Tratamentos de beleza? Shots de adrenalina? Jantares à luz das velas? Aventuras e descobertas de recordação eterna? Também a Fome, a Sede, o Medo ou o Exílio podem ser consideradas experiências, mas aquilo que separa um grupo do outro é a vontade de as viver.
É sob esta lógica que a Plataforma de Apoio aos Refugiados (PAR) lança os packs Anti-Experiência, uma oportunidade para todos poderem ajudar quem vive em Cabo Delgado, Moçambique, e que por isso não sabe o que o amanhã reserva. Os Anti-Experiência já estão à venda em 12 lojas físicas e online da FNAC, mas também no site oficial do projeto.
Em parceria com o Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS), a UNICEF e a Caritas, a PAR procura sensibilizar a sociedade para o apoio de que precisam as vítimas dos constantes ataques terroristas em Cabo Delgado. Trata-se de uma iniciativa de angariação de fundos, cujos resultados servirão para garantir ajuda humanitária àqueles que fogem do perigo a que as suas vidas são expostas diariamente.
Desde 2019 que ocorrem ataques em Cabo Delgado. Os últimos foram concentrados em Palma, ao norte de Pemba. A cidade foi tomada por rebeldes que se apresentavam como Al-Shabaab, sobre os quais os militares moçambicanos pouco conseguiram fazer. Desde então que milhares de pessoas foram obrigadas a fugir a pé das suas casas para cidades vizinhas. Existem agora mais de 800.000 deslocados internos em Pemba e arredores, mas também mais a sul, na província de Nampula.
Traduzindo o conflito de Cabo Delgado em números, sabe-se que 50.000 crianças estão atualmente em alojamentos temporários e necessitadas de bens essenciais; cerca de 51 crianças foram raptadas no último ano nas zonas de conflito; 2.852 pessoas morreram vítimas do conflito em Cabo Delgado; 900.000 pessoas estão em situação de emergência alimentar em Cabo Delgado; mais de 1,3 milhões de pessoas foram afetadas pela violência na Província do Norte de Cabo Delgado
O preço de cada Anti-Experiência varia consoante a ajuda que cada um quiser dar: entre 20€ a 50€, sendo que o valor será revertido para a causa de Cabo Delgado.
André Costa Jorge, Coordenador da Plataforma de Apoio aos Refugiados, lembra que “estamos a falar de milhares de pessoas que perderam tudo o que tinham e que agora se veem forçadas a começar a sua vida do zero. Não podemos ficar indiferentes ao seu desespero, são precisos gestos concretos de solidariedade que deem esperança a quem passa por tanto sofrimento”. “É preciso atuar urgentemente e apoiar quem trabalha junto da população deslocada em Cabo Delgado. Os packs pretendem, por um lado, sensibilizar para a vulnerabilidade do percurso migratório de quem foge da guerra, mas também dar aos portugueses a oportunidade de contribuírem para o futuro de muitas crianças e famílias deslocadas. Desta forma, as pessoas poderão facilmente fazer a diferença e, mesmo que longe, estar na Linha da Frente da emergência humanitária em Moçambique”, reforça o responsável.