
Alguma vez ouviu falar em vieses cognitivos?
“São atalhos mentais que utilizamos para dar sentido ao nosso mundo. Eles ajudam-nos a afunilar opiniões, reduzir a complexidade e melhorar a tomada de decisões”, explica a doutoranda em Psicologia Clínica Nawal Mustafa no Instagram.
Porém, acrescenta a especialista, eles também têm defeitos. Devido à nossa cultura, crenças e preferências, podemos favorecer uma ideia em detrimento de outra, mesmo quando existem opções melhores e mais racionais a serem consideradas. “Penso que é útil estarmos consciente destes vieses que enganam o cérebro, para que possamos ser mais objetivos na tomada de decisões”.
Eis cinco exemplos:
- Viés de confirmação
É a tendência para procurar, interpretar, favorecer e lembrar-se de informações de uma forma que apoie as próprias crenças. Este padrão pode ser prejudicial porque nos leva a acreditar em informações falsas, reforçando preconceitos e estereótipos pessoais. Além disso, impede-nos de olhar objetivamente para determinadas situações e tomar decisões adequadas.
*Exemplo: acredita em fake news nas redes sociais porque os conteúdos que lhe são mostrados coincidem com as suas perspetivas tendenciosas. - Viés de retrospectiva
É a tendência para sobrevalorizar o resultado de um evento depois de ele ter acontecido. Alguns investigadores referem-se a ela como o fenómeno do ‘eu sempre soube’. Isto pode influenciar-nos a pensar que podemos prever corretamente o desfecho de outros eventos futuros.
*Exemplo: depois de ter sido traída numa relação que acreditava ser feliz, durante o processo de luto, conta a uma amiga e diz-lhe que, de alguma forma, sabia que isto ia acontecer. - Efeito de mera exposição
É a tendência para gostar de coisas, pessoas e circunstâncias a que estamos expostos constantemente. Isto pode ser contraproducente no sentido em que nos leva a tomar decisões com base apenas na familiaridade; o que minimiza a nossa vontade de verificar factos e procurar fontes credíveis numa tomada de decisão.
*Exemplo: compra algo só porque viu várias pessoas influentes a promoverem esse produto. - Medo de ficar de fora
Faz referência aos sentimentos de preocupação resultantes de reconhecermos que podemos não estar a viver experiências agradáveis ou compensadoras comparativamente aos outros. De acordo com investigadores, este receio tornou-se mais prevalente na era digital. Os nossos smartphones e apps lembram-nos do que os outros estão a fazer, tornando difícil desligarmo-nos dessas coisas e focarmo-nos nas coisas que importam.
*Exemplo: adere a mais experiências e atividades do que realmente lhe apetece (ou consegue lidar) porque não quer sentir-se excluída. - Viés de ancoragem
É a nossa tendência para usarmos a primeira informação que encontramos, muitas vezes sem o percebermos, como a base para futuros julgamentos e decisões. Isto pode resultar na sobrevalorização de alguns aspetos de uma situação e na desvalorização de outros.
*Exemplo: é mais provável que fique num namoro tóxico se o início desse relacionamento tiver sido positivo e bom.