Podia estar aqui por ter sido professora catedrática durante uma vida inteira, por ter sido vice-reitora da Universidade de Lisboa, por ter publicado livros e artigos ou por ter conseguido ter seis filhos e mesmo assim continuar a ser uma das mais importantes investigadoras portuguesas na área da linguística. Por tudo isso Maria Helena Mira Mateus, 74 anos, já mereceria um prémio, mas o seu projecto mais recente mostra como a língua portuguesa pode ser uma fonte de integração – ou desinteracção – social.
O projecto ‘Diversidade Linguística na Escola Portuguesa’, de que é coordenadora-geral, desenvolvido em parceria com o Ministério da Educação e a Gulbenkian, analisa a presença das crianças imigrantes nas escolas do 1.º e 2.º ciclo da Grande Lisboa e tenta saber a resposta a perguntas como: qual é a sua língua materna? Quais são as dificuldades dessas crianças e dos seus professores? Quais são as diferenças culturais e linguísticas que as provocam? Depois deste levantamento exaustivo, o projecto centrou-se nos quatro grupos mais representados (indianos, chineses, cabo-verdianos e ucranianos).
Através de textos escritos e descritos pelas crianças, fez-se o levantamento dos tipos de dificuldades linguísticas e realizou-se um CD-ROM, já enviado a 500 escolas, que inclui desde informação sobre o projecto a informações completíssimas sobre as 4 línguas e sua cultura. A parte final do projecto será um documento sobre estratégias didácticas, para que os professores sejam capazes de respeitar a língua de origem e ensinar português a estas crianças, muitas das quais, sem esta ajuda, fadadas ao insucesso escolar. "Fomos um país de emigrantes e não de imigrantes, e hoje temos nas mãos uma diversidade com a qual não sabemos lidar. Isto vai exigir professores formados de outra maneira, para que estas crianças consigam ter uma vida integrada na sociedade."
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