Elvira Fortunato é a vencedora da 34ª edição do Prémio Pessoa, uma iniciativa conjunta do jornal “Expresso” e da Caixa Geral de Depósitos que distingue personalidades portuguesas com papel significativo nas Artes, Ciência ou Cultura.
Em quase 35 anos, é a terceira vez que uma mulher cientista recebe o galardão – precederam-lhe Maria do Carmo Fonseca (2010) e Maria Manuel Mota (2013) – e a sexta em que o prémio vai para as mãos de alguém do sexo feminino. A conquista deixou Elvira duplamente feliz, conforme contou no programa da Rádio Renascença “As Três da Manhã”.
“É um prémio na área da ciência e, hoje em dia, vivemos num mundo em que a ciência é fundamental. Penso que o cidadão comum percebeu a importância que a ciência tem e a importância de investir em ciência. Em segundo lugar, o prémio foi atribuído na mesma semana em que se assinalou o Dia Internacional da Mulher”.
Licenciada em Engenharia dos Materiais e doutorada nas áreas de Microeletrónica e Optoeletrónica, Elvira Fortunato construiu uma longa e premiada carreira na investigação científica. Foi pioneira na investigação europeia da eletrónica transparente, nomeadamente transístores, memórias, baterias, ecrãs, antenas e células solares, e é considerada a “mãe” do transístor de papel.
O projeto que desenvolveu com o marido, o cientista e investigador Rodrigo Martins, iniciou um novo campo na área de eletrónica de papel e tornou viável microchips baratos e recicláveis. Por conseguinte, considera que esta foi a inovação de que fez parte que teve “impacto maior não só na comunidade científica, mas também na sociedade em geral”, afirmou no programa “Esta Manhã”, da TVI. O júri do Prémio Pessoa concorda.
“A ideia de usar o papel como um material eletrónico abriu portas, em 2016, para futuras aplicações em produtos farmacêuticos, embalagens inteligentes ou microchips recicláveis, ou até páginas de jornal ou revistas com imagens em movimento”, sublinhou o painel, num anúncio online, no passado dia 11 de março.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa já felicitou Elvira Fortunato, considerando que o prémio é “um reconhecimento merecido”, e o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, afirmou que a cientista é “um exemplo para todas as jovens sobre o papel das mulheres na ciência e no avanço das ciências e tecnologias dos materiais”.
Embora as descobertas da investigadora portuguesa tenham corrido o mundo, permaneceu em Almada – a cidade onde nasceu, cresceu, estudou e leciona na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa. Em declarações à RTP, a professora catedrática pede persistência aos jovens que queiram vingar na carreira científica e que “sigam os seus sonhos”.