Maria Serina e Isabel Canha são duas mulheres determinadas, comunicativas e empreendedoras. Com uma longa e interessante carreira no jornalismo, perceberam que eram os homens que tinham maior espaço na comunicação social para expressar a sua voz. Decidiram então destacar o que se faz no feminino. Há cerca de cinco anos lançaram o site Executiva.pt com o intuito de apresentar “mulheres para quem a carreira é uma parte muito importante da sua vida. Mulheres que encontram no trabalho mais uma fonte de realização pessoal, que se orgulham da sua competência, ambicionam progredir e ocupar os lugares de topo que merecem”.
Em conversa com a Activa.pt, Maria Serina e Isabel Canha falaram sobre o que aprenderam ao longo destes anos e sobre o mais recente livro que publicaram, Novas Lições de Liderança de CEO Portuguesas. As duas empreendedoras revelam algumas características que destacam estas mulheres de poder e deixam conselhos a todas as que desejam atingir objetivos nas carreiras, mas não sabem que ferramentas utilizar.
Quem são estas mulheres de sucesso e quais as características que têm em comum?
Existem diferenças entre as mulheres e os homens que estão em cargos de poder?
“Existe toda uma cultura que torna a vida destas mulheres mais complicadas do que as dos homens”, começa por explicar Isabel Canha, recordando que a sociedade ainda espera que o cuidado à família, por exemplo, seja feito no feminino. Contudo, a própria destaca que estas ideias estão a mudar. “Hoje os homens, especialmente os da nova geração, também querem ter tempo para as suas famílias, para acompanhar o crescimento das suas crianças, para os seus hobbies”.
Isabel Canha assume que existe um esteróetipo de que as mulheres no poder são mais conciliadoras, atentas, com maior inteligência emocional enquanto os homens mais competitivos e focados, mas alerta para o risco destas ideias preconcebidas. “São características que podem ser encontradas em cada um dos géneros. Não concordo que todas as mulheres sejam de uma forma e os homens de uma forma diferente”, diz, destacando que todas as pessoas podem desenvolver competências distintas, independentemente do género.
A ideia de que estas mulheres são mais emotivas e intuitivas é verdadeira?
Quais os principais obstáculos que estas mulheres colocam a elas próprias?
“Costumo dizer que há três sentimentos que as mulheres de carreira têm de gerir e saber ultrapassar: a culpa, o medo e a síndrome do impostor”, afirma Isabel Canha, explicando que o primeiro está associado ao temor de faltar aos que ama, o segundo ao receio de dar o próximo passo e arriscar e o terceiro a um flagelo muito atual. “A síndrome do impostor diz a estas mulheres que não são tão boas, competentes ou eficazes quanto as chefias lhes dizem quando as desafiam para novas funções. Isso leva-as a ter medo de aceitar, a querer fugir, a achar que vai correr mal e que vão ser desmascaradas”, explica, acrescentando que lidar com estas dúvidas é algo “muito duro”.
Mas as empreendedoras e profissionais de topo que Isabel Canha e Maria Serina conheceram ao longo da carreira provaram conseguir ultrapassar estas barreiras que colocam a elas próprias. “Se são afetadas por estas obstáculos, sabem geri-los e ultrapassá-los. Lidaram com isso e provaram ser fortes”, diz Isabel Canha, com Maria Serina a completar. “Todas as mulheres têm medo, mas estas não permitem que esse medo as prejudique. Elas avançam mesmo assim”.