Em algumas ligas profissionais, estas lesões de stress estão descritas entre as 5 lesões mais frequentes.
Com o aumento de praticantes amadores de desporto é cada vez mais frequente haver diagnósticos de reações de stress nesta população. Estas acometem sobretudo a tíbia (dor nas canelas), mas podem surgir noutras localizações –pé, bacia, fémur, coluna…
Qual é a causa?
O mecanismo que leva ao surgimento destas patologias é a sobrecarga do segmento, ou seja, uma sucessão de pequenos traumatismos de pequena intensidade que se acumulam – por exemplo durante em corridas ou saltos sucessivos. Um pouco como o descrito pelo ditado popular “água mole em pedra dura…”.
Existe maior risco de fraturas de stress em atletas a iniciar ou que aumentaram recentemente a sua carga de treino, atletas com défice nutricional ou com desvios do eixo da perna ou pé (por exemplo, pés cavos ou rasos). Há também um risco aumentado com a idade, no género feminino e em algumas modalidades, como a corrida.
Quais são os sintomas?
Clinicamente estas reações manifestam-se com dor na área afetada. Esta por vezes assume as características de “aperto”, “queimadura” ou “pontada”. Pode ocorrer dor à palpação ou percussão da área em questão e, mais raramente, edema (inchaço) ou vermelhidão. A sobrecarga pode aparentar ser ligeira e o atleta pode sentir-se bem em todos os outros aspetos do seu treino, além da dor. Numa fase inicial, a dor agrava-se com o desporto e tende a melhorar com o descanso; em casos mais graves a dor pode persistir mesmo em repouso.
Como se diagnostica?
A confirmação do diagnóstico passa por exames auxiliares. O estudo inicia-se muitas vezes com radiografia da área afetada; todavia, esta revela-se muitas vezes insuficiente para o diagnóstico uma vez que é normal nas fases iniciais da doença. O diagnóstico definitivo destas lesões passa, quase sempre, pela Ressonância Magnética Nuclear (RMN); esta permite estabelecer um diagnóstico precoce e estratificar o grau de severidade, o que tem importância prognóstica e influencia o tratamento.
Existe tratamento?
O tratamento passa pela interrupção da atividade em causa por um período de várias semanas. São agendadas consultas de ortopedia periódicas para reavaliação clínica; a reavaliação radiológica geralmente não é necessária. Neste período de paragem podem ser benéficos os exercícios de reforço muscular e de mobilidade articular. Em casos graves e raros em que a fratura de stress evolui para uma fratura completa pode ser necessária intervenção cirúrgica.
Além do tratamento em fase aguda é fundamental a prevenção da recorrência. Pode ser necessária a correção do gesto técnico e adequação das cargas de treino com a colaboração de fisioterapeutas e treinadores, ajuste nutricional com a colaboração de nutricionistas e adequação do calçado e confeção de palmilhas (de suporte ou de correção) com a colaboração de podologistas.
A importância de uma intervenção precoce
A dor na perna em desportistas é um problema de frequência crescente com o aumento de popularidade dos desportos de corrida. O diagnóstico é clínico, geralmente com o auxílio de RMN e o tratamento exige paragem desportiva e abordagem multidisciplinar. Na presença de sintomas não hesite em procurar avaliação médica para uma intervenção precoce e um tratamento mais eficaz.
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