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– E então, como é que podemos distinguir uma pessoa que nos faz bem de uma pessoa tóxica?

– Prestando atenção às nossas emoções. Elas dizem-nos quem gosta de nós e quem é tóxico. Assim como o nosso corpo nos avisa se temos fome ou cansaço, também nos avisa de que aquela pessoa não te faz bem. Aquela pessoa que nos cansa, que nos suga energia, que nos deixa com um sentimento de insatisfação, que é insatisfeita, está sempre insatisfeita, deixa-nos tensas e sob stresse, mente-nos, essa pessoa é tóxica para nós.

– Porque é que mantemos essas pessoas nas nossas vidas?

– Porque todos nós queremos ter uma relação, um amigo, queremos pessoas nas nossas vidas, precisamos de afectos, mas não pensamos na qualidade dessas relações, e isso afecta-nos imensa. O contágio emocional é enorme e poderoso.

– As emoções contagiam-nos?

– Claro, ainda que inconscientemente: a paz, a alegria, o entusiasmo, a satisfação, são tão contagiantes como emoções negativas, mas nem nós nem a outra pessoa nos apercebemos disto. Temos de perceber uma coisa: que somos nós que escolhemos os outros, está na nossa mão escolher as pessoas que temos na nossa vida, elas não nos são impostas.

– Diz a certa altura no livro: ‘Não se desencontre de si em busca da sua felicidade’ – este movimento de descentramento de nós para os outros continua muito típico das mulheres, não é?

– Sim, é muito feminino este colocar da nossa felicidade nas mãos dos outros. E é muito perigoso, porque a partir desse momento elas influenciam-nos e têm poder sobre nós, e não conseguimos controlar isso. Pode ser muito desgastante e fazer-nos muito mal. Mais uma vez, o poder e influência que os outros têm sobre nós, somos nós que devemos controlar, porque não são os outros que escrevem a nossa vida.

– Mas temos muita consciência de culpa desse afastamento dos outros?

– Completamente! Temos muita dificuldade em dizer o que pensamos e o que sentimos com medo de magoar o outro, temos dificuldade em dizer ‘não quero isto, não é o melhor para mim’ e também temos dificuldade em pensar que somos nós que escolhemos os outros e não os outros que nos escolhem a nós. A solidão e a carência afectiva doem-nos muito, preferimos o ter ao ser. E depois temos muito medo de ser nós próprios, de não sermos aceites. Mas temos de ser inteiros, porque se andamos à procura da ‘metade’, do complemento, nunca seremos donos da nossa própria vida.

– Mas não se pode cair no extremo oposto de querer a pessoa perfeita…

– Claro que não, até porque isso não existe. Nós não devemos querer a pessoa perfeita, mas a pessoa que gosta de nós, que nos faz sentir bem, que nos ajuda a sermos pessoas melhores. E uma coisa importante: não devemos aceitar as que dizem que gostam muito de nós, mas depois tudo aquilo que fazem prova o contrário.

– É o que as pessoas fazem que conta?

– Claro que sim. O mais importante são os comportamentos, não as palavras. Quem gosta de nós interessa-se por nós e pela nossa vida, estimula-nos a ser melhor, não quer que sejamos outra pessoa, aceita-nos como somos, apoia-nos, está presente, e acima de tudo escuta-nos. Quem gosta de nós, ouve-nos. Quem não gosta vira as costas. É às pessoas que a escutam que deve dar a sua atenção.

– Mas por que é que tantas vezes desprezamos quem nos ama e perseguimos quem nos faz sofrer?

– Tem a ver com esta crença irracional: o amor é sofrimento. E não há nada mais errado. E depois, temos a crença igualmente irracional de que toda a gente é boa. O que também não é verdade. Quando encontramos alguém que precisa de ajuda, lá vamos nós cheias de boa vontade ajudar. Só que depois, damos damos damos, e recebemos tão pouco! Gera-se um desequilíbrio muito grande na relação, com o passar do tempo geram-se também muitas dependências, e depois é cada vez mais difícil sair da relação. Só recebemos migalhas: migalhas de bem-querer, migalhas de atenção, e como é que os outros nos vão tratar se nós não pedimos mais? Se achamos que ficamos bem assim, o que é que vamos receber? Migalhas.

– Se eu tenho uma relação que só me dá migalhas, o que é que posso fazer?

– Pergunte a si própria porque é que aceita tão pouco. E depois, pense quem considera ser o melhor para si, o que é que procura, porque é que aceita ter metade ou ainda menos? O livro tem muitas questões no sentido de a ajudar a procurar as respostas.

– Isto não tem só a ver com casais…

– Sim, é uma coisa que atravessa casais, amigos, família, trabalho. As nossas relações mais íntimas estão ligadas às nossas emoções.

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