Se eu tenho um “guilty pleasure” nesta vida, definitivamente é o Black Twitter!
O termo em inglês faz referência a uma espécie de subcultura que existe dentro da rede social, composta maioritariamente por utilizadores negros. Não existe um portal específico, um código secreto ou uma plataforma à parte. Tudo se resume à forma como as pessoas usam o microblogue para discutir (e chamar a atenção para) questões do interesse e que dizem respeito à comunidade negra, principalmente nos Estados Unidos.
Neste momento, um dos assuntos mais populares no Black Twitter é o romance recém-assumido entre Michael B. Jordan e a modelo Lori Harvey…. pelas razões erradas. Apesar de muitos internautas terem desejado felicidades ao novo casal, a história tornou-se viral por conta da vida amorosa de Harvey, que é filha adotiva da personalidade televisiva e Steve Harvey.
Muitos utilizadores das redes sociais mostraram-se incomodados pelo facto de a jovem, de 24 anos, avançar rapidamente para novas relações – palavras deles, não minhas – e usaram o passado de Lori como “munição”, relembrando que a socialite já namorou com o cantor Trey Songz, o piloto Lewis Hamilton, o futebolista Memphis Depay, de quem esteve noiva, e, mais recentemente, com o rapper Future.
“A Lori pertence às ruas”; “Ela é como um cigarro de marijuana. Já girou entre toda a gente” e “Lamento, mas ela está a arrastar o nome dos VERDADEIROS Harvey na lama” são apenas alguns exemplos dos comentários misóginos que tenho visto online desde que o relacionamento com Michael B. Jordan foi confirmado pelo par. Curiosamente, o historial do ator, que já teve tantos ou mais relacionamentos do que a namorada, não foi mencionado. Qual é a diferença?
Namorar é uma instituição de relacionamento interpessoal que implica a troca de conhecimentos e uma vivência com um grau de compromisso inferior aos do noivado e do casamento. É um processo que nos permite tomar decisões sobre se somos compatíveis com alguém. Se passado algum tempo, por algum motivo, chegarmos à conclusão de que a resposta é “não”, o mais natural é seguirmos em frente. Por isso mesmo, o facto de algumas pessoas sentirem que podem julgar a forma como os outros, especialmente as mulheres, decidem fazê-lo é, no mínimo, intrigante.
Segundo um estudo publicado na revista científica “Social Psychology Quarterly”, “um maior número de parceiros sexuais está positivamente correlacionado com a aceitação pelos pares dos rapazes, mas negativamente correlacionado com a aceitação pelas raparigas entre os adolescentes”. Ou seja, de acordo com o duplo padrão sexual, os homens são recompensados e elogiados por contactos sexuais heterossexuais, enquanto as mulheres são depreciadas e estigmatizadas por terem comportamentos semelhantes. Algo que fica muito evidente em casos como este.
Quer se goste ou não de Lori Harvey, uma coisa é certa: a modelo é prova viva de que as mulheres não têm de ficar em determinadas situações, particularmente quando estão presas apenas ao medo de ficarem sozinhas na vida. Para além disso, mostra-nos que não há mal nenhum em encararmos as separações de uma forma positiva, aprendermos com as experiências vividas com os ex e, claro, darmos início a um novo capítulo como, quando e com quem bem entendermos.