Falo -vos disto novamente , questão já amplamente debatida por aqui, graças a uma história cujo final infeliz  ouvi há uns meses. Curiosamente, vim a ter notícias da maior e mais irritante mulher da luta que já me foi dado conhecer – ou da segunda maior, vá, que distribuir justamente os lugares num pódio destes é tarefa ingrata: nunca conheci uma de que gostasse, ou que não fosse desequilibrada noutros sectores. Uma mulher desesperada é, temporária ou permanentemente, uma grande maluca, com sérios parafusos soltos. Mas divago: a mulher em causa, chamemos-lhe J., tinha um namorado desde os tempos de liceu. Com os anos, ela desleixou-se na aparência e no brio: ele, no entanto, era um rapaz de magnífica presença mas pouco juízo, e solicitações não lhe faltavam. As faltas de respeito não tardaram e o namorado, chamemos-lhe R., dava todas as provas de já não estar empenhado na relação. Mas ela meteu na cabeça que estavam juntos para a vida e que tinha de ser assim, por pouca felicidade que isso lhe trouxesse. Terminaram inúmeras vezes e mesmo quando estavam oficialmente juntos, R. mantinha casos com outras raparigas. Julgam que a J. se importava? Fechava os olhos e tolerava, com pontuais provocações às rivais, com a ajuda de amigas tão tontas como ela (que em vez de lhe abrir os olhos torciam para que tudo “acabasse bem”) e uma explosão uma vez por outra. Sabotou-lhe vários novos namoros em cada interregno, mas nunca procurava sair com outros rapazes –  esperava e desesperava, como se não houvesse mais homens à face da Terra. Quando R. tentava pôr fim à situação de uma vez por todas ela fazia cenas, ora de histeria e perseguição em público, ora de chantagem emocional. Porque estava doente, porque tinha gasto a sua juventude naquele namoro (por culpa de quem?) e ele tinha obrigação de casar com ela, porque mais nenhuma teria  a mesma paciência para as liberdades, facadinhas e indiscrições dele. Complementava tudo isso com uma abjecta solicitude, com a comédia ” eu estou sempre aqui para ti” e muita, muita graxa. Quando tudo isso falhava recorria aos pais, que tinham algum poder económico, para aumentar a pressão: ai, que o papá dá-nos isto e aquilo, nem precisas de trabalhar, é cama, mesa e roupa lavada de graça, e por aí fora. O caso era motivo de chacota e toda a gente esperava para ver o desenrolar da tragédia que era, aliás, totalmente previsível: R. não era mau rapaz, mas pecava por fraco e doidivanas. E o que tinha de suceder sucedeu. Após uma fase tempestuosa, J. conseguiu finalmente arrastar R. até ao altar. Quis uma grande festa para inglês ver – e para fazer inveja às amigas, como é apanágio de mulheres que adoram marcar território. Eram dois seres totalmente alheados um do outro que ali estavam a dar aquele passo perante Deus e os homens, mas isso pouco importava. Ele não a amava…e depois? Tinha levado a dela avante. Deu um grande suspiro de alívio, como quem diz “ganhei” ou como quem leva o cordeiro para o holocausto, depois de o ter perseguido monte abaixo, monte acima, anos a fio…a Lua de Mel deve ter sido digna de registo!      Uma vez casados, todas as máscaras caíram, todos os ressentimentos vieram à tona. Ele sentia-se coagido e encurralado e se a atracção já não existia, não foi o Sacramento do Matrimónio que a despertou: em breve voltou à sua vida de bon vivant, dez vezes pior do que antes; agora que tinha o título de marido, não precisava de estar com cerimónias. Ela tinha conseguido o seu objectivo, não podia exigir mais nada dele. Quanto à esposa, agora que já não necessitava de tentar agradar (o bom e velho “já me casei!”) deixou transparecer toda a raiva acumulada ao longo de anos e anos de humilhações e desfeitas. Como podem adivinhar, foi o inferno na terra e poucos dias durou. Tantos anos investidos para um casamento relâmpago; a “vitória” foi de pouca duração. A mim, que fui educada no antigo costume “quando um homem quer uma mulher, não há nada que o detenha” e “aquilo que tem de ser nosso, às nossas mãos vem parar” não consigo entender estas mulheres sem vida, nem amor próprios. É um mistério a ser urgentemente explorado pela antropologia, pela psicologia, e sabe-se lá que outras disciplinas possam ser úteis para analisar o fenómeno…

Autoria: Imperatriz Sissi

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