Na sala da investigadora Maria Manuel Mota, acumulam-se prémios de instituições prestigiadas como a European Research Council e o Howard Medical Institute. No dia 13 de dezembro, ela recebeu mais um reconhecimento: o Prémio Pessoa 2013, uma iniciativa do Expresso e da Caixa Geral de Depósitos que distingue todos os anos personalidades da cultura, artes e ciência.
A honraria foi concedida graças aos esforços da investigadora em estudar, tratar e prevenir a malária, uma doença que infectou 207 milhões de pessoas em 2012, segundo a Organização Mundial da Saúde.
Para Maria Manuel Mota, esta distinção é especial, pois representa um reconhecimento da sociedade portuguesa. Por outro lado, também muda a forma como as mulheres são vistas no meio científico: “As mulheres têm pouca representação na ciência. Isso tem que mudar. Vencer este prémio mostra às jovens que é possível”. Aos 42 anos, Maria Mota tornou-se também a mais jovem personalidade a receber o Prémio Pessoa.
Formou-se em Biologia na Universidade do Porto, cidade em que nasceu. Seguiu-se um mestrado no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar. Sabia que queria ser investigadora, mas ainda não tinha um objecto de pesquisa. Foi quando fez um módulo sobre Parasitologia, no Instituto de Medicina Tropical, que se apaixonou pelo tema da malária. Foi convidada, então, para terminar o mestrado em Londres, onde começou um doutoramento no National Institute for Medical Research, e lá permaneceu por 4 anos. Só regressou a Portugal, depois de concluir um pós-doutoramento na Universidade de Nova Iorque.
Nos dias que correm Maria Manuel Mota divide a atenção entre as pesquisas no Instituto de Medicina Molecular de Lisboa, o marido e as duas filhas, de 7 e 11 anos. “Conciliar o lar com o trabalho é um problema que não tem a ver com o sexo. Se eu fosse homem também teria que saber conciliar as duas coisas”, afirma. A investigadora garante que ela e o marido, que tem a mesma profissão, dividem os afazeres domésticos. “Acho que homens e mulheres têm o direito de fazerem tudo o que desejarem fazer.”
Em 2008 a cientista foi distinguida com o Prémio Mulher ACTIVA pelo seu trabalho na Associação Viver a Ciência que fundou para divulgar o trabalho de pesquisa contra a malária.