João*, 32 anos, teve de crescer depressa quando começou a lidar com os problemas de alcoolismo do pai, que morreu há seis meses, aos 51 anos, por falência múltipla de órgãos provocada por anos de abuso de álcool. ‘Comecei a ter os primeiros confrontos com ele aos 15 anos, a avisá-lo que aquilo não podia continuar e que ele tinha um problema. Mas o alcoólico nunca admite que está doente…’ ‘Aquilo’ que não podia continuar eram as agressões verbais constantes dirigidas à mãe que descambaram em maus-tratos físicos as acusações, o terror. ‘O meu pai nunca bebia à refeição e nunca foi a uma taberna. Começámos a perceber alguns sinais: garrafas a tilintarem na mala do carro; o casaco sempre vestido para esconder a garrafa no bolso interior; a tendência para fugir de casa sem dizer onde ia. Comprava álcool, metia-se no carro e estacionava-o em qualquer lado para beber. Chegava a casa bastante alcoolizado e tinha reacções intempestivas.

Eu tinha de estar constantemente alerta.’ Um dia, aos 17, teve de o puxar pelos colarinhos para impedi-lo de agredir a mãe. ‘Só quem já conviveu com um alcoólico é que percebe o que é viver com essa pressão psicológica e a sensação de não querer entrar em casa. Houve uma altura em que explodi e dei por mim a chorar compulsivamente.’ Muitos dos familiares nunca suspeitaram da dependência que durava há anos. ‘Diziam que não era possível que isto tivesse acontecido a uma pessoa com tanta instrução. Mas o alcoolismo não escolhe idades, instrução ou classes sociais’, observa. ‘Discuti com ele muitas vezes, carreguei-o para casa, muito alcoolizado, fiz coisas que não lembram a ninguém.’ Há um ano e meio, os pais divorciaram-se. ‘Na última fase de vida, bebia duas ou três garrafas de uísque por dia. Limitou-se a beber até morrer.’ João garante que quem sobrevive à prova de viver com um alcoólico encara a vida com muito mais força. ‘Tornei-me mais intolerante a certas coisas, não só ao álcool. Sei que certas reacções intempestivas que tenho me ficaram daqueles anos de angústia. Não gosto de ser enganado, mas acabei por sê-lo, durante anos, com as promessas do meu pai de que tudo ia ficar bem. Previ que ele iria acabar sozinho, e foi o que aconteceu.’

‘Ele era obcecado por sexo’

Ana* tem 49 anos. Há 13, conheceu aquele que foi o seu companheiro por seis anos e com quem viveu uma paixão que quase a levou à loucura. ‘Ele era sensível, pensava apenas em fazer o bem, era companheiro e sedutor. Não tinha nenhum defeito, para além da obsessão por sexo. Chegou a dizer-me que, para ele, isso era tão necessário como o pão para a boca’, recorda. ‘A primeira coisa que queria fazer, mal acordava, era sexo. A cena repetia-se à hora de almoço, à noite, e até de madrugada me acordava. Começámos a ter zangas porque ele me propunha coisas que iam contra a minha natureza: troca de casais, sexo a três, filmar-me a ter sexo com outras pessoas.’ Chegou a fazer sexo com o companheiro mesmo com febre, com uma inflamação pulmonar e enquanto estava de cama, no hospital, em convalescença de uma cirurgia à mama. Se Ana ousasse dizer não, ele recorria à prostituição de luxo.

‘Estava doente. Cheguei a marcar-lhe consultas, dava-lhe livros para ler sobre o assunto, mas dizia que o problema era meu e que devia estar muito feliz por ter um companheiro que sentia desejo por mim. Sentia-me usada! Não estávamos no mesmo patamar de amor. Entrei em depressão e fiquei muito irritável.’ Foi acompanhada por um psiquiatra e uma psicóloga. Um dia, decidiu acabar a relação. ‘Ele respeitou a minha decisão e nunca mais apareceu. Soube que, passada uma semana, já tinha namorada nova.’ Mas ela também refez a vida, longe de amores obsessivos. ‘Fazer amor é algo de que necessitamos para manter o equilíbrio, mas distingo ‘ter sexo’ e ‘fazer amor’. Hoje tenho uma relação óptima, de paz e tranquilidade.’ O psicólogo Pedro Hubert, especialista em tratamento de dependências, confirma que a dependência de sexo é uma doença, embora poucos estejam preparados para o assumir numa sociedade onde a virilidade é tão importante.

