Começou por trabalhar como fisioterapeuta, mas uma situação de saúde fez com que não pudesse continuar nesse caminho. O tempo livre em mãos fê-la explorar uma das suas paixões – os trabalhos manuais – e o amor acabou mesmo por surgir na área da joalharia. Daí nasceu a Raquel Poço Jewellery, uma marca com loja online onde Raquel explora a paixão pelas formas orgânicas e cria as suas peças, em prata e em ouro. Um projeto nacional, com assinatura de autor, que quisemos conhecer melhor.
– Como se deu a passagem da fisioterapia para a joalharia?
Trabalhava numa Unidade de Cuidados Continuados como fisioterapeuta quando tive uma lesão – ao transferir um utente, dei um ‘jeito’ e deixei de andar, fiquei de baixa clínica durante algum tempo e vim a descobrir que tenho 2 hérnias discais. Adorava trabalhar com utentes com patologia neurológica, o que na maioria das vezes é sinónimo de serem muitos dependentes. Tendo em conta a minha nova condição percebi que para o bem da minha coluna não ia poder continuar a trabalhar ali.
A minha recuperação foi através da fisioterapia e posteriormente através do pilates com aparelhos (authentic pilates). Aí descobri uma nova paixão e fiz o curso para poder ser instrutora. Assim, em vez de ajudar as pessoas na doença poderia ajudar também na saúde, de forma a diminuir dores, desalinhamentos posturais,etc.
Quando comecei a trabalhar no pilates, como tinha a oportunidade de fazer o meu próprio horário, pensei que era a altura certa para aprender trabalhos manuais, que sempre gostei mas na verdade nunca tinha desenvolvido muito. Na altura fiz workshops de “como fazer uma colher de pau”, “joalharia em cerâmica”, “tecelagem”, “cestaria téxtil”. Numas férias de verão percebi que queria aprender técnicas de joalharia, visto que me deixava intrigada de como seriam feitas as joias que eu gostava.
Foi aí que percebi que era aquilo. Queria aprender mais e mais.
– Quando é que se sentiu segura para criar a sua própria marca?
Na verdade, acho que nunca me senti segura, aconteceu tudo de forma orgânica. Comecei a fazer peças e a partir do momento em que as pessoas demonstraram interesse em comprar, percebi que queria ter uma marca, mesmo que não fosse nada de muito sério. E assim foi, tudo muito devagar e sem saber muito bem para onde ia.
– Quais os materiais com que mais gosta de trabalhar?
Gosto de trabalhar a prata, por ser um material nobre mas mais acessível do que o ouro.
– Onde vai buscar inspiração para as suas peças?
Gosto muito de observar as texturas, formas da cerâmica, da tecelagem, cestaria, vime, ráfia, madeira. Ilustrações. Conhecer outros países, culturas, paisagens. Objetos antigos. Passeios na natureza e observar as suas formas orgânicas, sejam folhas, árvores, flores, sementes. A arquitetura. O mar. Viajar, viajar, viajar.
– Que tipo de mulher compra as suas joias?
Acredito que haja uma grande multiplicidade e diversidade de mulheres nas pessoas que gostam e usam a minha marca e gosto de pensar que as minhas peças conseguem chegar a polos distintos e encaixar em diferentes personalidades e estilos. No entanto, acredito que haja valores que as unem: suponho que é alguém que dá valor ao orgânico, ao manual, e que não tem medo da imperfeição.
– Quais são os bestsellers?
Os brincos aimi foram os primeiros brincos que vendi e são um must-have até agora. Brincos katsu, pulseira naru, anel yuri e anel ume também são outras peças entre as preferidas (isto para as clientes, porque eu não consigo escolher as minhas favoritas!).
– Quais os projetos para o futuro? Para quando uma loja física?
Neste momento estou a trabalhar numa nova coleção. Uma loja física para já ainda não faz parte dos meus planos, mas tenho gostado cada vez mais de trabalhar no digital.