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Portugal é o sexto país mais velho do mundo. No fim do século, terá menos 4 milhões de habitantes, segundo o Instituto Nacional de Estatística. Temos cada vez menos filhos, por várias razões, mas há quem não os tenha por escolha consciente. Problema: não ter filhos numa sociedade onde as crianças são preciosas e endeusadas é muitas vezes visto como uma atitude egoísta. Então andam pais e mães a ter vidas sacrificadas para que outros tenham uma rica vida apenas porque não querem a chatice de ter crianças? 

“Em Portugal, acham estranhíssimo que não se queira filhos”, concorda Júlia Henriques, 39 anos, assistente comercial. “A única razão válida, além das desgraças biológicas, é viver-se para a profissão. Se não temos filhos mas também não somos executivas de topo, somos umas inúteis.”

“Nunca gostei especialmente de crianças”, explica Alice Matos, 55 anos. “Gosto muito de algumas, mas apesar de serem crianças e não automaticamente porque o são. Nunca senti o ‘apelo’ da maternidade, o desejo de ‘fabricar as minhas próprias pessoas’, como diz o Seinfeld.” A nossa sociedade é intolerante para quem não tem filhos? “Claro que sim. As pessoas geralmente só admitem que não se tenha filhos por qualquer razão do tipo, ‘não posso, não tenho dinheiro, não tenho marido’. Mas também acho que não se respeita quem não tem filhos no sentido em que as pessoas que os têm os impõem como se eles fossem também um pouco nossos, só por sermos da mesma sociedade e da mesma espécie. Como se os filhos de uns fossem os filhos de todos apenas porque as crianças são o futuro e todos tivéssemos de aturar as suas birras.”

Alice ouve algumas ‘bocas’, sim. A mais irritante: “Que um dia me vou arrepender, quando não tiver ninguém para cuidar de mim na velhice. Como se os lares não estivessem cheios de velhos abandonados por filhos intensamente desejados.” Não nega um certo egocentrismo, mas diz que não vê nada de mal nisso: “A mim parece-me mais egoísta ter filhos só porque é suposto. Se muita gente que eu conheço não tivesse tido filhos, este mundo seria bem melhor.”

“SERIA UMA MÃE  MUITO ANSIOSA”
Não ter filhos porque não se encontrou a pessoa certa ou os anos passaram, é comum. Mas porque não ter filhos quando se vive em casal e se tem uma relação estável? “Nunca tive instinto maternal”, conta Rita Alves, 39 anos, professora. “Tomava muitas vezes conta do meu irmão mais novo, e tinha uma visão muito pouco cor-de-rosa da maternidade. No entanto, estava convencida que quando chegasse aos 30 anos o meu relógio biológico despertaria.” Nunca despertou. Entretanto casou, mas a questão dos filhos foi sendo sempre adiada. “Aos 37 anos, senti que era agora ou nunca. Por esta altura, o meu marido tinha perdido completamente a vontade de ser pai. E não estando nenhum de nós entusiasmado com a ideia, decidimos que não os teríamos.”

Quando lhe perguntam porquê, a resposta não é imediata. “Penso que seria uma mãe ansiosa…” Podia evocar motivos financeiros, mas não o faz: “Quando há vontade genuína de ser pai ou mãe, isso resolve-se sempre. Eu costumo dizer que é um ‘egoísmo consciente’. Não estou preparada para dar a uma criança aquilo de que ela precisa de forma alegre e feliz, sem sentir que estou a perder algo. Considero muito mais egoísta as pessoas que têm filhos para os outros educarem. Têm porque é bonito, porque a sociedade assim o dita, porque acham que devem.”
A mãe aceitou menos bem a decisão. “Diz sempre ‘pelo menos um…’. Sei que as nossas mães gostariam muito de ser avós, mas não vamos fazê-las felizes apenas por esse motivo.”
Pensa às vezes que se pode arrepender no futuro, sim. “Tenho receio de me arrepender de não ter tido filhos. Mas tenho ainda mais medo de me arrepender de os ter tido.” Nota que os homens têm mais vantagem do que as mulheres neste assunto: “A vida muda, as circunstâncias mudam. O meu marido pode mudar de ideias e sentir de repente uma grande vontade de ser pai com outra pessoa, e vai sempre a tempo. As mulheres não podem pensar: ‘Se mudar de ideias, ainda posso ter filhos’. Não quero dizer que o meu marido pensa desta forma, só digo que a natureza lhe permite mudar de rumo. A mim, não.”

