*artigo publicado originalmente em dezembro de 2017
PONHA-SE no lugar do outro
É o principal objetivo de comprar um presente: pensar nos outros. A razão por que nos stressa tanto são duas: primeiro, porque não estamos habituadas a pensar nos outros. Segundo, porque os outros geralmente são muitos. Terceiro (afinal havia outra) porque desgraçadamente ainda não foi desta que acertámos no Euromilhões e portanto não temos milhões de euros para gastar. Dito isto, voltamos ao primeiro mandamento: pôr-se no lugar dos outros. Quer dizer, mesmo que você adorasse receber um conjunto de massagens num spa, não o ofereça a alguém que já sabe que nunca lá vai pôr os pés.
Seja paciente
Toda a gente já passou pelo momento de desespero que é o absurdo de gastar muitíssimo mais tempo a matar a cabeça para descobrir o que é que se dá à tia Ifigénia do que o tempo que se gasta a pensar na mãe, que sabe perfeitamente o que é que quer. Tome isso como um TPC do Natal… Não é agradável, mas temos que o fazer porque, também ninguém sabe porquê, é muito bom para nós.
Esteja atenta
A maioria das pessoas passa a vida a falar daquilo que gostava de ter. Claro que se for o TGV ou o George Clooney, há poucas hipóteses de lhes poder realizar o sonho, mas é questão de estar atenta. Isto é ainda mais fácil se for alguém com quem costumamos ver televisão…
Faça uma lista sensata
Muitas pessoas acabam por verificar que já têm pouco para gastar com o marido, o filho, a mãe e o rotweiller e, portanto, reduzem a lista a estes essenciais e está o assunto arrumado. Infelizmente isto não cumpre a alínea 1, ou seja, o Propósito Espiritual do Natal, que é o de nos alertar para a presença de outras pessoas na nossa vida. Não tem de se arruinar para se alertar: compre aquilo a que as nossas avós chamavam ‘uma lembrança’: um lápis, uma flor, um postal giro.
Saiba a quem perguntar
Não, não é à própria pessoa. Só as crianças e os adolescentes é que respondem imediatamente aquilo que querem (aqui convém perguntar primeiro aos pais, porque os mais pequenos tendem a andar auto-hipnotizados e pedem a mesma coisa a toda a gente). O resto das pessoas faz aquele número de dizer ‘ai não te preocupes com isso, qualquer coisa para mim serve’, e a pessoa em desespero e com vontade de lhe espetar um par de bandarilhas porque já correu o equivalente à Maratona de Chicago dentro do Colombo e não encontrou nada, e a insistir quase em lágrimas ‘ó tia, por amor de Deus, diga-me o que é que quer, seja o que for, mas dê-me uma pista, uma pistazinha!’ e nada. Solução: não pergunte às próprias, pergunte a alguém que as conheça bem. Se não está ao pé delas para as ouvir dizer ‘ai tanto que eu queria que me oferecessem o George Clooney!’ pergunte a quem esteja.
Não ‘encomende’
‘Eu dou-te 30 euros e tu compras’: é o método típico de 90% dos homens, que encarregam as mulheres/mães//secretárias de comprarem os presentes que eles depois oferecem com um sorrisinho nos lábios, recebendo os agradecimentos efusivos com tanta emoção que às vezes até eles próprios se esquecem de que não foram de facto eles a comprar nada… Mas os homens não são os únicos a comprar por encomenda. Quem é que, numa situação de desespero, nunca ligou à mãe e pediu ‘ai por amor de Deus, arranja-me aí qualquer coisinha para a tia Mafalda que me esqueci completamente dela e se me vou meter no Corte Inglés a uma hora destas não saio de lá viva’! Mas uma coisa é fazer isto esporadicamente, outra por sistema. Não reduza o Natal ao seu desespero. Não encarregue outra pessoa de sofrer por si. Se Cristo lavou os Compre sem sair (muito) do lugar
Se não tem muito tempo para compras, há presentes que se podem comprar no mesmo sítio: livraria, perfumaria, lojas gourmet… Descubra quantas pessoas gostam de ler, quantas pessoas gostam de bijutaria, quantas pessoas gostam de petiscar (geralmente os homens incluem-se todos nesta categoria) e poupe tempo e maratonas. Não sabe que livros eles têm? Fuja dos tops e dê-lhes qualquer coisa menos óbvia.
Dê dinheiro… ou não
Imagine um Natal em que toda a gente dava dinheiro a toda a gente… Esse não é o objetivo, pois, já sabemos, mas às vezes faz jeito tanto a quem dá como a quem oferece… Se não pode escapar, personalize a oferta: arranje um cartãozinho giro, qualquer coisa onde pôr o dinheiro, faça um embrulho engraçado.
Seja original… mas não de mais
Não compre um canário para a Joana que anda sempre em viagem, nunca está em casa, e quando chegar de Buenos Aires já o bicho está a dançar o tango no outro mundo. Não ofereça uma fantástica ‘experiência’ de passeio de balão à sua avó que tem pânico de alturas, nem chocolate branco recheado de caramelo à prima Anita, que está em dieta radical. Não tente ‘converter’ ninguém. Tem o resto do ano para isso. Agora é altura de Paz & Amor.
Não entre em pânico
Como toda a gente sabe, o pânico é sempre mau conselheiro. Se só acordou para a realidade na tarde de 24, é difícil não entrar em pânico, por isso tente ‘acordar’ um bocadinho mais cedo. Até porque o pânico dos outros, como todas as emoções, é terrivelmente contagioso.
Recrute ajuda
Há pessoas que nasceram para fazer compras. Se conhece alguém assim, leve-a a reboque: vai poupar tempo e dinheiro. Ao contrário, fuja daquelas muito picuinhas que passam três horas ao espelho antes de comprarem as malditas calças (e geralmente não as compram).
Ofereça um presente coletivo
A união faz a força, e faz também o presente perfeito para quem não pode gastar balúrdios. Em vez de oferecer mais uma gravata ao seu pai, junte-se com amigos e família e ofereçam-lhe o LCD com que ele sempre sonhou.
Espere pelos saldos
Não é muito natalício, mas às vezes compensa esperar uns dias e comprar aquilo que quer a metade do preço. Claro que isto não se pode fazer com as tias e as crianças, para quem Natal é mesmo a consoada, mas há adolescentes que não se importam nada de receber um blusão de cabedal a 27 em vez de uma camisola de lã a 24.