Ao longo da vida, conhecemos várias pessoas em diferentes contextos e, enquanto muitas delas apenas vemos uma vez, outras sentimos vontade de voltar a encontrar. Para tal acontecer, temos de decidir se aquela pessoa gostou o suficiente de nós para querer estar connosco novamente. O problema é que a maioria das pessoas não é assim tão sábia a fazer esse julgamento.
O professor de psicologia Art Markman citou o resultado de vários estudos publicados em novembro de 2018 na Psychological Science, nos quais foi analisada, precisamente, a forma como víamos os outros e como achávamos que estes nos viam a nós. Nestes, um grupo de estranhos tinha uma conversa entre 5 a 45 minutos e, no final, classificava o quanto tinham gostado do outro e o quanto achavam que este tinha gostado deles mesmos.
Se, por um lado, os resultados mostraram que a maioria das pessoas acertava quando dizia que o outro tinha gostado deles, subestimavam o quanto estes tinham, verdadeiramente, gostado. E os especialistas denominaram este fenómeno como liking gap – no fundo, uma lacuna entre os “níveis” de gostar, segundo a nossa perspetiva e a do outro.
Uma das investigações acabou por ir mais longe, analisando o quanto estes resultados se alteravam quando as pessoas se conheciam há mais tempo. A verdade é que, quanto mais longa a relação, mais realista era a perspetiva do quanto uma pessoa gostava da outra.
Mas, afinal, porque é que isto acontece?
Num dos estudos, as conversas foram filmadas e pessoas “de fora” conseguiram avaliar corretamente o quanto os intervenientes na conversa gostavam um do outro, apenas analisando a sua postura e gestos. Ou seja, as pessoas que estavam a conversar também conseguiam ver tudo isto, simplesmente ignoravam esse tipo de informação não verbal
Houve também um estudo a analisar os pensamentos que cada um ia tendo ao longo da conversa – e o número de ideias negativas que surgiam acabava por prever quão grande seria a liking gap. Ou seja: temos tendência a dar maior ênfase aos pensamentos que nos dizem que aquela conversa não está a correr bem, o que nos leva a pensar que o outro não vai gostar de nós.
No fundo, estes resultados têm como principal objetivo encorajar-nos a mudar a nossa perspetiva e darmo-nos o benefício da dúvida quando conhecemos outras pessoas. Afinal, o estudo provou que, mesmo quando achamos que uma conversa correu mal, as probabilidades de termos causado uma boa impressão são grandes.