbigo.
Recuperar a silhueta de antes da gravidez é um feito muito significativo na vida de inúmeras mulheres. São duas as cicatrizes da abdominoplastia: em redor do umbigo, que passa para uma nova posição e, mais abaixo, coberta pela roupa interior, a cicatriz maior, que resulta da remoção da pele. Associar a lipoaspiração à abdominoplastia é mandatório, pois só assim o resultado fica perfeito.
LIPOASPIRAÇÃO HD
A lipoaspiração HD ou lipoaspiração de alta definição também são procuradas. Esta técnica de lipoaspiração de elevada definição é a mais “precisa” e deve ser entendida como uma forma de aperfeiçoamento da escultura do corpo, deixando toda a musculatura da área que foi tratada (frequentemente o abdómen) em evidência. Quando o treino regular e uma dieta cuidada não conseguem ir mais além, esta técnica específica de lipoaspiração está indicada.
Esta não é uma intervenção para pessoas com excesso de peso, especificamente para aqueles com muita gordura intra-abdominal, com baixo tónus muscular e estilo de vida sedentário, uma vez que os resultados ficarão muito aquém do esperado. Vai, sim, ajudar quem já se encontra em boa forma física, com um peso próximo do peso ideal, saudável e com hábitos desportivos regulares a alcançar um corpo mais atlético, com os contornos dos músculos bem definidos e salientes.
É uma intervenção cirúrgica que se realiza sob anestesia local com sedação ou anestesia geral e, normalmente obriga a internamento de curta duração. Tal como qualquer lipoaspiração é mandatório o uso de cinta compressiva em média durante 60 dias e apoio da fisioterapia para uma recuperação célere e com boa evolução cicatricial.
Com o olhar posto no universo feminino, a cirurgia mamária e palpebral não podem ser esquecidas. É com frequência o verão que dita o momento do “basta! eu não quero estar assim”.
CIRURGIA MAMÁRIA
A redução mamária é uma conquista para quem tem a qualidade de vida ameaçada pelo volume e peso mamários em excesso. Intimidade, autoestima, prática desportiva, interação social e desempenho laboral ficam prejudicados. Assim, a mamoplastia de redução vai remover o tecido adiposo e glandular em excesso, bem como a pele redundante, tornando a mama mais pequena, mais leve e mais firme. As cicatrizes distribuem-se em redor da aréola, que fica também mais pequena e regular, seguindo depois verticalmente em direção ao sulco infra mamário. Assim, teremos a típica cicatriz em forma de âncora ou a sua versão mais simples, sem a componente horizontal, conforme as características da mama e a técnica utilizada.
Uma história de doença da mama em curso, massas ou nódulos mamários não esclarecidos, pós-parto e amamentação, doenças da cicatrização, obesidade grave, diabetes descompensada, patologia cardíaca e vascular grave são contraindicações para a cirurgia, assim como expectativas irreais no que respeita ao resultado cirúrgico ou ao compromisso necessário com o plano de recuperação pós-operatório.
O aumento mamário é indicado para mulheres que procuram harmonia, equilíbrio com o corpo e ajuste de proporções, pois o tórax ficou desprovido de volume na região mamária, ou tem um volume insuficiente para compensar a largura das ancas. Algumas têm uma hipoplasia mamária, isto é, a mama não se desenvolveu como esperado, outras mulheres estão desgostosas com as alterações involutivas da glândula mamária que sucedem à gravidez/ aleitamento materno ou que decorrem da perda de peso significativa. Outras ainda, tem um volume mamário considerado normal e que pretendem aumentar dimensões, aumentar a firmeza e alterar a forma.
É reconhecido, entre a comunidade científica, que o aumento do volume mamário está estreitamente associado à melhoria da autoimagem feminina, da autoestima e do desempenho pessoal e profissional, tendo um impacto psicológico positivo com diminuição dos níveis de ansiedade e depressão. A cirurgia é realizada sob anestesia local com sedação em regime de ambulatório. Normalmente são colocados implantes mamários de silicone, revestidos por camadas de silicone mais denso e menos elástico, com um conteúdo de gel coesivo de silicone que não extravasa em caso de rutura. Nalguns casos, é possível concretizar o aumento mamário com a própria gordura da mulher, quando há complacência suficiente da pele da mama e em simultâneo, há capital adiposo em abundância para o permitir.
CIRURGIA PALPEBRAL
Também a região periocular é alvo de atenção particular nesta altura. O excesso de pele é um impedimento para a maquilhagem, cuja qualidade se torna mais difícil de manter. As rugas e pregas que resultam da pele que sobeja, também impedem um bronzeado uniforme. Ao invés, surge um tom mais escuro mas listado, com traços brancos no lugar das tais rugas e pregas. A blefaroplastia, ou cirurgia das pálpebras é a abordagem mais completa no tratamento da flacidez cutânea palpebral e do excesso ou mau posicionamento da gordura periorbitária, sinais que acompanham o envelhecimento. Esta pequena cirurgia envolve a remoção do excesso de pele e, no caso da pálpebra inferior, trata também a laxidão palpebral.
As cicatrizes ficam camufladas nas pregas naturais da pele, no caso da pálpebra superior. No caso da pálpebra inferior a incisão pode ficar logo por baixo das pestanas. Em casos específicos, e somente no caso da pálpebra inferior, pode ser usada a via transconjuntival, que permite realizar o procedimento, sem que haja nenhum corte na pele da pálpebra. Com anestesia local apenas ou local e sedação, a cirurgia é realizada sem necessidade de internamento e a recuperação é inferior a duas semanas e não é dolorosa. As cicatrizes ficam camufladas nas pregas naturais da pele, ou seja, no caso da pálpebra superior a marca/cicatriz fica na prega que a pálpebra faz quando abrimos o olho e é praticamente impercetível.
Até à fase em que a cirurgia é a única solução para rejuvenescer o olhar, é necessário ter cuidado com o sol pelos danos que causa à pele, nomeadamente à pele sensível da pálpebra, abolir o tabaco e adotar estilos de vida saudáveis que ajudem no controlo do peso e na qualidade do sono, para evitar inchaços repetitivos das pálpebras.
Seja qual for a sua vontade, procure um especialista, discuta opções e tome decisões informadas.
Dra. Ana Silva Guerra
Especialista em Cirurgia Plástica Reconstrutiva e Estética no Hospital CUF Descobertas e na Clínica CUF Alvalade
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