“VIVEMOS UM PARA O OUTRO”
Mas será isto uma questão cultural? Aparentemente não: em Inglaterra, o mesmo problema está a ser discutido. “Todas as críticas contra a ‘boa vida’ das pessoas sem filhos contrariam   tudo aquilo em que acreditamos’, nota o jornalista inglês Janan Ganech, do ‘Financial Times’ (ft.com). “Todo o percurso das sociedades liberais do ocidente é a luta pela primazia do indivíduo. Por isso é que condenamos a discriminação baseada na raça, género, religião. Nestes termos, é ilógico e perverso condenar quem escolhe uma vida sem crianças.”

De qualquer maneira, os portugueses em Inglaterra parecem não sentir tantas críticas ao seu modo de vida. Cristina Silva, 42 anos, investigadora, mudou-se há um ano para Londres, onde mora com o namorado. “Aqui, em Inglaterra, as pessoas com filhos têm imensas regalias em termos de benefícios sociais para incentivar o nascimento de crianças”, explica. “Mas uma mulher que não queira filhos não é minimamente malvista.” 

Para Cristina, a questão dos filhos arrastou-se durante anos: “Precisava de uma estabilidade económica que nunca tive e que continuamos a não ter. Por isso, eu e o meu namorado começamos a pensar seriamente em pôr de lado a hipótese de ter filhos, e para nós isso nunca foi um drama: vivemos em harmonia, temos muitas coisas em comum e a vida a dois e o convívio com os amigos basta-nos.”
A pressão vem mais do lado… português: “Os meus pais nunca me pressionaram, apesar de eu ser filha única. Sempre me incentivaram a ter a minha estabilidade financeira, mas não a ter filhos. Quem me chateia? As minhas tias! (risos). É uma pressão arrasadora. Mas para as mulheres da geração delas, como não trabalhavam fora de casa, ter filhos era quase um dever social. Hoje em dia as coisas já não são assim. Acho que se vivesse em Portugal a pressão seria muito pior. E depois há uma rivalidade tão grande entre as mães, criticam-se tanto umas às outras, que eu não me importo nada de não entrar para esse clube!”

“ESTÁ TUDO BEM COM O SEU MARIDO?”
Noutras sociedades mais a oriente, a ausência de filhos é criticada. Bem-vindas ao Dubai, onde mora Filipa Soveral, 39 anos, casada com Joaquim. “No Dubai, sinto exatamente as mesmas críticas que sentia em Portugal”, conta Filipa. Não ter filhos foi uma decisão consciente e discutida por ambos diversas vezes. Filipa é gestora de desenvolvimento comercial numa grande empresa. “Escolhi não ter horários, ser uma profissional altamente dedicada à minha carreira e poder viajar sem preocupações. Eu e o Joaquim já mudámos de país duas vezes em menos de um mês, o que não seria possível com filhos. Não ligo absolutamente nenhuma a críticas e ninguém se atreve a pressionar-me. Os que tentaram com “a tua mãe ficava com a vida mais preenchida com um neto, gosta tanto de crianças” arrependeram-se. Gostamos de acordar quando nos apetece, ir à praia e ficar horas a dormir ao sol, etc… E o nosso amor é suficiente para nos sentirmos felizes e realizados.”

A decisão de um jovem casal não ter filhos, no Dubai, é malvista. “Quando digo que não sou mãe ficam chocados, mas depois encaram-no como uma diferença cultural. Antes de tirar a carta de condução, tinha longas conversas com taxistas muçulmanos, e eles achavam incrível como é que eu encarava uma vida sem filhos, já que são eles que dão continuidade ao nosso nome. Acabavam por encolher os ombros, inconformados por não me fazerem mudar de ideias.”
Nem no médico Filipa escapa à pressão: “Uma vez, fui à ginecologista e tive de fazer testes hormonais. Quando fui saber os resultados, ela diz-me: ‘Está tudo bem com as suas hormonas.’ Fiquei satisfeita, mas ela ainda não terminara: ‘Está tudo bem com o seu marido?’ Eu, espantada, sem perceber. ‘Sim, passa-se alguma coisa para que vocês não tenham filhos?’ O que eu defendo é que mais vale não ter filhos do que tê-los e eles viverem em casa dos avós ou culpá-los pelo divórcio dos pais…” 