‘Não passa só pelo sexo, mas também pelo jogo de sedução. Geralmente, são pessoas com uma auto-estima baixa e só se valorizam na conquista. Alguns estudos apontam para o facto de, em crianças, não terem conseguido estabelecer ligações afectivas com a mãe ou o pai ou de terem sido alvo de abusos sexuais, que as levaram à perda da noção de privacidade e intimidade.’

‘Dizia-me que tinha sido assaltado’

Carlos* e Manuela* são amigos, ambos na casa dos 60, e reaprenderam a sorrir ao fim de muitos anos a viver o drama dos filhos, dependentes de heroína. A saga de Manuela começou ainda o filho andava no liceu. Os pedidos de dinheiro vinham disfarçados de pequenas mentiras. ‘Houve uma altura em que quase todos os dias me dizia que era assaltado. De cada vez que lhe comprávamos roupa nova, tinha de ser de marca. E eu acreditava!’ Quando foi confrontada com o choque da verdade, tentou ser firme. ‘Uma vez, caí na asneira de lhe levantar a mão. Fechei-o no quarto e saí de casa. Quando regressei, vi mobília a voar pela janela. A vizinhança assistia e eu estava cheia de vergonha.’ Para o filho mais novo de Carlos foram quinze anos de consumo, iniciados na adolescência, com vários tratamentos, fugas consecutivas e o abandono precoce do liceu. Até que um dia o inferno em que a casa se tinha transformado obrigou o pai a pedir-lhe para sair. Foi o ‘empurrão’ necessário para que o filho repensasse a sua vida. ‘Hoje acabou um curso universitário. Se há 15 anos me dissessem que isto acontecia, jamais acreditaria’, conta Carlos. Manuela passou pela mesma experiência. ‘O meu filho deixou o liceu também. Depois de alguns tratamentos, fez um que resultou. Casou há oito anos e tem três filhos. Foi um milagre!’ Parte da cura de que necessitavam, como pais, passou pelas reuniões das Famílias Anónimas, um grupo que tem por objectivo apoiar familiares e amigos de toxicodependentes. ‘Foi o meu filho, que estava nos Narcóticos Anónimos, que me disse para vir’, conta Manuela. Ali, onde não há sobrenomes, nem inscrições, aprendeu a deixar de centrar a sua vida nos problemas do filho. Uma vez por semana, debatem um tema e partilham experiências. ‘A grande vantagem é que, ao seguirmos o mesmo modelo de reunião dos Narcóticos Anónimos, o entendimento com o dependente é muito maior. Passamos a falar a mesma língua’, observa Carlos.

‘É importante aprender a dizer não’

A maioria das pessoas que contactam as Famílias Anónimas são pais. ‘Estão desesperados, já tentaram tudo e já tudo falhou’, continua Carlos. Convivem diariamente com o medo de uma overdose, de doenças mentais que o uso de drogas pode desencadear, do risco de infecção de VIH e hepatite ou de que os filhos sejam presos.

E depressa ficam a conhecer neles uma faceta até aí desconhecida. ‘Podem ser muito sedutores e manipuladores’, observa Carlos. ‘Contam-nos as maiores mentiras transformadas em histórias verosímeis. Começam por dizer que precisam de mais dinheiro, roubam em casa, perdem toda a disciplina. Conseguem pôr o pai contra a mãe.

Muitos casamentos de pais de toxicodependentes acabam em divórcio. Há até casos de pais vítimas de violência física por parte dos filhos.’ Como se aprende a sobreviver? ‘Chamamos-lhe amor firme’, diz Carlos. ‘É importante aprender a dizer ‘não’, a impor limites e a levar as sanções até ao fim.’ Isso pode passar por pedir ao filho que saia de casa e, ao mesmo tempo, estar preparado para ajudá-lo. ‘Por isso é que os familiares devem estar serenos e senhores de si, ou correm o risco de ficarem dominados por uma raiva enorme’, diz Carlos.

