A necessidade de adotar uma alimentação saudável implica a introdução de novos hábitos na nossa vida quotidiana, que passam necessariamente por alterações nas escolhas que fazemos nas prateleiras dos supermercados e uma atenção redobrada aos nutricionais – presentes nos rótulos – que devem ser sempre considerados.
Tendo como pano de fundo a preocupação do Continente em reduzir a quantidade de sal, açúcares e gorduras nos produtos da sua gama, falámos com a conceituada chef Anna Lins sobre um tema atual e de como é possível mudar o que comemos sem ter de abdicar do sabor na nossa alimentação.
- Em Portugal, é comum dizer-se que ‘abusamos’ do sal. Corrobora esta afirmação
R: Sim, tem se feito nos últimos anos um grande esforço a nível da indústria e da comunicação no sentido de os portugueses perceberem que têm de reduzir o sal, mas ainda temos um caminho a percorrer.
- Reduzir o sal significa necessariamente que a comida fica menos saborosa?
R: Não, de todo, o paladar habitua-se muito rapidamente à redução do sal, de início é difícil, mas totalmente superável.
- Pode indicar-nos uma forma simples de ‘substituir’/reduzir o papel do sal na cozinha?
R: A redução deve, a meu ver, ser acompanhada com o incremento de ervas e especiarias.
- Na questão do açúcar, há outras formas de adoçar os nossos doces e sobremesas, menos calóricas e prejudiciais para a saúde. Pode dar-nos alguns exemplos?
R: Podemos utilizar fruta, especialmente fruta seca como passas, ameixas, alperces, tâmaras. Mas acima de tudo reduzir o consumo dos doces para momentos especiais, como fim de semana, festas, etc.
- E partilhar uma receita simples de um doce… que se pode tornar ‘menos doce’ em termos da quantidade de açúcar usada?
R: Desenvolvi para diabéticos umas farófias em que uso stevia nas claras em castelo e o creme do ovo tradicional é feito com o leite onde cozemos as farófias, puré de maçã e um pouco de açafrão das Índias para dar o tom amarelo dos ovos, mas sem acrescentar sacarose.
- No caso das gorduras, quais a privilegiar quando estamos a cozinhar?
R: Sem dúvida, as gorduras insaturadas, especialmente o azeite. Apesar disso a quantidade também tem de ser controlada, sem exageros.
- Em termos de oferta no mercado, o que tem vindo a mudar nos últimos tempos e como se insere nesta preocupação do Continente de reduzir a quantidade desses ‘elementos’ nos seus produtos?
R: Neste momento todos os stakeholders já estão a trabalhar para um objetivo comum, tanto o Estado com as legislações específicas sobre alimentação, como grandes retalhistas como a Sonae MC e o Continente que já vêm a desenvolver há anos estratégias para acompanhar a mudança e serem eles a força de proposta. Eu, como profissional da área da alimentação, tento facilitar a ponte entre o propósito do produto e como o consumidor o pode aplicar no seu dia a dia.
Com a preocupação de facilitar o acesso a produtos nutricionalmente mais saudáveis, nomeadamente fruto dos investimentos realizados no desenvolvimento da Marca Própria e que permitiram fortes avanços no âmbito da Alimentação Saudável – durante o ano de 2019 foi melhorada a composição nutricional de mais de 60 artigos da marca Continente, e foram reduzidas 45 toneladas de sal, em produtos como batatas fritas, polpas de tomate e sopas; 200 toneladas de açúcares em iogurtes líquidos e bolachas e 25 toneladas de gorduras em iogurtes gregos. Este é um trabalho de melhoria contínua em que o Continente continuará a apostar em conjunto com os seus parceiros, sejam Fornecedores, Centros de Investigação, Universidades e até os próprios Clientes, muitas vezes convidados a testar produtos antes do seu lançamento.