É a primeira mulher em 225 anos de história a ser provedora da Casa Pia e é-o numa das fases mais difíceis da instituição: uma altura em que os olhos do País e do mundo estão voltados para os tão divulgados casos de abusos sexuais de crianças.
Perseverante e com a impaciência "de um revolucionário", Catalina confessa-se hoje uma mulher bem mais triste do que há uns anos. A alegria fugiu-lhe da alma ao mesmo tempo que ouvia relatos aterradores de meninos abusados, alguns tão violentos que lhe provocaram uma verdadeira reacção de mal-estar físico. Considera que todas as pessoas são, em última instância, responsáveis pelo silêncio que durante tantos anos envolveu o drama que recentemente explodiu na Casa Pia: porque todos deveriam ter tido a capacidade de observar e escutar, começando por ela própria.
As sequelas de um acidente vascular cerebral tornam mais pausadas as palavras de Catalina Pestana, mas não impedem que aqui e ali se torne veemente e incisiva, erguendo a voz para defender os direitos das crianças da Casa Pia e de todos os meninos que podem estar expostos à maldade dos homens. Uma das coisas que assusta a provedora é não ser possível saber se uma criança está ou não perante um abusador, porque são pessoas como quaisquer outras. Outro dos seus medos é pensar que se pode transmitir às crianças a ideia de que os adultos são maus.
Clique para subscrever a NEWSLETTER ACTIVA.pt!