‘O jogador não sabe parar’

A experiência do psicólogo Carlos Céu e Silva no tratamento de jogadores patológicos já lhe ensinou o suficiente para lhes traçar um perfil. ‘O jogador finge para os outros e para si próprio. Idealiza o sucesso, mas não sabe lidar com ele, nem com o dinheiro ou o bem-estar. Se ganhar, não sabe parar. Sente-se permanentemente insatisfeito e procura essa satisfação nas emoções fortes. Tem a perspectiva irrealista de que amanhã tudo vai mudar. É muito confiante, acha que pode desafiar Deus e ganhar.’ Alguns sinais de alerta são a instabilidade no comportamento, discursos irrealistas e mudanças frequentes de emprego e hábitos. ‘Há casos de pessoas que escondem vidas duplas durante anos: dívidas, casas hipotecadas ou vendidas sem que a família saiba. Esta, por vezes, só é confrontada com a realidade quando já não tem nada.’ O jogador fomenta a tranquilidade em casa, para não despertar suspeitas. ‘Quando a família sabe a verdade, ilude-a dizendo que vai jogar pela última vez ou que o valor não afecta o orçamento’, continua o psicólogo. Às vezes, é tarde demais para recuperar a confiança e grande parte dos casamentos termina em divórcio. O psicólogo Pedro Hubert adianta: ‘Os meus pacientes de jogo têm, quase todos, um quociente de inteligência elevado e cargos importantes. Um deles levou uma vida dupla durante anos. Ganhava dois mil contos por mês, entregava 400 contos em casa e gastava o resto no casino. Um dia, deixou mulher, filho e trabalho, e foi viver para outro lado, na ilusão de conseguir montar um negócio. Desenvolveu outra dependência de contornos muito semelhantes aos do jogo: a cocaína.’

Uma dança a dois

A dependência é uma doença crónica, de recaídas e de família, pois é ela que sofre as consequências do comportamento do dependente. ‘Os familiares sentem impotência ao ver alguém que amam a destruir-se aos poucos. Por outro lado, vivem sentimentos de culpa, inadequação, estigma e pressão social’, observa Pedro Hubert.

Há 30 anos, os psicólogos começaram a reparar em familiares que eram incapazes de ser firmes. ‘Chamaram-lhes co-dependentes. São e foram muito permissivos com o dependente, ameaçam, mas nunca cumprem as sanções. Só conseguem estar com ele enquanto está doente; quando entra em recuperação, ‘ressacam’, pois estão tão obcecados em gerir o comportamento dele que não conseguem levar as suas vidas em frente. Há pais de toxicodependentes que, depois de os filhos lhes terem feito tudo de mal, chegam aos centros de tratamento a oferecer-lhes viagens e a dizer ‘veja lá se o meu menino dorme bem’. Estão a perpetuar os mesmos erros que fizeram quando eles eram pequenos’, conta Pedro Hubert. ‘Muitas filhas de pai alcoólico escolhem para maridos ou companheiros homens que têm problemas de jogo, drogas ou álcool. A dependência é quase sempre uma dança a dois. A mulher co-dependente de um adicto em recuperação continuará a tratá-lo como um irresponsável, quando o que precisa é de mais responsabilidade e que imponham limites’, analisa Pedro Hubert. ‘Se não o fizer, só estará a puxá-lo, de novo, para dentro do círculo de adição.’

Manual de sobrevivência

O psicólogo Pedro Hubert fala-nos das regras vitais para quem não desiste de ajudar um familiar dependente.

Seja firme: ‘Não lhes podem dar trégua, devem ser assertivos e dar-lhes a escolher: ou tratamento ou saem de casa. Se não o fizerem, deixam-se arrastar para uma espiral de desespero.’ Não esqueça: ‘Tal como os dependentes só se lembram dos momentos bons da sua dependência, os seus familiares têm tendência para os protegerem e esquecerem-se do que estes lhes fizeram.’ Dê-lhe espaço: Às vezes, ser firme implica uma separação do dependente, não só para salvaguardar a sua sanidade mental, como para lhe permitir responsabilizar-se pelos seus actos e evoluir. ‘Pode passar por dormirem em quartos separados, separarem contas e dinheiros. Sou o primeiro a dizer às mulheres de dependentes que, mesmo que o marido esteja bem há dois ou três meses, se mantenham afastados por mais uns tempos para permitir que eles evoluam e se tornem mais autónomos.’ Esteja preparada para ajudar: ‘O mais importante é dizer: ‘Estou do teu lado e vou apoiar-te, mas vais ter de fazer alguma coisa e ir para tratamento, ou irão existir consequências.” Não se isole, peça apoio: ‘O familiar deve frequentar grupos como as Famílias Anónimas para recriar os seus objectivos e aprender a estabelecer limites.’

Ajuda para familiares

Contactos úteis de grupos de apoio para família e amigos de dependentes:


Al-Anon: (álcool) Tel.: 21 216 03 97/91 718 09 36


Famílias Anónimas: (droga) Tel.: 21 453 87 09


Co-dependentes anónimos: Tel.: 21 840 57 31

Cristina Tavares Correia

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