Um dia saiu da sala e entrou na cozinha… para meter mãos à obra. Artur Castro Santos é o chefe da Casa da Dízima, uma das mesas mais requintadas da linha de Cascais. Em funcionamento há 9 anos, este restaurante assenta num edifício com mais de quinhentos, onde se prestava tributo (a dízima) ao Rei sobre os produtos transacionados no Cais da Caldeira, em Paço d’Arcos. Artur começou nesta Casa como chefe de sala. Fazia questão de saber todos os ingredientes e preparação dos pratos, guiando os comensais por uma experiência de sabores e néctares única. Cozinheiro autodidata, depressa cresceu na rotina enriquecedora de ir fazer as compras, de conhecer produtos e fornecedores, de tratar desta Casa como se fosse um palácio. Um dia, a oportunidade surgiu e quase de um momento para o outro mudou-se para o lado de lá da trincheira, assumindo a responsabilidade de chefe executivo. “Confesso que a transição não foi difícil. Afinal, já sabia como as coisas eram feitas.” O primeiro prato que se lembra de ter criado foi o folhado de bacalhau, um dos ex-líbris da Casa da Dízima. “Tinha provado um folhado que não me agradou. Mas gostei da ideia e decidi fazer a minha versão. Hoje, é um prato que está na carta desde que o idealizei e que tem feito furor em mostras gastronómicas.” Com uma carreira de quase 30 anos dedicada à hotelaria, formou-se como cozinheiro de primeira na Escola de Hotelaria e Turismo do Estoril. Caracteriza a sua cozinha como internacional, sem dispensar como base o receituário tradicional português. Dedica o seu dia a “ler, comer, transformar, ter ideias, experimentar e pôr em prática”. Com o apoio na sala de Pedro Baptista, sommelier e cicerone da Casa da Dízima, aposta num menu diversificado: “Ser diferente, mas ao mesmo tempo ir ao encontro de uma clientela exigente é a chave do sucesso.” Receita? “O trabalho de equipa. Na Casa da Dízima somos como uma família.” Entre os pratos da carta de que mais gosta realça o folhado de caça, ao qual chama, carinhosamente “o meu menino.” Debaixo das abóbadas em tijolo ou na magnífica açoteia com vista para o rio e para o mar, o Artur merece o tributo, pelos seus pratos deliciosos. E por ser do Benfica, podemos até chamar-lhe ‘rei’ Artur…
Casa da Dízima
R. Costa Pinto, 17, Paço d’-Arcos
Tel. 214.462.965