“CLARO QUE ME ARREPENDI”
Temos 40 anos e a decisão está tomada: não teremos filhos. E depois? Será que não vamos arrepender-nos? Afinal, como dizia Rita Alves, as circunstâncias mudam e nem sempre se deixa de ter filhos porque não se tem ‘instinto maternal’… “Sempre quis ser mãe, sempre foi o maior sonho da minha vida, mas nunca encontrei a pessoa certa”, conta Joana Teixeira, 46 anos. “Sei que parece um cliché, mas é verdade. A minha primeira relação durou cinco anos e acabou mal. O meu ex-marido não queria crianças, e eu acabei por concordar. Arrependi-me imenso disso. Quando me divorciei, o sonho acabou de vez, porque é difícil encontrar homens que queiram filhos. Simplesmente, eles não percebem que as mulheres têm prazo de validade. Acabei por ir adiando a decisão à espera da pessoa com quem pudesse construir um lar estável, e isso acabou por não acontecer.”

O facto de o irmão ter filhos não fez diminuir a pressão familiar: “A minha mãe adoraria ter netos meus. Não por uma questão biológica, mas porque as mães exercem sempre mais poder sobre os filhos das filhas que sobre os filhos dos filhos (risos). Em minha casa ela podia vir, mudar o sítio às coisas, mandar bitaites sobre a educação das crianças, dizer ‘ai que mal vestidos’. Em casa do meu irmão não faz isso.”
Pensou fazer inseminação artificial, mas acabou por desistir. “Sei que há quem o faça e tenho por essas mulheres uma admiração sem limites. Mas era uma responsabilidade muito grande: é outro ser humano que está em jogo. Acho que são precisas duas pessoas para criar uma criança, não necessariamente pai e mãe, e eu não tenho a segunda. Irrita-me quando me dizem ‘Ai se fosse mesmo um grande sonho ias para a frente’. Se fosse um sonho que só me envolvesse a mim, sem dúvida. Nunca fui medrosa. Mas envolvendo outra pessoa, penso duas vezes.”

“A LIBERDADE É UMA DÁDIVA PRECIOSA”
Claro que há quem tenha tomado a decisão e não esteja nada arrependida: “Quando tinha 7 anos, dizia que queria ter uma casa, um carro e um casaco de astracã (risos)”, lembra Lurdes Vasconcelos, 77 anos. “Casei com 21 anos. Sempre achei estranho que as escolhas mais importantes da nossa vida – com quem casar, que carreira seguir, ter ou não ter filhos – se façam numa altura em que ainda não estamos em condições de escolher nada. Depois passamos o resto da vida a emendar as asneiras que fizemos.”

O marido queria muito ter filhos, aliás achava que a única missão da mulher era essa. Lurdes queria era trabalhar e ser independente. “Esta mulher faz tudo o que eu não quero”, queixava-se ele. “Porque é que eu não casei com uma mulher submissa?” O pai de Lurdes saiu de casa quando ela tinha 11 anos. “Hoje, um divórcio é trivial, mas na altura foi muito complicado. Tiraram-me do colégio, e a minha irmã, que já trabalhava, disse logo que não me sustentava. Assim que pude, fui ganhar a vida. Mas o meu marido era muito parecido com o meu pai em termos de infidelidade, aliás, separei-me aos 33 anos e nunca quis crianças que passassem pelo tipo de instabilidade que eu passei, para serem usadas como bolas de arremesso, como eu fui.”

A mãe nunca teve netos, porque a filha mais velha também não teve filhos. “Nunca me confrontou com isso, porque era uma mulher criada para não causar conflitos. O máximo que a ouvi foi murmurar: “Por este andar, nunca vou ter netos…”

E não teve. Lurdes nunca se arrependeu dessa decisão. “Aliás, quero dizer às pessoas que não têm filhos e têm pena, que usem bem a fantástica liberdade que é não os ter. Não ter filhos dá-nos espaço para fazer muito mais da nossa vida, e isso é uma dádiva preciosa.” 

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